Você sabia que existe o PCR do câncer de colo de útero? Veja mitos e verdades sobre a doença

Foto: Miva Filho/SES-PE

Março Lilás é o mês de conscientização e combate ao câncer de colo de útero, uma doença causada pelas infecções persistentes do vírus HPV (Papilomavírus Humano), transmitido sexualmente. O câncer de colo de útero é o terceiro mais comum entre mulheres no Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma¹. E, apesar desta grande incidência, há ainda muitos mitos e verdades sobre a doença. Conheça alguns deles:

“Ter HPV é igual a ter câncer”

Mito. A possibilidade de uma infecção de HPV evoluir para câncer é pequena. “Desenvolvem o pré-câncer ou o câncer aquelas mulheres que tiverem uma infecção persistente por HPV, por determinados tipos desse vírus, e com condições imunológicas inadequadas. Na maioria dessas infecções, o próprio sistema imunológico elimina espontaneamente”, explica a Dra. Neila Speck, médica especialista em ginecologia e patologia do trato genital inferior e presidente da Comissão Nacional Especializada de Trato Genital Inferior da FEBRASGO.

“O câncer de colo de útero não pode ser evitado”

Mito. De acordo com a médica Neila Speck, essa doença é totalmente evitável, e pode ser prevenida com exames eficazes de diagnóstico e vacina.

“Existe um exame PCR para detectar o HPV que ajuda na prevenção do câncer do colo de útero”

Verdade. “Atualmente, existem testes sensíveis que detectam a infecção por HPV mesmo antes do vírus estar transformando essas células em pré-câncer ou câncer. Dessa forma, é possível saber se a mulher está em risco ou não de desenvolver a doença”, explica a Dra. Neila Speck. São testes de DNA, conhecidos como teste de genotipagem de HPV, que utilizam uma análise de biologia molecular por PCR (reação em cadeia de polimerase). O exame permite que, quando o resultado da mulher dá negativo para todos os tipos de HPV, pode aguardar cinco anos para refazê-lo².

“Esses testes de biologia molecular são iguais ao Papanicolau”

Mito. Os testes de PCR para HPV mostram se a mulher possui o vírus, e não necessariamente se já está doente. “O vírus pode estar quieto no organismo, o que chamamos de infecção latente, e nunca se manifestar. Sabemos que aquela mulher que fica com vírus latente por muitos anos pode estar em risco maior de desenvolver um câncer de colo de útero do que aquela que elimina o vírus. Então, o teste de biologia molecular é mais sensível e identifica a mulher já contaminada sem a doença. Por sua vez, o Papanicolau rastreia a presença de lesões pré-cancerosas, e não o vírus, e identifica a mulher que pode estar no começo do câncer de colo de útero”, afirma a Dra. Neila Speck.

“As vacinas também são eficazes na prevenção de câncer de colo de útero”

Verdade. Além dos exames, as vacinas também são capazes de proteger contra alguns tipos de HPV. No Brasil, a vacina está disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos e imunodeprimidos (HIV, transplantados de órgãos ou medula, oncológicos), mulheres e homens até os 45 anos – a imunização deve acontecer, preferencialmente, entre 9 e 14 anos, quando é mais eficaz, segundo o Ministério da Saúde³. Em bula, as vacinas são aprovadas para ambos os sexos de 9 a 45 anos.

“Portanto, nós temos a prevenção primária com a vacina, e a prevenção secundária com o diagnóstico precoce por meio dos testes de alta performance, principalmente os de biologia molecular. Mulheres, visitem seus ginecologistas de confiança regularmente, e façam seus exames preventivos. E pais, levem seus filhos para se vacinar. A prevenção é a melhor forma de acabar com essa doença”, finaliza a médica Neila Speck.

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