Diretor da ABM explica sobre a Tuberculose

Foto: reprodução

A chegada do mês de março coloca em destaque a tuberculose, doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e sistemas. Com o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, sendo lembrado no dia 24, é importante chamar a atenção para os sinais e sintomas mais comuns da doença, além de desmitificar o problema. 

Segundo Dados do Relatório Global Tuberculose 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2021, cerca de 10,6 milhões de pessoas contraíram a enfermidade, um aumento de 4,5% em relação a 2020, e 1,6 milhão de pessoas morreram em virtude da tuberculose.

Em 2020, o Brasil registrou 66.819 novos casos, sendo, portanto, o segundo país do mundo com mais registros, segundo a OMS.

O Ministério da Saúde coloca a tuberculose como um sério problema de saúde pública, com profundas raízes sociais. De acordo com o Ministério, todos os anos são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem cerca de 4,5 mil mortes em decorrência da doença.

O pneumologista e Diretor de Assuntos de Saúde Pública da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. Guilhardo Fontes Ribeiro, explica que, nos casos de tuberculose, a tosse é um dos sinais mais comuns. “Ela apresenta sintomas semelhantes aos da pneumonia, fato que pode causar confusão no momento do diagnóstico”.

A doença ocorre por conta de uma bactéria, a Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, que é altamente contagiosa e propagada de forma aérea.

Sua contaminação ocorre a partir da inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, seja durante a fala, espirro ou tosse de pessoas com a doença ativa, que lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos”, explica o especialista.

Diante deste cenário, para contar com um diagnóstico correto, é necessário considerar o tempo que os sintomas levam para se tornarem mais graves. “Em casos de tuberculose, os sintomas podem demorar até mesmo semanas para que o quadro piore e seja necessário recorrer à ajuda médica”, afirma Dr. Guilhardo.  

Diagnóstico

Dessa forma, para se obter um diagnóstico da doença, existe a baciloscopia direta do escarro, que é o método principal para a detecção do problema. A baciloscopia é também de suma importância para o controle do tratamento, por permitir a descoberta das fontes de infecção.

“O diagnóstico também pode ser feito através de um teste rápido molecular, além da cultura para micobactéria, e de forma complementar, por imagem, por meio da radiografia do tórax”, reforça o pneumologista.

Ele explica que a identificação da tuberculose se torna ainda mais difícil, sobretudo em pacientes diabéticos, pessoas com insuficiência renal crônica, idosos, pessoas com problemas hepáticos ou portadores do vírus HIV. Essa dificuldade no diagnóstico acontece porque elas podem apresentar quadros atípicos, fato que dificulta o rastreamento.

“É importante destacar ainda, que o diagnóstico clínico pode ser considerado, diante da impossibilidade de se comprovar a tuberculose através de exames laboratoriais. Nesses casos, o diagnóstico deve ser associado aos sinais e sintomas, além do resultado de outros exames complementares, como de imagem e histológicos”, diz o especialista.

Tratamento

Já o tratamento da doença, que pode durar seis meses ou um ano, é feito à base de antibióticos e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Dr. Guilhardo Fontes Ribeiro.

Segundo ele, uma das principais dificuldades no combate à tuberculose é a falta de adesão ao tratamento, isso porque o mesmo é longo e apresenta resultados rápidos. Desta forma, alguns pacientes deixam o tratamento de lado, o que acaba por provocar o desenvolvimento de uma forma da doença mais resistente aos medicamentos, conhecida como tuberculose multirresistente.

“A tuberculose tem cura quando o tratamento é feito de forma adequada, até o final. Dessa forma, uma das principais estratégias para promover uma maior adesão ao tratamento é o Tratamento Diretamente Observado (TDO), que consiste em observar a tomada do medicamento pela pessoa com tuberculose sob a observação de um especialista”, explica.

Preconceito

Por fim, Dr. Guilhardo também falou sobre o preconceito e a discriminação sofrida pelo público que é diagnosticado com a tuberculose. Para ele, esse é um fator que complica, inclusive, a busca por tratamento.

“Quem teve ou tem tuberculose se sente muito discriminado. Muitos entram em depressão quando descobrem a tuberculose, por conta do diagnóstico, porque acham que é algo de outro mundo. Já ouvi pessoas dizendo que preferem ter um câncer, do que tuberculose, porque com a tuberculose, as pessoas se afastam”, afirma.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Close