Seletividade alimentar: o que você não come?

Foto: Freepik

Restrição a alguns alimentos é comum em crianças, mas também pode acometer adultos. Segundo especialista, a falta de certos alimentos acarreta problemas de saúde
 

A cena é comum: durante uma situação ou conversa informal, descobrimos que um amigo, parente, ou filho de um conhecido não come determinado alimento. Cebola, salsinha ou coentro, ovos, azeitona, cogumelos, determinadas texturas… É o chamado “Transtorno alimentar seletivo”. Mas à medida que essa lista de alimentos não consumidos fica muito longa e a lista de alimentos aceitos fica muito restrita podem acontecer deficiências importantes de nutrientes no organismo da pessoa, além de problemas sociais e de relacionamento.
 

SELETIVIDADE COMEÇA NA INFÂNCIA
 

Segundo a professora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, Roberta Mericy, a recusa por determinados alimentos começa na infância. “É muito comum que crianças pequenas rejeitem alimentos e façam cara feia para legumes ou verduras, por exemplo. Mas nem precisa ser criança: muitas pessoas continuam repetindo esse tipo de comportamento na fase adulta”, diz Roberta.
 

Para a professora, esses comportamentos podem estar relacionados à falta de conhecimento e experimentação da criança a determinadas texturas, cores e sabores. Para amenizar esse quadro, pais e responsáveis devem introduzir alimentos diferentes no cardápio, de forma gradual e oferecer novamente o alimento que foi rejeitado. Estudos revelam que a criança tende a aceitar o alimento rejeitado após a décima quinta vez que for oferecido novamente, com calma, tranquilidade, criatividade e sem precisar ser uma vez após a outra.
 

Segundo a especialista, forçar a criança e o jovem a consumir alimentos como feijão, legumes ou qualquer outro alimento não é o ideal, e essa atitude pode acabar desencadeando o transtorno.
 

“Para reverter esse quadro, pais e responsáveis podem apresentar o alimento de outra forma, como por exemplo introduzir um purê de abóbora, nos casos em que a criança come purê de batata. A forma como é servida pode ser uma porta para a experimentação de outros sabores e alimentos”.
 

SELETIVIDADE NA IDADE ADULTA
 

É comum que a seletividade a certos alimentos acompanhe o indivíduo até a vida adulta. A diferença é que, na mesa de um restaurante, na companhia de pessoas com as quais não temos tanta intimidade, por exemplo, podemos tender a ter vergonha de dizer que não comemos tal alimento. Mas é possível reverter o quadro!
 

“Uma forma que pode funcionar para treinar e adaptar nosso paladar a novos sabores é combinar sabores diferentes ou complementares, dessa forma você acaba consumindo aquele alimento que não está acostumado a ingerir junto com um alimento de que gosta mais”, recomenda.
 

O QUE CARACTERIZA A SELETIVIDADE ALIMENTAR?
 

– Rejeição a determinadas texturas de alimentos: borrachudas (cogumelos, champignon, shimeji, balas gelatinosas) e gelatinosas (pudins, gelatina, geleias).

– Rejeição a alimentos que imitam determinados sons ao mastigar. Exemplo: pães e biscoitos, folhagens ou hortaliças.

– Rejeição a determinados sabores: amargo (rúcula, alcaparra), azedo e cítricos (limão, abacaxi); entre outras situações.
 

ALGUNS CASOS REQUEREM TRATAMENTO
 

Alguns indivíduos podem apresentar até ânsia de vômitos, diarreia e desconforto quando se deparam com certos tipos de alimentos. Nesses casos, cabe buscar tratamento para lidar com o problema, envolvendo profissionais como nutricionista, médico e psicólogo.
 

“Há pessoas que tem o transtorno desenvolvido na infância, em decorrência de traumas; mas pode ocorrer também por conta de alterações biológicas. E como isso pode causar problemas de saúde e deficiências alimentares, uma dieta balanceada é fundamental para manter a saúde do indivíduo. Além disso, como há pessoas que não podem consumir determinados alimentos por conta de intolerâncias a lactose ou proteínas, por exemplo, é importante buscar avaliação profissional”, finaliza.

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