No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata


Foto: Pixabay

Mês mundial de combate à doença promove ações de conscientização para homens, com incentivo à quebra de estigmas machistas sobre o exame de toque retal, essencial para o diagnóstico da doença em fases iniciais

Um dos maiores desafios no combate ao câncer de próstata é cultural: homens se cuidam menos e muitos têm preconceito em relação aos exames de rastreamento. Dentro desse cenário, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a cada 38 minutos no Brasil, um homem morre devido à neoplasia. Ainda segundo o instituto, por ser um tumor silencioso, a grande maioria dos casos é apenas diagnosticado em fase avançada.

O câncer de próstata deve atingir 65.840 pessoas até o final de 2022. Cerca de 75% dos casos atingem homens com 65 anos ou mais e a doença mata mais de 15,5 mil brasileiros todos os anos. E com o atraso ainda maior nos exames, que ocorreu durante o período da pandemia, o cenário tende a se agravar, com uma tendência no aumento de diagnóstico apenas em estágios mais avançados.

O problema, apontam médicos e especialistas, é que muitos deixaram de detectar o câncer nos estágios iniciais, quando as chances de cura são mais altas e os tratamentos menos agressivos. Por conta disso, a conscientização do Novembro Azul se mostra ainda mais importante, comenta o oncologista Paulo Lages, do Grupo Oncoclínicas. “Ações informativas e práticas que estimulem os homens a buscarem o aconselhamento para diagnóstico do câncer de próstata, o segundo mais comum do Brasil, ainda em estágio inicial são sempre importantes, mas nesses dois anos se tornaram ainda mais fundamentais por conta da pandemia”, acredita.

“A grande barreira para os homens é fazer esse acompanhamento médico de prevenção. Há grupos que precisam ficar ainda mais atentos, como aqueles com parentes de primeiro grau que tiveram a doença ou afrodescendentes devem fazer a partir dos 45 anos, por terem propensão maior ao risco de desenvolver tumores de próstata”, acrescenta o médico.

Mesmo quando os sinais de problemas se tornam inegáveis, em muitos casos o diagnóstico efetivo da doença só acontece após insistência de parceiras ou mulheres próximas aos pacientes. Não à toa, 70% das mulheres comparecem às consultas médicas do companheiro, segundo levantamento realizado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem do Estado de São Paulo.

“Um dos principais objetivos do diagnóstico precoce, além de permitir a adoção de tratamentos menos invasivos e promover chances de cura que podem passar de 90% em cinco anos na doença localizada, é evitar que o paciente tenha outros impactos à saúde em geral. Pacientes que têm o diagnóstico precoce de um câncer de próstata sem nenhuma dor podem ter apenas acompanhamento médico, poupando-os de possíveis efeitos colaterais do tratamento cirúrgico ou radioterápico. Por outro lado, quando o câncer de próstata tem características mais agressivas e é identificado em estágios mais avançados, o tratamento indicado acaba sendo mais intenso, requerendo cirurgia, radioterapia, bloqueio hormonal ou quimioterapia. O bloqueio hormonal, é o pilar principal do tratamento da doença avançada e reduz a testosterona. A falta desse hormônio pode gerar elevação no risco de doenças cardiovasculares, impotência sexual e distúrbios cognitivos”, explica a oncologista Mariane Fontes, do Grupo Oncoclínicas.

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