Colunista Moacir Saraiva: “Respeitem meus cabelos, brancos”

Há pessoas que utilizam o cabelo como uma forma de dar maior robustez a uma raça, a um povo. Há outros apenas por excentricidade, apenas para chamar a atenção sobre si.

Agora no período da copa, alguns atletas deixam marcas registradas através do penteado. Dentre os jogadores afros, há aqueles que fazem questão de marcar uma posição política através da arrumação das madeixas. Marcelo, lateral brasileiro, assume isso muito bem, e, mesmo assim, não se torna exótico nem chama a atenção como outros. Ainda nesta linha, uns africanos fazem questão de usarem suas madeixas a fim de mostrarem a força de um povo e, nem por isso, são destaques por causa de suas arrumações dos cabelos. Os cabelos fazem parte de um conjunto em que o homem africano mostra para o mundo suas raízes, impondo respeito.

Há penteados que alguns jogadores utilizam apenas para que não atrapalhem a visão, são os famosos coques. Eles não chamam tanto a atenção, pois têm uma função prática. Muitos, com cabelos longos, optam por amarrá-los a fim de que, em todos os lances, a visão não seja atrapalhada. Uns não fazem cortes exagerados, exageram apenas na coloração, há aqueles que carregam cenouras na cabeça, outros beterraba, uma verdadeira horta ambulante é a visão que se tem destes atletas a partir das arquibancadas e da televisão.

Agora, determinados sujeitos atletas têm uma necessidade exagerada de chamar a atenção, sabe-se que um artista famoso, um atleta notável assim como um crime hediondo não é necessário apresentá-los, por si só já são auto-apresentáveis. Nessa linha de raciocínio, o atleta Neymar, hoje, não precisa mais de apresentações, sua fama chega a todos os rincões do mundo.

No entanto, no primeiro jogo do Brasil na copa, o grande astro do Paris Saint-Germain tentou aparecer muito e conseguiu, não pelo talento do futebol, mas apareceu bizarramente e chamou a atenção de todos os brasileiros e da mídia, assim, foi motivo de chacota nas redes sociais. E não se destacou com a genialidade do futebol, se sobressaiu pela

homenagem a Derci Gonçalves, e o fez de uma maneira diferente dos demais que homenageiam mortos famosos.

Deixou o cabelo crescer, cortou uns pedaços, pintou outra parte deixando-o similar a uma crina de cavalo com água oxigenada e muito laquê a fim de o cabelo se manter firme na cabeça. E a repercussão foi grande, e se deduziu que a gozação foi tamanha, partida daqueles que estão com ele na Rússia, que ele ostentou apenas por um dia a crina loura de cavalo, e no dia seguinte ele a debelou aparecendo de cabelo curto. Cá para nós, ninguém muda o estilo do cabelo de um dia para o outro, a não ser que haja um motivo muito forte.

Neymar nada jogou com a crina amarela e seu destaque foi tão somente o penteado que não serviu para representar algo significativo como os africanos o fazem. Os afros podem usar os versos de Chico César: “Respeitem meus cabelos, brancos.”

Neymar deixou a seguinte mensagem: Brasileiros não respeitem nem meus cabelos nem meu futebol, no jogo que fiz contra a Suíça.

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