Colunista Joice Vancoppenolle: “O vinhedo em Champagne”

O champanhe é o vinho de festa e de comemoração por excelência. Nascido na França, conquistou o mundo inteiro e criou uma arte de viver que lhe é exclusiva. Tudo participa de sua magia, a começar por suas origens misteriosas até sua elaboração, essa arte de corte é zelosamente guardada por cada grande Maison. É o vinho mais conhecido no mundo, e também o mais copiado, mas só produzido na região vinícola de Champanhe e em nenhuma outra parte.

O vinhedo champanhês deve sua criação às legiões romanas. Nos séculos V e VI, as ordens monásticas, sobretudo os beneditinos, contribuíram para seu desenvolvimento. Esses vinhos foram servidos na corte dos Reis da França; Luís XIV, apreciava-o muito. É claro que, os vinhos daquela época, nada tem haver com as pequenas bolhas que atualmente conhecemos. Tratava-se de vinhos vivos, tintos, muito leves ou brancos tranquilos.

O mito champanhês só decolou com o domínio da efervescência, graças a segunda fermentação em garrafa, (método champenoise), na década de 1670. Atribui-se sua paternidade a Dom Pérignon. Verdadeiro ou falso, esses anos marcaram uma virada na história de Champagne. Surgiram as grandes casas de negócios, que desde o século XVIII asseguraram a reputação do Champagne no mundo inteiro. Já nessa época elas favoreceram os cortes afim de obter cuvées mais homogêneas.

No fim do século XIX, a filoxera destruiu o vinhedo, provocando numerosas crises de ordem econômica; a crise de 1911 permaneceu nas lembranças. Preocupada com suas vinhas e com o ambiente, a região de champanhe em 2001, introduziu a viticultura sustentável. Com isso, o mundo das borbulhas não conhecia mas crise e mostra uma saúde notável.

No começo do século XXI, sua produção quase não basta para satisfazer a demanda. Em 2003, é lançado um procedimento visando estender os limites da denominação. A nova área, que deveria integrar cerca de 40 novos vilarejos, deveria ser estabelecida até 2013, e as primeiras vinhas das novas parcelas seriam plantadas por volta de 2015, para uma primeira colheita dois anos depois.
A região de Champagne se estende por 150 km ao Nordeste de Paris. É o vinhedo mais ao norte da França, no limite setentrional da cultura da vinha. Dispõe-se em encostas, entre 90 e 350 m de altitude, sobre 319 comunas situadas em cinco departamentos.

O clima é caracterizado, de um lado, pelo rigor continental, com seus invernos frios e geadas por vezes destrutivas, e seus verões fortemente ensolarados, e, de outro lado, por uma relativa suavidade atlântica, dotada de umidade bem marcante.

O solo calcário é um elemento essencial da qualidade dos vinhos da região de Champagne. Na maioria dos casos, é composto de areias e argilas que repousam sobre um subsolo de greda-branca ou calcário branco, excelente regulador hídrico e térmico, cujo papel é capital na maturação das uvas. A greda-branca permite escavar adegas profundas para fazer envelhecer e conservar o vinho.

Três cepas são autorizadas na Champagne, a Chardonnay nos vinhos brancos e duas Pinots nos tintos. A Chardonnay: plantada em 28% do vinhedo, ela dá origem a vinhos elegantes e finos, marcados por vivacidade e espírito, de aromas delicados com notas florais, por vezes minerais. Confere boa aptidão ao envelhecimento. Pinot Noir: representa 39% das superfícies plantadas e promove a união do corpo, potência e longevidade. Pinot Meunier: ocupa os 33% restantes. Dá sabor e o frutado. Os vinhos dela provenientes são macios, frutatos e dotados de um buquê intenso.

Alguns tipos de champanhe: Distinguem-se diversos tipos de champanhe em função das cepas, dos cortes, das dosagens e do envelhecimento. Champagne Blanc de blancs: Exceção à regra do corte, ele é composto da cepa única Chardonnay, que origina vinhos de extrema finesse. Champagne blancs de Noirs: É composto unicamente de Pinot Noir e de Pinot Meunier. É um champanhe raro, pois as Pinots são antes de tudo, utilizadas na elaboração das cuvées.
Champagne Rosé: Champagne é a única região vitícola onde a mistura de vinhos brancos e de vinhos tintos é autorizada na elaboração de rosés. Champagne sem ano : não safrado, ele provém da mescla de diversas cepas e de vários anos. Champagne safrado: só é produzido nos grandes anos em geral um em três, e deve envelhecer por, no mínimo, três anos. É um grande champanhe, muito típico, que propicia sensações extraordinárias.

Cuvées especial ou cuvées Prestige: tesouro de raridade, esse champanhe único é apresentado em um frasco original e refinado. É o champanhe das grandes ocasiões. Ainda há muito para falar sobre o champanhe, mas deixarei para a próxima oportunidade, leitor.

Concluo com uma frase do imperador francês Napoleão Bonaparte sobre essa bebida magnífica.

“ Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário.”

Um comentário em “Colunista Joice Vancoppenolle: “O vinhedo em Champagne”

  • 4 de fevereiro de 2019 em 5:58 pm
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    Excelente artigo! Muito interessante e esclarecedor. Não é a toa que os espumantes são os nossos queridinhos nas comemorações.

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