Caminhos de Antônio: veja pontos turísticos de Salvador que levam o nome do santo português, primeiro padroeiro da capital baiana


Na cidade, onde há grande número de devotos, igrejas, forte e bairro levam nome do religioso, que é celebrado nesta terça-feira (13). A foto é uma homenagem ao santo protetor do bairro do Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador — Foto: Paulo Munhoz

Conhecido como santo casamenteiro ou santo dos pobres, Santo Antônio é uma dos símbolos religiosos mais importantes do Brasil. Apesar da data oficial da comemoração ser esta terça-feira (13), ele é celebrado desde o primeiro dia do mês de junho, quando as tradicionais trezenas, em igrejas ou lares, são iniciadas por fieis.

Na capital baiana, o santo nascido em Lisboa tem muitos devotos. Famílias se reúnem para momentos de oração, pãezinhos são distribuídos entre parentes e amigos, e alguns bairros se transformam por causa das comemorações.

Em Salvador, Antônio não é “só” nome de santo: é nome de igrejas, de bairro e até de forte. Veja abaixo como ele deixou de ser o primeiro padroeiro da cidade, mas segue presente no dia a dia de baianos e turistas.

História

Conhecido por ser casamenteiro, Santo Antônio é celebrado com trezena de orações em Macapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

Conhecido por ser casamenteiro, Santo Antônio é celebrado com trezena de orações em Macapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

Nascido Fernando de Bulhões, em Lisboa, capital de Portugal, em agosto de 1195, Santo Antônio morreu em 13 de junho de 1231, em Pádua, na Itália. Por isso, é conhecido das duas formas: Santo Antonio de Lisboa e Pádua.

Antônio é o santo mais popular de Portugal. Com a colonização lusitana no Brasil, veio para a Bahia também a cultura de devoção ao português, sobretudo em Salvador, primeira capital do país.

O livro “Tenente Coronel Santo Antônio da Bahia”, lançado pela editora Ojuobá em 2012, e escrito pelo jornalista Tasso Franco, aponta que o santo chegou a ter a patente de tenente-coronel com soldo pago desde a época do rei Dom João VI. Esse valor era repassado para a Igreja do Convento de São Francisco de Assis e só deixou de ser debitado no início dos anos XX.

Livro escrito por Tasso Franco fala sobre relação entre Santo Antônio e a capital baiana — Foto: Divulgação

Historiadores apontam que, em 1576, uma imagem de Santo Antônio foi lançada ao mar por uma das naus de uma armada invasora da Costa da África. A embarcação naufragou na antiga capitania de Sergipe Del Rey. Os sobreviventes foram presos e enviados a Bahia, a pé.

Na altura de Itapuã, se depararam com a imagem de Santo Antônio, a mesma jogada no oceano, na areia da praia. Ela foi levada ao Convento de São Francisco, onde ficou durante alguns anos, até que fosse feita outra imagem, pois a primeira estava estragada.

A obra “Padroeiros da Cidade do Salvador”, escrita por José Lima, do Centro de Estudos Bahianos, publicada em 1952 e disponível no Repositório da Universidade Federal da Bahia (Ufba), afirma que, diante deste fato e da popularidade, Santo Antônio foi eleito padroeiro da capital baiana, não só pelo povo como também pela Câmara Municipal.

Entretanto, 1686, a Bahia viveu um estado de calamidade por causa da peste bubônica, e os políticos da época decidiram lançar mão do velho processo de, por intermédio de um santo merecedor da estima e devoção do povo, pedir a clemência de Deus para que fossem atenuados os seus grandes sofrimentos. Como São Francisco Xavier era um santo que estava em alta na época, foi eleito Padroeiro da cidade e recebeu as orações pedindo o fim da doença.

São Francisco Xavier pode até ser o padroeiro da capital baiana, porém, está longe de ser o mais querido pelos soteropolitanos. Veja abaixo os lugares que levam o nome de Santo Antônio em Salvador.

Forte Santo Antônio da Barra

Forte Santo Antônio da Barra, em Salvador — Foto: TV Bahia

Popularmente conhecido como “Farol da Barra”, um dos mais tradicionais pontos turísticos de Salvador faz parte do Forte Santo Antônio da Barra. Trata-se do primeiro forte a ser construído no Brasil, em 1536, bem antes da própria fundação de Salvador, que só aconteceu 13 anos depois, em 1549.

Ao longo dos séculos, o Forte passou por diversas reformas. Atualmente, a torre que encanta baianos e turistas tem 22 metros de altura e emite feixes luminosos que podem ser vistos a mais de 70 quilômetros de distância, segundo a Marinha do Brasil.

Além de ser um dos cartões postais da cidade e ficar lindíssimo nas selfies, o Forte Santo Antônio da Barra está aberto para visitação e abriga o Museu Náutico da Bahia. No local, é possível observar objetos que eram usados há 300 anos por navegadores. Para turistas, o valor de entrada é de R$ 15, enquanto os moradores pagam apenas R$ 5.

Santo Antônio Além do Carmo

Bairro Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador — Foto: Alan Oliveira

O bairro localizado no centro Histórico de Salvador é bem diverso, consegue reunir boemia, casarões antigos, gastronomia, fé e muita tradição. No Santo Antônio Além do Carmo é possível visitar museus, reunir os amigos em um barzinho, visitar bons restaurantes, pular carnaval com os blocos de rua na época da folia de momo e, é claro, participar das trezenas de Santo Antônio.

Anualmente, a Paróquia de Santo Antônio Além do Carmo, localizada no largo do bairro, celebra trezenas dedicadas ao santo. Os fiéis também costumam fazer lavagem das escadarias, procissões e missas, além de um Correio Elegante que percorre as ruas do bairro distribuindo cartas e pãezinhos de Santo Antônio.

Paróquia de Santo Antônio Além do Carmo

Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador — Foto: Valma Silva

Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador — Foto: Valma Silva

Alguns fatos curiosos rondam a Igreja, localizada no bairro homônimo. O primeiro deles é constatado ao olhar para o topo: há apenas uma torre construída. No lugar da segunda, está a imagem de Santo Antônio.

O segundo remete ao passado. Uma placa indica que a Paróquia Santo Antônio Além do Carmo foi local de resistência à invasão holandesa, em 21 de abril e 18 de maio de 1638, quando as tropas de Maurício de Nassau adentraram Salvador.

No local, que também abriga a história da cidade, são realizadas as missas em homenagem ao santo. A entrada é gratuita e as visitações acontecem de segunda a sexta, das 8h às 17h, e aos domingos, das 8h às 12h.

Igreja Santo Antônio da Barra

Igreja de Santo Antônio da Barra, em Salvador — Foto: João Souza/ G1

Igreja de Santo Antônio da Barra, em Salvador — Foto: João Souza/ G1

Localizada na ladeira da Barra e com vista privilegiada para a baía de Todos-os-Santos, a Igreja de Santo Antônio da Barra foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938.

Nesta terça-feira (13), a igreja celebra missas durante todo o dia para homenagear Santo Antônio: às 6h30, 8h, 9h30, 10h30, 12h, 14h30, 15h30, 16h30, 18h e 19h30.

Igreja de Santo Antônio da Mouraria

Igreja de Santo Antônio da Mouraria, em Salvador — Foto: Redes sociais

Igreja de Santo Antônio da Mouraria, em Salvador — Foto: Redes sociais

O templo foi construído em 1724, em devoção a Santo Antônio, e é um patrimônio histórico nacional, tombado pelo Iphan, em 17 de junho de 1938. A igreja fica na região da Mouraria, no bairro de Nazaré, e possui quatro sinos antigos, datados de 1757, 1885 e 1924.

Nesta terça, as missas em louvor ao santo acontecem às 9h, às 12h, às 14h30 (Terço da Misericórdia) e às 16h.* Por Malu Vieira e Valma Silva, g1 BA.

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