Aumento de positivos em testes e subvariante BQ.1: o que se sabe sobre ‘nova onda’ de Covid no Brasil?

Foto: Amanda Perobelli – Reuters

Testes positivos em alta no mês de outubro e os primeiros sinais de circulação de uma nova subvariante da ômicron, a BQ.1, elevam os temores sobre uma nova onda da Covid-19 no Brasil. A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou a primeira morte em decorrência de contaminação pela nova subvariante da ômicron, a BQ.1 no estado.

Quais são os sintomas da nova subvariante?

A BQ.1 é a mesma cepa que circula atualmente na Europa e causou o aumento de infecções por lá. No entanto, não há indicação de que ela seja “mais letal”. Os sintomas são os mesmos para a maioria dos pacientes: dor de cabeça, tosse, febre, dor de garganta, cansaço, perda de olfato e paladar.

“O que sabemos é que ela tem alta transmissibilidade, compatível com outros subtipos da variante ômicron, mas até o momento, pelos dados de outros países não é de maior gravidade. No entanto, é importante pontuar que países como EUA e Europa têm disponibilidade de antivirais que, apesar de aprovados no Brasil, ainda não estão disponíveis no SUS”, explica a epidemiologista Ethel Maciel.

A variante já havia sido encontrada no Amazonas em 20 de outubro, de acordo com a unidade da Fiocruz no Estado, o que fortalece a suposição de que ela já circula em diferentes locais do país. Nos Estados Unidos e na Europa, a BQ.1 já é considerada dominante.

Segundo especialistas, o aparecimento de novas variantes e sublinhagens é normal e a principal forma de evitar o contágio continua sendo a vacinação.

“O retorno de atividades, o fim do distanciamento físico e a liberação do uso de máscaras criam facilidades para a transmissão do vírus. Ele ter assumido algumas subvariantes tornam o vírus mais transmissível e faz com que o número de casos aumente. Entretanto, eu acho que a principal mensagem é: as vacinas continuam funcionando de forma muito eficiente, inclusive para essas subvariantes, sublinhagens que atualmente circulam”, explicou o infectologista Marco Aurélio Sáfadi, presidente do departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Aumento de casos: nova onda?

Os dados do consórcio de veículos de imprensa apontam que o Brasil registrou na segunda-feira (7) 19 novas mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 688.444 desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias é de 34, com variação de -43% em relação aos últimos 7 dias, tendência de queda. Já a média móvel dos casos apresentou queda de -25% em relação à semana anterior.

Apesar disso, os testes de farmácia para Covid-19 voltaram a apresentar taxa de positividade acima de dois dígitos no mês de outubro. Ainda não é possível creditar o aumento de casos ao aparecimento da subvariante BQ.1.
De acordo com o monitoramento da Fiocruz, ainda não há sinal de aumento expressivo nos dados coletados recentemente.

“Na atualização da semana passada já tinha sinal de aumento no AM, PE e um sinal incipiente no AL. Nos demais, ainda não. Não dá para afirmar que nesses estados já é consequência da BQ.1., pois ainda não havia dado de sequenciamento referente a esses casos novos nesses locais”, explicou Marcelo Gomes, da Fiocruz.
De acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), na terceira semana de outubro, do dia 17 ao 23, foram realizados 14.970 testes, dos quais 2.320 apresentaram resultados positivos, o equivalente a 15,5% do total.

O aumento também foi constatado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED). Na semana entre os dias 22 e 28 de outubro foram realizados 18.935 testes, dos quais 17,3% foram positivos. Em comparação, na semana entre os dias 10 e 16 de setembro foram realizados mais testes, 27.406 no total, mas apenas 3,2% testaram positivo para coronavírus, o que atesta a tendência de aumento dos casos.

Outro levantamento feito pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS) mostra que a taxa de exames positivos para a doença em laboratórios particulares passou de 3% para 17% em menos de um mês — um salto de 566%.

Sáfadi afirma que o aumento de casos de Covid-19 detectados em testes de farmácia em outubro de 2022 é compatível com o que já se conhece sobre a doença.

“A gente tem verificado, não só aqui no Brasil, mas em diversos locais do mundo, um aumento no número de casos e a gente tem visto um aumento na positividade dos testes. Esse é um marcador muito sensível de que, de fato, os casos estão aumentando. E é algo absolutamente dentro das previsões”.

Vacina e outras medidas são as únicas opções

A principal recomendação para a população é manter o calendário vacinal atualizado com as duas doses de reforço.

“Se você não tem o esquema vacinal completo, significa que uma parte da população continua vulnerável e a gente tem clareza de que a vacina, à medida que o tempo passa, ela perde a efetividade. Ainda temos populações elegíveis que receberam 0 doses, que são crianças”, diz Jamal Suleiman, infectologista do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.

Além disso, continua valendo a recomendação do uso de máscaras em ambientes fechados, principalmente para os grupos mais vulneráveis.

“Eu entendo que nenhuma dessas subvariantes que surgiram e que circulam motivem recomendações diferentes daquelas que nós aprendemos ser suficientes para nos proteger. Tome a vacina. Se você faz parte do grupo de risco, evite se expor em locais com maior risco de contágio, use máscara, evite aglomerações e continue se valendo de medidas de higiene”, alerta Sáfadi. *g1

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