Apenas 5% das vagas afirmativas de emprego são direcionadas para negros, aponta pesquisa
Foto: Reprodução/RBS TV
Pesquisa da plataforma de recrutamento e seleção Gupy entre as cerca de 600 mil oportunidades publicadas no site, em 2022, mostra que aproximadamente 1% são vagas afirmativas. Dentro desse total, as direcionadas especificamente para pessoas negras representam 5%.
As vagas afirmativas são destinadas aos chamados grupos minorizados, como pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, mulheres e profissionais com idade acima dos 50 anos para levar a inclusão e equidade a essas parcelas de trabalhadores comumente desfavorecidos.
A população negra hoje é o segundo maior alvo das ações afirmativas realizadas pelas empresas na plataforma, ficando atrás das pessoas com deficiência, alvo de cerca de 70% das vagas.
Os 25% restantes são distribuídos da seguinte forma: 8% para mulheres, 3% para comunidade LGBTQIAP+, 0,8% para indígenas, 0,7% para mulheres negras e o restante para todos os grupos de diversidade.
As grandes empresas, com mais de mil funcionários, foram responsáveis por 91% das vagas afirmativas publicadas em 2022 na plataforma da Gupy.
De acordo com a plataforma, trata-se de uma tendência que vem crescendo nos últimos anos: em 2020, empresas de 5.001 a 10.000 pessoas colaboradoras foram responsáveis por 23% das vagas publicadas, o que representa um crescimento de 27% em apenas um ano e meio.
Além disso, analisando as contratações por setor, os maiores responsáveis pelas vagas afirmativas publicadas na Gupy em 2022 são Varejo (27%); Logística (23%) e Serviços Financeiros (7%).
Já os setores que mais geraram vagas afirmativas para pessoas negras em 2022 foram:
- Serviços Financeiros: 17,83%
- Tecnologia: 13,95%
- Bancos: 10,85%
- Educação: 10,08%
- Tecnologia da Informação e Comunicação: 8,53%
- Produção Digital: 6,98%
- Negócios Imobiliários: 6,20%
- E-commerce: 5,43%
- Varejo: 4,65%
- Telecomunicações: 6,98%
- Indústrias em geral: 1,55%
- Química e Petroquímica: 1,55%
- Agronegócio: 1,55%
- Jurídico: 1,55%
- Comunicação: 1,55%
- Seguros: 0,78%
Ainda segundo dados da plataforma da Gupy, em 2018, todas as contratações afirmativas foram direcionadas para pessoas com deficiência, reflexo da Lei 8.213/91 que garante a contratação e inclusão de PCDs.
Esse cenário começou a mudar apenas em 2019, quando surgiram as primeiras vagas afirmativas para pessoas de outros grupos de diversidade, até então não orientadas para populações específicas.
44% das empresas não têm meta para contratar minorias
A pesquisa feita ainda com a participação de 1.000 empresas mostra que 30,28% das empresas realizam ações afirmativas nos processos seletivos, enquanto 26,22% estudam oferecer futuramente. Outros 23,37% já ofereceram vagas afirmativas de forma pontual.
No entanto, 44,31% das empresas não têm metas de contratação de grupos minorizados, o que mostra que diversidade está caminhando para ser uma frente estratégica na maioria das empresas.
Apenas 28,86% das empresas têm metas de contratação de grupos minorizados, independentemente de função e cargo. E outros 26,63% têm metas limitadas por cargos ou por grupos de diversidade específicos.
Tamara Braga, head de Diversidade & Inclusão da Gupy, afirma que esse cenário se dá pelo fato de que muitas empresas ainda não veem diversidade como uma frente estratégica, o que faz com que as iniciativas levem mais tempo para serem implementadas.
“Enquanto diversidade não for um dos assuntos do conselho das empresas, ainda veremos profissionais de RH e de diversidade buscando implementar algumas iniciativas muito importantes, mas que não recebem a devida atenção por não ser uma prioridade do negócio”, observa.
Para ela, o cenário já está mudando. Ela cita outro dado da pesquisa que mostra que 55,49% das empresas estão olhando para diversidade e inclusão como uma frente estratégica com metas ou caminhando para isso.
“Na Gupy, por exemplo, oferecemos para as empresas uma solução de diversidade para o recrutamento. Por meio dela, é possível realizar ações afirmativas e ter acesso a dados que permitam identificar quais etapas de um processo seletivo estão barrando a diversidade, o que permite aplicar ações corretivas”. *g1