Popularizar o acesso à telemedicina no Brasil é uma tendência que precisa de planejamento

Foto: Drazen Zigic

Segundo pesquisa, os aplicativos de saúde estão majoritariamente concentrados nas classes mais altas, as consultas via telemedicina também: 56% para classe A e 40% para classe B

Juntas, as classes A e B representam 14.4% da população brasileira. O número equivale a aproximadamente 30 milhões de brasileiros. Já as fatias das classes C, D e E correspondem a mais da metade da população e a projeção é que o cenário seja esse até 2024, conforme pesquisa sobre Classes de Renda e Consumo no Brasil (2022-2032).

Isso significa também que mais de 180 milhões ainda podem aumentar o acesso, de forma integral, à soluções de saúde como a telemedicina

Para os gestores de saúde, é importante notar que apesar da baixa penetração da solução entre as classes C, D e E, pelo menos 60% das pessoas que nunca realizaram teleconsultas possuem a intenção de utilizar o formato no futuro.

Entre as pessoas que já são usuárias das plataformas digitais de saúde, há muita recomendação e avaliações com notas entre 4 e 5. Ou seja, popularizar a solução não deve ser um obstáculo extenso. Mas o que pode ser desafiador para ampliar o acesso entre diferentes públicos?

Acesso à internet

As desigualdades sociais são um dos fatores mais desafiadores para ampliação de facilitações digitais. Entre as classes D/E, o acesso à internet é limitado a 64% das pessoas.

Justamente o grupo que está menos adepto às práticas digitais de saúde. Entre toda a população, estima-se que 81% tenha acesso à internet, o equivalente a 152 milhões de pessoas.

Há projetos de ampliação da conexão para as classes mais baixas da pirâmide brasileira, mas esse fato é uma lacuna para que mais pessoas desfrutem das facilidades das teleconsultas; recebendo atendimento de qualidade de diferentes localidades.

Resistência dos profissionais de saúde

Há um receio de que o virtual substitua completamente o presencial, o que deixa profissionais de saúde como médicos, enfermeiros e até outras posições dentro de hospitais, resistentes com as práticas de saúde online, via aplicativos.

Neste tópico, é importante ressaltar que a telemedicina é uma prática de assistência médica capaz de tornar o atendimento presencial ainda mais preciso e eficiente, mas sem o objetivo de substituí-lo.

O consultório virtual pode servir como um momento de acompanhamento do paciente, leitura de resultados de exames indicados previamente ou para consultas na área de psicologia, por exemplo.

Os profissionais devem se sentir confortáveis em indicar consultas presenciais quando for o caso, bem como os próprios pacientes, seja para expor a preferência por uma consulta à distância ou pelo deslocamento até o consultório. Sempre sob orientação do profissional responsável.

Insegurança digital 

Muitas pessoas podem se sentir negativamente expostas ou invadidas via chamadas de vídeo, até sentir algum receio de invasão digital e de sofrer com vazamento de informações.

A proteção de dados pessoais é uma das prioridades das plataformas médicas digitais, com suporte da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e tecnologias de criptografia alinhadas ao funcionamento da lei.

Os desafios para popularização da prática não são maiores do que os resultados que serão alcançados com a superação de cada uma das adversidades apresentadas aqui.

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