Parar de fumar e aumentar o consumo de água ajudam a prevenir o Câncer de Bexiga

 

Escolha do melhor tratamento depende do estágio da doença, da gravidade dos sintomas e da saúde geral do paciente

por Carla Santana

O Câncer de Bexiga foi um dos destaques da programação do XXII Congresso Norte-Nordeste de Urologia e do I Simpósio Norte-Nordeste de Urologia, que aconteceram no Hotel Deville Prime em Salvador até o último sábado (23). O foco central das discussões entre urologistas, oncologistas, patologistas e outros especialistas presentes no evento sobre o assunto foram os avanços no tratamento da doença, mais comum em homens brancos, diferentemente do câncer de próstata, que afeta mais homens negros.

Além da etnia, outro fator de risco da doença é o tabagismo. De acordo com o oncologista Fernando Nunes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica seção Bahia (SBOC-BA), como as substâncias cancerígenas encontradas no cigarro são absorvidas pelo trato digestivo e misturam-se com a urina após o processo de filtração renal, as paredes internas do órgão acabam sofrendo alteração celular, que podem levar ao câncer. “Também influenciam no aparecimento de um tumor na próstata a genética (histórico familiar) e a exposição à radioterapia, medicamentos e outras substâncias. Quem trabalha com borracha, couro e tintas, por exemplo, corre mais riscos de adquirir a doença”, destacou.

 

Quem bebe pouca água também tem mais chance de desenvolver um tumor na próstata, já que o líquido evita a formação de pedras na bexiga e dilui na urina as substâncias tóxicas absorvidas pelo corpo. Além disso, pacientes que foram expostos à radiação também estão mais propensos ao câncer de bexiga. A idade também influencia: a doença é mais comum após os 40 anos de idade. Parar de fumar, evitar a exposição a todos os fatores de risco e tratar corretamente inflamações crônicas na bexiga são atitudes que ajudam a prevenir a doença.

 

Tratamento –  O estágio da doença (estadiamento), a gravidade dos sintomas e a saúde geral do paciente são determinantes para a escolha do tratamento do câncer de bexiga. No estágio inicial pode ser indicada uma cirurgia para remover o tumor sem remover a bexiga, acompanhada de quimioterapia ou imunoterapia diretamente no órgão. Nesses casos, há também a possibilidade de tratamentos intravesicais.

 

De acordo com o oncologista Fernando Nunes, uma das opções de cirurgia é a transuretral endoscópica (RTU), uma espécie de raspagem do tumor em estágio inicial. Já no tratamento de estágios mais avançados da doença, podem ser feitas cirurgias para remover a bexiga inteira (cistectomia radical), com a remoção dos gânglios linfáticos próximos, ou cirurgia para remover somente parte da bexiga (cistectomia parcial). “Se o órgão for removido, é preciso reconstruir o órgão para armazenamento e eliminação da urina”, explicou o médico.

A quimioterapia pode ser indicada antes da cirurgia para tentar reduzir o tamanho do câncer, a fim de facilitar a remoção durante o procedimento cirúrgico. Após a cirurgia, ela tem o objetivo de destruir as células cancerígenas. Este procedimento pode ser sistêmico, ou seja, o tratamento pode ser realizado na forma de medicamentos ou injetado na veia; ou intravesical, quando a quimioterapia é aplicada diretamente na bexiga através de um tubo introduzido pela uretra.

Dados – De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão subordinado ao Ministério da Saúde (MS), neste ano são estimados 9.480 casos da doença no Brasil ou 6,43 diagnósticos para cada 100 mil homens (taxa bruta de incidência) e 2,63 para mulheres, considerando a mesma proporção.

Apesar dos avanços da medicina, o câncer de bexiga ainda apresenta alta taxa de mortalidade, principalmente por não apresentar sintomas na fase inicial. Alguns sintomas como sangue na urina, dor pélvica, dor nas costas, dor ao urinar, espuma na urina, infecções urinárias de repetição, fadiga e perda de peso só costumam aparecer quando a doença está na fase intermediária ou avançada, o que ocorre, geralmente, com o diagnóstico tardio. “Nesses casos, as chances de sucesso nos tratamentos disponíveis ficam reduzidas”, explica Fernando Nunes.

Por isso, segundo o especialista, é importante visitar, anualmente, um urologista, para uma avaliação clínica e exames que possam descartar a presença de patologias ou apontar precocemente possíveis alterações. “Quanto mais cedo o câncer é diagnosticado, maiores são as chances de cura”. O diagnóstico da doença é feito através de avaliação clínica e exames complementares, como os de sangue e de imagem.

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