Órgãos e Disque 180 estão disponíveis para denúncias de violência contra mulher mesmo com a pandemia

Em Valença, as denúncias podem ser feitas no Cram e pelos números 190 e 180

por Joberth Melo | Atualiza Bahia

A pandemia do novo Coronavírus levou a intensificação do isolamento social. Casais em casa podem intensificar os desentendimentos, uma vez que há o convívio com as diferenças, e infelizmente para as relações familiares mais conturbadas ao aumento dos casos de violência contra a mulher. Mesmo com a quarentena é importante lembrar que os órgãos seguem funcionando para prestar atendimento às vítimas.

Considerado o quinto país do mundo em crimes contra a mulher, o Brasil registrou o aumento de quase 40% no número de denúncias pelo Disque 180 no mês de abril deste ano em relação ao mesmo mês de 2019. Os dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH). Na Bahia, o crescimento foi de 54%, conforme o Disque 180. A central registrou 95 denúncias de violência doméstica, enquanto só nos primeiros 19 dias de abril, foram 146 denúncias. Apesar da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) ter apontado uma redução de 46% nos casos de estupros e de 60% no número de ameaças.

A psicóloga e coordenadora do Centro de Referência e Atendimento à Mulher (Cram) de Valença, Luciane Silva, informou que o conflito nos dados pode estar relacionado as dificuldades para denunciar. “Algumas mulheres estão enfrentando dificuldades para fazer a denúncia na delegacia por conta da presença constante do agressor dentro do lar”, afirma.

Denúncias

Em Valença, desde o início da recomendação para o isolamento social, os atendimentos a casos de violência contra à mulher, realizados pelo Cram tiveram continuidade com a disposição de um número para denúncias, e atendimentos remotos, com atenção a mulheres já cadastradas pelo centro e novos casos. A cidade ocupa a posição 176° entre os municípios brasileiros com maiores taxas de Feminicídio.

Conforme Luciane Silva, apesar da quarentena recomendada com a Covid 19 ser algo novo para muitos, mulheres vítimas de violência já tinham em sua rotina a obrigação de cumprir um isolamento social, inclusive no município de Valença. “No âmbito da Lei Maria da Penha, o isolamento que muitas mulheres estão submetidas (antes da pandemia), configura-se em violência psicológica”, lembra.

Ao presenciar um caso de violência ou ter passado por esta situação, o Disque 180 é o número para as denúncias. Além deste, o Cram de Valença disponibiliza os números (75) 98153-2101 e 3643-1601 para denúncias e buscas por informações de segunda a sexta-feira. “As mulheres em situação de violência no município de Valença também podem ligar para o número 190, da Polícia Militar. Ir até a delegacia, e fazer o Boletim de Ocorrência e solicitar Medida Protetiva, ou ligar para o número: 3641-8750”, cita a coordenadora do Cram.

Cram Valença

O Cram de Valença está localizado na Praça Dois de Julho, nº 14, ao lado do antigo Fórum, com atendimento de segunda à sexta-feira, das 08h às 12h e das 14h às 17h. O órgão, vinculado à Secretária Municipal de Promoção Social da Prefeitura de Valença, presta orientação, acolhimento e acompanhamento psicológico, social e jurídico, às mulheres, a partir de 18 anos, em situação de violência. O trabalho também tem o intuito de fortalecer a autoestima, proporcionar o conhecimento dos seus próprios direitos e entendimento sobre violência doméstica e familiar.

Desde a implantação do Cram, em 2010,  os resultados conquistados no atendimento às mulheres são  significativos na cidade. “O órgão atendeu em 2018, 1245 mulheres; uma demanda crescente de 70 novas atendidas por mês, e, já conseguiu avanços nos casos. De 2010, ano de fundação, a 2017, foram atendidas 2.040 mulheres. Somente em 2017 foram 735 atendimentos. Em 2019 foram atendidas 905 mulheres. No primeiro trimestre de 2020, foram 317 mulheres”, relata.

Atualiza Bahia

Foto: reprodução

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