Novembro Azul também é mês de conscientização sobre diabetes

Foto: Divulgação

População masculina geralmente costuma não se cuidar com a mesma frequência que as mulheres e precisa se conscientizar, afirmam especialistas 

A médica Juliana Ávila, oftalmologista do DayHORC, chama a atenção para os perigos da retinopatia diabética

Você sabia que o Novembro Azul vai além da conscientização do câncer de próstata? Isso mesmo! Esta cor também é utilizada no mês para chamar a atenção sobre o diabetes, enfermidade que acomete 16,8 milhões de brasileiros, e tem o seu dia mundial de alerta relembrado no dia 14 de novembro . A estimativa da incidência dessa doença para 2030 chega a 21,5 milhões de casos, dados do Atlas da Federação Internacional de Diabetes. E nesse sentido vale o alerta! Uma das consequências da falta de controle de açúcar no sangue (glicemia) pode ser a retinopatia diabética, caracterizada por lesões na retina (neovascularização, hemorragias e edema) que podem levar à baixa visão ou à cegueira.

“Tanto pacientes com diabetes tipo 1, quanto aqueles com diabetes tipo 2, podem desenvolver a Retinopatia Diabética (RD). O tempo de doença é o principal fator de risco, sendo que 20 anos após o diagnóstico do diabetes, praticamente 100% das pessoas com diabetes tipo 1 e 50 a 80% daquelas com diabetes tipo 2 poderão apresentar a RD. A população masculina geralmente costuma não se cuidar com a mesma frequência que as mulheres; assim chamamos a atenção deste grupo. A conscientização das pessoas em relação à prevenção e ao diagnóstico precoce é fundamental nessa campanha e apenas com ela é que conseguiremos tratar de uma maneira adequada e assim, tentar diminuir a cegueira pelo diabetes”, afirma a médica Juliana Ávila, oftalmologista do DayHORC, empresa do Grupo Opty na Bahia.

A retinopatia diabética é uma complicação bastante severa do diabetes, caracterizada pelo nível alto de açúcar no sangue, que provoca lesões definitivas nas paredes dos vasos que nutrem a retina. Em consequência, ocorre vazamento de líquido (o edema) e sangue no interior do olho, desfocando a visão. “Com o tempo, a doença se agrava e os vasos podem se romper, caracterizando a hemorragia vítrea, e podendo levar ao descolamento da retina”, explica a oftalmologista. O diabetes também pode ainda causar o surgimento de vasos sanguíneos anormais na íris, ocasionando o temido glaucoma neovascular.

“Nas fases iniciais da retinopatia diabética, não se percebe perda de visão e isso é um problema, pois as pessoas procuram atendimento médico apenas em casos de retinopatia avançada”, conta a oftalmologista especialista em retina. Nesses casos, a perda de visão e a distorção de imagem são os principais sintomas. Uma vez instaladas, as alterações retinianas não se modificam significativamente com a normalização da glicemia, necessitando de tratamento oftalmológico específico, como a fotocoagulação a laser, as injeções intra-vítreas e as cirurgias.

Mas vale reforçar que o controle rigoroso do Diabetes Mellitus retarda o aparecimento da retinopatia e reduz a progressão da doença e suas outras complicações como as neuropatias e alterações cardiovasculares. A melhor maneira de prevenir a retinopatia é o controle adequado da glicemia. Dessa maneira, controla-se o diabetes e a chance de apresentar complicações como a retinopatia é menor”, ressalta a especialista Juliana Ávila.

Estudo em jovens

As alterações da visão podem ocorrer em indivíduos jovens, pois a incidência de diabetes do tipo 1 (uma doença autoimune) nessa população é mais frequente. Assim, a retinopatia pode aparecer mais precocemente e causar perda de visão. No entanto, estudos mais recentes apontam um aumento significativo de alterações na visão causadas por retinopatia diabética em jovens com diabetes tipo 2, aquele causado por fatores genéticos juntamente com maus hábitos de vida, como consumo exagerado de açúcar, gordura, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, que provocam defeitos na produção e na ação da insulina no corpo.

Diagnóstico e tratamentos

Os exames oftalmológicos devem ser realizados anualmente em pessoas com ou sem diabetes, afirma o oftalmologista Frederico Faiçal

O médico Frederico Faiçal, oftalmologista da Oftalmoclin – clínica que também integra o Grupo Opty na Bahia, explica que a retinopatia diabética pode ser diagnosticada na avaliação oftalmológica básica. Exames como o mapeamento de retina e o exame do fundo de olho devem ser realizados para detectar o seu surgimento. “É bastante frequente o oftalmologista fazer o diagnóstico de diabetes através do exame de fundo de olho, com as hemorragias observadas na retina sendo características do diabetes”, conta.

Os exames oftalmológicos devem ser realizados anualmente em pessoas com ou sem diabetes. Já os pacientes que apresentam algum grau de retinopatia devem ser examinados com mais frequência. Em casos mais avançados, recomenda-se fazer exame a cada três meses.

Quando o assunto é tratamento, em casos moderados a terapia antiangiogênica, com ou sem laser, é a principal forma de tratar a doença. A fotocoagulação vem como uma coadjuvante. Nos avançados, a cirurgia vítreo-retiniana (vitrectomia via pars plana) deve ser realizada para a retirada do sangramento e/ou colocação da retina na posição correta.

“Existe muita pesquisa na área de diabetes, pois o número de pessoas com esta doença aumenta a cada ano. Duas novas medicações (brolucizumab e faricimab) têm sido estudadas e testadas, com resultados promissores para possível uso no Brasil, ainda em 2022. Elas se juntaram aos antiangiogênicos já disponíveis no mercado. No entanto, tecnologia à parte, o controle do diabetes é fundamental para impedir o aparecimento e a progressão da retinopatia”, conclui o oftalmologista.

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