Modelo baiana assina contratos com agências da Rússia, Grécia e Itália: ‘vivendo um sonho’

Bruna Sanches — Foto: Arquivo Pessoal

Aos 18 anos, a soteropolitana Bruna Sanches, nascida e criada na Fazenda Grande do Retiro, bairro periférico da capital da Bahia, tem construído uma sólida carreira internacional Modelo baiana faz sucesso com carreira internacional

“Estou vivendo um sonho de criança”. Assim, a modelo Bruna Sanches, nascida e criada na Fazenda Grande do Retiro, bairro periférico de Salvador, define a experiência de viajar o mundo a trabalho. A jovem de 18 anos tem construído uma sólida carreira internacional e assinou contratos com agências em três países: Rússia, Grécia e Itália.

Apesar do sucesso, a primeira vez que ela subiu em uma passarela foi no Afro Fashion Day, no final de 2022, evento de moda gratuito que acontece anualmente em Salvador. Apesar da timidez e da insegurança de estreante, ela encantou os avaliadores e representantes de uma agência estrangeira, que estava no local a fim de localizar novos talentos.

Atualmente vivendo sozinha em Moscou, capital da Rússia, e prestes a viajar para a cidade italiana de Milão, capital mundial da moda, a baiana tem colecionado trabalhos que ilustram o quão longe seu sonho pôde chegar.

O sonho

Bruna Sanches — Foto: Arquivo Pessoal

Bruna Sanches — Foto: Arquivo Pessoal

O desejo de modelar nasceu ainda na infância de Bruna e se fortaleceu quando ela percebeu que tinha uma altura diferenciada. Ela conta que aos 15 anos, já era fisicamente maior que as irmãs de 18 e 20. Isso já era visto pela jovem como diferencial para participar de ensaios e desfiles.

”As pessoas diziam para eu me dedicar ao esporte, como vôlei, basquete, mas eu sempre quis mesmo ser modelo. Não conseguia porque as agências pediam uma quantia de dinheiro para fazer o meu material de trabalho e eu não tinha”.

Sem condições financeiras para arcar com os custos cobrados na produção fotos e looks, o desejo foi ”arquivado”, até o dia em que Bruna acompanhou uma prima em uma avaliação e acabou sendo selecionada para fotografar, no ano de ano de 2021.

Desde então ela não parou mais de trabalhar. A carreira teve uma ascensão mais rápida e um alcance maior do que Bruna imaginava. Entretanto, ela garante que ainda não realizou tudo o que quer, como visitar Paris, capital da França.

”Fico me imaginando lá trabalhando, tirando fotos na Torre Eiffel. Nossa, que sonho!”, disse a modelo.

Bruna Sanches  — Foto: Arquivo Pessoal

Bruna Sanches — Foto: Arquivo Pessoal

Outro plano de Bruna é juntar dinheiro para comprar uma casa para a mãe, que atualmente vive de aluguel na periferia de Salvador. ”Meu maior sonho é mudar a realidade da minha família e eu não vou parar até conseguir”, afirmou, emocionada.

Para ajudar a mãe, Bruna precisa enfrentar a ausência da família, dos amigos, e encarar muitos desafios, como a dificuldade de se comunicar. Para isso, ela adotou ferramentas tecnológicas de tradução.

Além da saudade, a maior luta dela tem sido com a alimentação. A falta do tempero caseiro é o que mais tem doído. ”A comida da Rússia é muito diferente da que estamos acostumados [no Brasil], não consegui me adaptar. Tive que comprar coisas para fazer comidas ao meu gosto e mesmo assim, não se acha tudo”, comentou.

O clima e a mudança de fuso horário não a incomodam, e ela garante que não tem dificuldades de dormir cada dia em um lugar, quando necessário. “É tanto trabalho, o cansaço é tão grande, que não tem nem como não sentir sono. A gente deita dorme”, disse, em tom de brincadeira.

Bruna Sanches — Foto: Arquivo Pessoal

Bruna Sanches — Foto: Arquivo Pessoal

”Mudar a vida das pessoas”

Bruna faz parte do casting de uma agência de modelos soteropolitana. A Home Model é gerenciada por Marlon Júnior e Saulo Carvalho, e conta com seis profissionais com carreiras em outros países, como Índia e Coréia do Sul.

Para Marlon, a melhor parte da profissão é poder transformar vidas, como aconteceu com Bruna Sanches. A maior dificuldade é encontrar modelos com características que atendam às demandas do mercado, sobretudo internacional.

Marlon Júnior e Saulo Carvalho — Foto: Arquivo Pessoal

Marlon Júnior e Saulo Carvalho — Foto: Arquivo Pessoal

Segundo ele, “o envio dos profissionais para trabalhos internacionais envolve uma cadeia”. Os perfis dos modelos são avaliados, para ver em qual país se encaixa melhor e a partir disso eles são apresentados para os parceiros da agência fora do Brasil.

”Cada país trabalha um perfil diferente, tem uma exigência diferente de altura, biotipo, cabelo, e a partir dessa análise nós conseguimos descobrir em qual se encaixam melhor e assim, favorecer mais a nossa equipe”.

Depois de fechados os contratos com as agências estrangeiras, Marlon mantém contato com os modelos e também com as agências, recebendo um retorno sobre o desempenho de cada uma.

Com 14 anos de experiência profissional, Marlon destaca o aumento da diversidade e inclusão de todos os tipos de corpos, tonalidades de pele e cabelos como uma grande conquista, mas que ainda tem um longo caminho a ser percorrido.

”Hoje vemos modelos diversos, plus size, com vitiligo, negros, indígenas, orientais. A própria Bruna é uma mulher preta. A moda tem incluído também a comunidade LGBTQIA+. É algo feito de forma gradativa, mas as coisas estão avançando. Ainda falta muito, mas também já avançamos”.

Por Bélit Loiane e Valma Silva, *g1 BA
Bruna Sanches — Foto: Arquivo Pessoal

Bruna Sanches — Foto: Arquivo Pessoal – Por Bélit Loiane e Valma Silva, *g1 BA

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