Memória muscular: estudos mostram quanto tempo o nosso corpo leva para “esquecer” o treino

Créditos de imagem Pietro Raña

Quando uma pessoa nunca levou adiante uma rotina de treinos, realmente é muito difícil começar. Mas quando essa rotina já existe e, por algum motivo, ela precisou ficar em stand by, ao retomar, a sensação é de que o corpo responde melhor e mais rápido. Isso pode ser chamado de “memória muscular” – que é uma junção de fatores musculares e neurais, registrados pelo sistema nervoso, que tendem a facilitar a retomada do exercício, mesmo após algum tempo. “Uma vez que o seu corpo já experimentou um movimento e já esteve na condição de melhor forma física, o organismo conhece o caminho neural, da produção de substâncias necessárias e até de conhecimento de treino”, conta Luiz Evandro, professor de educação física e Diretor Técnico da Rede Alpha Fitness.

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Uma pesquisa publicada na revista Cell Physiology mostrou que existem evidências de que o tecido muscular pode ser “preparado” por experiências anteriores positivas, com o treinamento de força. Essa preparação pode aumentar as capacidades adaptativas a um estímulo posterior, mesmo após longos períodos longe da academia. “Essa experiência positiva auxilia no processo de hipertrofia e no ganho de força. E está muito mais relacionada a um aspecto neuromuscular, do que exclusivo do músculo em si”, acrescenta o professor. As adaptações positivas do nosso corpo levam algumas semanas para que a memória muscular fique gravada. Ou seja, não adianta treinar uma semana e esperar que o cérebro mande informações para os músculos crescerem, se você treinou por pouco tempo e fez poucas repetições.

Outro estudo ligado ao tema, realizado pela Universidade de Brown, nos Estados Unidos e publicado na Frontiers in Physiology, mostrou que essas adaptações neuromusculares positivas acontecem, em média, em um período de quatro semanas. O tempo que o corpo leva para “gravar” um treino depende de vários fatores, incluindo o tipo de treino, a intensidade, além da experiência e o estado físico do praticante. “Em geral, os treinos de força levam mais tempo para serem gravados do que os treinos aeróbicos. Isso ocorre porque os treinos de força causam microlesões nas fibras musculares, que precisam ser reparadas antes que o músculo possa se adaptar”, conta Luiz Evandro. Treinos mais intensos causam mais microlesões e, portanto, levam mais tempo para serem gravados.

A pesquisa de Brown ainda mostrou que, a partir de duas semanas de inatividade, o corpo já começa a sofrer perdas neuromusculares, incluindo diminuição da massa muscular e da força. Se a inatividade persistir, essas perdas se agravam, podendo prejudicar também a coordenação e a capacidade de aprendizado.

Pietro Raña

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