Marcelo D2 diz que esperou 30 anos por disco de samba e conta como religião ajudou a enfrentar luto

Marcelo D2 no g1 — Foto: Fábio Tito/g1

No podcast g1 ouviu, cantor falou sobre seu reencontro com a religiosidade no álbum ‘Iboru’. Negócios com a maconha, perda da mãe e relação com as redes sociais também foram temas. Marcelo D2 foi o entrevistado do g1 ouviu, o podcast de música do g1, nesta quinta-feira (15). A entrevista está no disponível em vídeo e podcast no g1, no YouTube, no TikTok e nas plataformas de áudio.

O cantor carioca acaba de lançar o álbum “IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas”. No 9º disco da carreira, D2 mistura referências na intenção de apresentar um “novo samba tradicional”.

Além da carreira solo, Marcelo D2 está em turnê com o Planet Hemp, que lançou um álbum inédito, “Jardineiros”.

D2 abriu sua participação dizendo que esperou 30 anos por esse álbum de samba. “Faz parte do meu amadurecimento como homem, como músico, como pai, como marido.”

O cantor afirmou que o disco foi um reencontro com sua religiosidade. “Fugia um pouco da religião, porque achava que ela estava num templo e não na gente. Essa fé que eu tinha era uma fé que tinha na amizade, no amor. E isso desemboca muito nesse disco. É um disco de fé de que as coisas vão ficar bem.”

Ele ainda citou que esse reencontro com a religião também é ligado com a morte de sua mãe, que inclusive, tem sua voz registrada logo na abertura do disco. “Encontrei conforto ali quando perdi minha mãe. Sofri mais quando perdi meu pai. Mas quando minha mãe foi, agora entendi um pouco mais essa passagem. Me senti mais honrado de ter tempo de vida com ela do que chateado com Deus.”

Ele contou ainda que a ideia de colocar a voz da mãe no álbum foi porque passou a valorizar mais os áudios dela após sua morte.

“Outro ouro na mão”

“Parece que estou com outro na mão. Parece que voltei na época de a procura de ‘A Procura da Batida Perfeita’. A proposta desse disco é uma coisa nova. Com 30 anos de carreira, 55 anos de idade, falar que tem uma coisa nova? É um privilégio. Não é uma coisa nova pra estourar e fazer sucesso. É uma coisa que acredito pra caramba”, disse o artista.

D2 ainda afirmou que, com esse novo álbum pretende levar o samba também para a “geração TikTok”.

Casamento

Ao longo da entrevista, D2 citou com bastante frequência o nome de sua mulher, a produtora Luiza Machado. Os dois se casaram em 12 de fevereiro de 2020. Desde então, a produtora influencia constantemente nos projetos do artista, como aconteceu no projeto “Assim tocam os meus tambores”, gravado e lançado durante a pandemia.

“A gente é muito ativo nesse lugar. A gente tinha acabado de se casar. Foi legal porque a gente manteve um olhar carinhoso e um olhar de admiração um pelo outro.”

D2 também relembrou todo o processo de produção do álbum, que foi gravado durante quase 200 horas de lives. “Foi um aprendizado”.

Redes sociais

O cantor afirmou que foi bastante atacado na época, mas que também recebeu o apoio de vários artistas. “Acho que aí estava começando essa guerra, esse lugar, esse rebanho que ele fez. E esses 4 anos foram bem isso. Ainda estou magoado por tanta violência que a gente sofreu. E minha imagem… ainda tem gente me odiando pra caramba.”

Planet Hemp

Além de falar sobre carreira solo, D2 também falou sobre seu trabalho com a banda Planet Hemp.

“O Planet virou um projeto especial nas nossas vidas. Tá tendo oportunidade de fazer uma coisa mais low profile e sem muito peso. Acho que o medo de a gente voltar a banda é ter aquele peso que tinha antes, de ter perseguição”, afirmou o cantor.

Apesar da alegria com a turnê, o cantor revelou que ficou triste ao lançar o álbum “Jardineiros” com o grupo.

“O dia que o disco saiu fiquei super triste. Mexeu muito comigo. Fiquei dois, três dias arrasado porque tinha feito aquele disco, por estar falando daquilo ainda em 2022, de estar lutando contra o fascismo. Estou meio cansado. Prefiro fazer um disco de fé, esperança, o Brasil merece isso.”

Empreendedor no ramo da cannabis

Marcelo D2 fala sobre seu lado empreendedor no mercado da cannabis

Além da parte musical, D2 também falou sobre seu trabalho no mercado de cannabis.

“Tem um caminho legal, mas tinha que ser mais acessível pra muita gente. Tem caminhos e muito benefício”, afirmou o artista.

Ele ainda falou sobre autorizações para cultivo e produção de maconha medicinal. “Contra a hipocrisia, o mundo inteiro entendeu o medicinal. Além de provar que ela não faz mal, começa a provar que ela faz bem.”

D2 ainda falou sobre as conversas que tem com os filhos em relação às drogas (“Eles colocam muito o álcool e o tabaco nesse lugar. Eles têm uma consciência muito maior do uso recreativo e medicinal”) e ainda brincou sobre a influência musical que eles trazem para sua vida.

“Sou influenciado pelo que eles ouvem, mas acho que influencio mais. Não deixo tocar muita música que não as que gosto em minha casa.”

Marcelo D2 no g1 — Foto: Fábio Tito/g1

Marcelo D2 no g1 — Foto: Fábio Tito/g1 – * Por Carol Prado e Gabriela Sarmento, g1

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