Em tempos digitais, entenda como despertar o interesse do público infantojuvenil pelo jornal

 

Foto: reprodução

Especialista do jornal Joca destaca a importância de as crianças lerem notícias em linguagem adequada à sua faixa etária
 

Notícia não é assunto exclusivo de adulto. Crianças e jovens podem e devem ter acesso à informação, por exemplo, por meio do jornalismo profissional. É o que preconiza a Convenção Sobre os Direitos da Criança, das Nações Unidas, e o Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil.
 

Em tempos cada vez mais digitais, em que cerca de 22,4 milhões de crianças e adolescentes do país, com idade entre 9 e 17 anos, são usuários de internet, de acordo com levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, há quem pense que pode haver um desinteresse do público infantojuvenil por produtos considerados tradicionais, como o jornal impresso. No entanto, uma iniciativa de jornalismo infantojuvenil tem demonstrado exatamente o contrário.
 

“Com o bom e ‘velho’ jornal, o jovem cria uma relação concreta com a notícia. A experiência de folhear um impresso especializado neste público, compreendendo a divisão física das seções, familiarizando-se com a leitura em ordem de colunas e as diferenças entre os gêneros textuais que compõem uma mesma publicação, possibilita um maior envolvimento com o jornal e ajuda a aproximar a criança ou o adolescente do mundo das atualidades”, revela a jornalista Maria Carolina Cristianini, editora-chefe do jornal Joca, publicação especializada em notícias para crianças e jovens.
 

Com mais de 300 mil assinantes no país, o periódico impresso, idealizado pela editora Magia de Ler, tem feito parte da rotina escolar de unidades públicas e privadas em todas as regiões do país e despertado o interesse do estudante por se informar com conteúdos da atualidade por um meio bem clássico.
 

Mesmo com a proporção de usuários de crianças e jovens conectadas avançando no uso de redes sociais — de 2019 a 2021, houve crescimento de 10% — é importante entender que o acesso ao conteúdo online não tem uma única finalidade, existindo uma diferença importante entre usar os meios digitais para o entretenimento e se informar por essas mesmas plataformas, segundo Maria Carolina, que também é diplomada Jornalista Amiga da Criança pela ANDI — Comunicação e Direitos.
 

“A conexão estabelecida não é a mesma. É diferente o envolvimento que o jovem sente ao assistir a um vídeo de alguém que ele admira e ler notícias apenas em formato online. A leitura digital amplia a leitura do impresso e permite o aprofundamento ou o encontro de conhecimentos. Daí a importância de esses leitores também se informarem por sites de notícia, por exemplo. Mas é nítida, na experiência de mais de dez anos do jornal Joca, que a relação com a versão impressa da publicação é para lá de importante”, esclarece.
 

No jornalismo infantojuvenil, é essencial que crianças e adolescentes se vejam representados, conferindo não só informações de assuntos que integram o seu universo e grandes temas que despertam o debate público, mas também personagens e opiniões de outras pessoas na mesma faixa de idade. Acessando um periódico especializado em notícias, esse grupo também está mais preparado para combater as informações falsas.
 

“O contato sistemático com o impresso forma o leitor de jornal, além de criar o vínculo entre o jovem e a publicação que foi feita pensando nele. Além disso, a publicação impressa também pode trazer alívio no dia a dia da criança diante de tantas interferências digitais”, esclarece Cristianini.
 

Benefícios

Por meio do acesso à informação de qualidade, proporcionada pelo jornalismo profissional focado em crianças e adolescentes, esse público pode desenvolver várias habilidades. A editora-chefe do jornal Joca e jornalista Amiga da Criança, Maria Carolina, destaca cinco principais motivos pelos quais a criança deve ler notícias com linguagem adequada à sua faixa etária:
 

— Amplia a visão de mundo: começa a formar uma visão de mundo, transcendendo o que está diretamente ao redor. Isso dá ao leitor infantojuvenil ferramentas para o convívio social e ajuda na compreensão de que estão inseridos em um universo maior.
 

— Favorece a criatividade e é fonte de inspiração: em contato com notícias que trazem os mais diversos exemplos da realidade, entre eles os que incluem soluções inusitadas para algumas situações, a criança vai sendo inspirada e tendo sua criatividade estimulada.
 

— Aprimora a linguagem e a escrita: as notícias compõem um conteúdo mais contemporâneo, que permite interação com mais variedade, por exemplo, de vocabulário, por meio de um material diferente do que a escola apresenta tradicionalmente.
 

— Desenvolve a capacidade de argumentação: permite que a criança e o adolescente ganhem, de maneira gradual, repertório sobre atualidades. Com o tempo, isso ajuda no desenvolvimento do senso crítico e das habilidades de argumentação.

— Colabora para a formação da consciência cidadã: a criança compreende a sociedade onde vive e da qual faz parte. Isso leva ao desejo de tornar melhor o local onde se está inserido. Disso surge a consciência cidadã e se forma uma geração de adultos transformados, pessoas que, em sua infância, conheceram o jornalismo por meio do jornalismo infantojuvenil.
 

“Não só a escola, mas os pais também podem ser incentivadores do hábito. O jornal pode, por exemplo, colaborar para momentos de interação em família, como conversas sobre algumas das notícias publicadas, em uma troca de ideias saudável e produtiva em casa”, finaliza.
 

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