Doenças respiratórias crescem 30% durante outono/inverno sobrecarregando as emergências


Foto: Katemangostar

A chegada do outono/inverno traz o alerta para as chamadas “doenças do inverno”, cujo percentual de incidência cresce até 30 por cento nessa época do ano. Elas incluem rinite alérgica, asma, sinusite, exacerbações de bronquite crônica, DPOC (doença obstrutiva pulmonar crônica), enfisema pulmonar e pneumonias. Diante deste quadro, o pneumologista e Diretor de Assuntos de Saúde Pública da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. Guilhardo Fontes Ribeiro, reforça a importância do cuidado para evitar essas doenças durante os períodos mais frios do ano.


De acordo com o especialista, estas enfermidades são mais frequentes neste período porque é comum a baixa umidade do ar, as alterações bruscas de temperatura e o aumento da poluição atmosférica, fatores preocupantes para quem sofre de doenças respiratórias crônicas.


“Além disso, o frio pode ressecar a mucosa das vias aéreas. Quando a temperatura cai, nós suamos menos, tendemos a beber pouca água, o que favorece esse ressecamento da mucosa, deixando-a muito mais sensível a um grande leque de doenças alérgicas e infecciosas, especialmente as virais. Sem contar que durante o inverno, aumenta a poluição, porque a dispersão da poluição não vai para grandes altitudes, irritando ainda mais as vias aéreas, abrindo espaço para as infecções”.


Outro fator que deve ser considerado, segundo o pneumologista, são as aglomerações. “Durante o inverno, as pessoas ficam mais aglomeradas, em ambientes fechados, pouco arejados, o que favorece a disseminação dessas doenças”, observa.


Dr. Guilhardo destaca que as enfermidades mais comuns nesse período podem ser  alérgicas ou infecciosas. Entre as primeiras, ele cita a rinite, caracterizada por coriza, espirro, nariz entupido. “Atrapalha a qualidade de vida, dificulta o sono, deixa as crianças mais agitadas e os adultos mais nervosos. Ela pode complicar porque acumula secreção na nasofaringe, favorecendo a sinusite, que é infecciosa. Então, a pessoa pode ter sinusite, que se manifesta por secreção amarelada, dor facial, dor ocular, eventualmente, uma paralisia facial, dor de garganta, febre”, aponta.


Outro problema extremamente associado é a asma. “O estreitamento torácico, aumento da frequência respiratória, chiado no peito, tudo desencadeado por um fator alérgeno do ambiente, como poeira, cheiro forte, que pode surgir como fator desencadeante”.

As bronquites, que podem ser alérgicas ou infecciosas, também podem ter sua incidência elevada nesse período. “Podem se apresentar com tosse, catarro amarelado. Se você tem gripe, apresenta melhora, e três ou quatro dias volta a ter tosse, catarro amarelo, já sabe que é bronquite aguda ou pneumonia”, enfatiza.

Entre os idosos ou pessoas com comorbidades, os sintomas podem não ser febre ou dor, mas as doenças podem se manifestar com quedas, confusão mental ou aumento da frequência respiratória.

“Temos também, a laringite estridulosa, que é mais frequente em crianças, com tosse rouca, sendo incomum em adultos. Outro problema importante é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, ou DPOC, que tende a se agravar, por causa das alergias e infecções virais”.

Maior risco – O alerta do especialista é mais importante, sobretudo, para as crianças com idade abaixo de cinco anos e os idosos, porque estão com o sistema imunológico em formação ou já debilitado. “As alergias e infecções são mais severas nestes períodos. No fim da vida, existe um fator agravante, que são as várias doenças associadas, como doenças cardiovasculares”.

Um maior risco também se apresenta em pessoas obesas. “Quando eles contraem uma pneumonia, por exemplo, têm grandes chances de desenvolver as formas graves, então é importante ter um cuidado especial”, conta.

Prevenção –  O pneumologista indica que existem diversas medidas que podem ser adotadas pelos pacientes, como forma de prevenção ou para não agravar um quadro pré-existente.

“A prevenção é o melhor tratamento. Algumas medidas simples podem ajudar a prevenir as doenças respiratórias, como evitar ambientes fechados e sem ventilação, lavar bem as mãos, proteger a boca ao tossir, beber bastante água e evitar o acúmulo de poeira”, diz. Ele também destacou o cuidado na hora de usar roupas de frio: é necessário estar atento porque as vestimentas podem ter ficado muito tempo guardadas, com mofos, que podem desencadear doenças leves, abrindo espaço para as doenças infecciosas.

“A alergia favorece as infecções virais. Então é preciso ter cuidado com roupa mofada e mofo na parede. Com a chuva é muito comum ter fungo na parede, aquele esverdeado. Um dos piores fungos é o ácaro dermatophagoides, que existe na poeira domiciliar, por isso é importante limpar móveis com pano úmido. É fundamental fazer higiene nasal, oral, limpar filtros de ar-condicionado, entre outros”.

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