Dia Nacional de Combate à Cefaleia: sintomas são determinantes para a indicação do tratamento mais eficaz

Foto: Drazen Zigic

Cerca de 140 milhões de brasileiros sofrem com dor de cabeça, que muitas vezes pode ser tratada de forma preventiva

Maio é considerado o mês nacional de combate à cefaleia, lembrado oficialmente no dia 19/05, doença essa que acomete cerca de 140 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), e é considerada uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Há mais de 200 tipos de dor de cabeça, e elas são divididas entre primárias, quando a dor é a própria doença, e secundárias, quando a dor é um sintoma de outra doença. Apesar de as dores de cabeça primárias serem as mais comuns, incluindo a cefaleia tensional e a enxaqueca (migrânea), as secundárias podem fazer parte de uma doença neurológica mais grave, como hipertensão intracraniana e tumores cerebrais. Assim, é fundamental a avaliação do especialista em caso de dor de cabeça de início recente, especialmente após os 50 anos, de início súbito, de caráter progressivo, que sempre afeta o mesmo lado da cabeça ou que muda suas características, por exemplo.

A enxaqueca (migrânea) é a segunda causa de cefaleia primária mais comum e é certamente a mais conhecida. Trata-se de uma doença crônica que é causada por uma disfunção neuronal resultando em anormalidades no sistema conhecido como trigeminovascular, que são responsáveis pelo surgimento da dor e outros sintomas que acompanham as crises. Embora nem todas as características precisem estar presentes para o diagnóstico, a dor na enxaqueca é classicamente moderada a intensa, latejante, de um lado da cabeça (mas pode afetar os dois lados) e piora com as atividades rotineiras, associando-se a náusea, vômito e sensibilidade à luz e ao barulho, com duração entre 4 e 72 horas.

Médico neurologista, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia e professor do curso de medicina da Unime, Luan Côrtes destaca que há tratamentos preventivos que podem evitar o avanço da dor para um quadro crônico. “O tratamento adequado das dores de cabeça exige o diagnóstico correto, que é feito pelo neurologista com base em uma entrevista detalhada com o paciente a fim de caracterizar os sintomas, no exame neurológico e, a depender do caso, em exames complementares. Além de medicamentos preventivos para evitar as crises de dor, mudanças no estilo de vida são pilares importantes do tratamento, incluindo atividade física regular, cuidados com o sono e controle do estresse e da ansiedade, frequentemente associados às dores de cabeça em geral. O excesso de medicamentos analgésicos, usados por conta própria ou prescritos por não especialistas, pode causar piora da dor de cabeça original, inclusive levando à cronificação. A importância de buscar ajuda especializada é enfatizada pela campanha ‘3 é demais’ da Sociedade Brasileira de Cefaleia: ‘mesmo que você tenha boas explicações para as suas dores, se você sente 3 ou mais dores de cabeça por mês, há mais de 3 meses, procure um médico. Você precisa de tratamento’.”

Como identificar o tipo de dor por meio dos sintomas?

  • Cefaleia tensional: A dor afeta tipicamente os dois lados da cabeça, é em peso ou em aperto (não latejante), de intensidade leve a moderada, não piorada pelas atividades habituais e não associada a vômito, embora possa haver uma sensibilidade aumentada à luz ou ao barulho.
  • Enxaqueca: A dor é tipicamente moderada a intensa, afetando um lado da cabeça (que não é sempre o mesmo e pode afetar os dois lados), latejante, piorada pelas atividades habituais e acompanhada de náusea ou vômito e de sensibilidade aumentada à luz e ao barulho (a pessoa prefere em geral ficar deitada em um quarto escuro e silencioso).
  • Cefaleia em salvas: A dor é tipicamente forte ou muito forte, sempre de apenas um lado da cabeça, durando de 15 minutos a 3 horas e acompanhada de agitação (a pessoa fica inquieta) e outros sintomas neurológicos do mesmo lado da dor, incluindo queda da pálpebra, olho vermelho, lacrimejamento, entupimento da narina ou coriza e sensação de ouvido cheio. É mais rara que as anteriores e sempre exige avaliação do especialista, porque pode ser confundida com dores de cabeça secundárias potencialmente graves (como tumores e doenças vasculares do sistema nervoso central).
  • Cefaleia hípnica: Tipicamente surge após os 50 anos e, na maioria dos casos, a dor é leve a moderada e de frequência quase diária, ocorrendo somente durante o sono e despertando o indivíduo. Assim como a cefaleia em salvas, também exige sempre a busca do especialista pela possibilidade de ser confundida com dores de cabeça secundárias.

É válido ressaltar a importância da alimentação saudável e da prática de exercícios físicos para combater os sintomas, sempre com orientação médica para que os efeitos não sejam contrários aos desejados.

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