Dia Mundial da Obesidade: Dados inéditos mostram crescimento da obesidade mórbida na Bahia

Foto: Getty Images – Istock

Sobrepeso e a obesidade são um problema de saúde pública que afeta milhões de brasileiros e, na Bahia, a situação não é diferente
 

Dados inéditos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), do Ministério da Saúde, obtidos pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, revelam que 2,7% da população na Bahia está com obesidade mórbida, um quadro de alto risco para a saúde, em 2022. Até 2019, o percentual era de 2,1%. O monitoramento também revela que outros 6,2% da população estão com obesidade severa, 18,1% com obesidade leve e 34,8% com sobrepeso.

“A obesidade, além da sobrecarga do peso, traz outros problemas de saúde como a hipertensão, o diabetes, problemas cardiovasculares e pode até aumentar o risco de alguns tipos de câncer se não houver um controle adequado. Entre os tratamentos existentes está a cirurgia bariátrica, que é um método eficaz para controle da obesidade em seus níveis mais graves”, explica um dos precursores da cirurgia bariátrica na Bahia, o Dr. Marcos Leão, que também é ex-presidente da SBCBM.

Bariátrica na Bahia

Segundo informações do DataSUS, o número de cirurgias bariátricas realizadas em toda a Bahia, de 2017 a 2022, foi de 122 cirurgias. No entanto, o estado baiano tem uma peculiaridade em relação aos demais: conta com serviços diferenciados de cirurgia bariátrica, sendo um realizado pela rede estadual e outro pela rede municipal.

Em resposta oficial, – obtida em novembro de 2022 pela SBCBM – a Secretaria Estadual da Saúde de Salvador informou que atualmente o Hospital Universitário Professor Edgard Santos, sob gestão do estado, é o único habilitado para realização de cirurgias bariátricas pelo Ministério da Saúde. Neste serviço foram realizadas 45 cirurgias bariátricas entre os anos de 2018 e 2021.

Já a gestão municipal de Salvador está financiando com recursos próprios a realização de cirurgias bariátricas no Hospital Municipal de Salvador, que informa ter executado, entre dezembro de 2020 e agosto de 2022, 352 cirurgias bariátricas.

O cirurgião Marcos Leão Vilas Bôas, alerta para o fato que a cirurgia por videolaparoscopia, incorporada apenas no ano passado pela rede pública, representa um grande avanço para a população. “Desde 1999 realizamos a cirurgia por vídeo, enquanto no sistema público era feita de forma aberta. A incorporação desta tecnologia para o paciente do SUS é fundamental, tendo em vista a sua rápida recuperação e menores índices de complicações”, reforça Marcos Leão.

Tratamento Clínico e multidisciplinar

A Bahia conta ainda com o Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA), uma Unidade de Referência Estadual do SUS, que há 24 anos atua no tratamento da obesidade.

O endocrinologista do CEDEBA, Diretor do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos para Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), Fábio Trujilho, lembra que a obesidade é uma doença crônica e multifatorial e que o tratamento do paciente deve levar em consideração toda a sua história de vida.

“Atualmente temos novas drogas muito potentes para o tratamento da obesidade. No entanto, a abordagem deve ser focada na manutenção da perda de peso e ganho de qualidade de vida”, explica o endocrinologista.

Segundo dados do CEDEBA, em 2006 haviam 328 pacientes inscritos no Programa e apenas 3 foram operados. Em 2007 o número de inscritos saltou para 651 e seis foram operados. Atualmente o programa conta com 4,6 mil matriculados e mais de mil encontram-se em pós-operatório. O Centro também promove a busca ativa dos pacientes que fizeram a cirurgia mas que abandonaram o retorno com a equipe multidisciplinar.

De acordo com a líder do núcleo de obesidade do CEDEBA, Teresa Arruti, houve uma evolução muito grande no atendimento ao paciente, ao mesmo tempo que também se constata uma maior procura.

“Cada caso é avaliado por uma equipe multidisciplinar individualmente e o paciente passa por avaliações. Antes de ser encaminhado para a cirurgia, o paciente precisa estar apto clinicamente e psicologicamente para esta mudança”, explica.

Ela conta ainda que alguns pacientes são liberados e encaminhados de forma mais rápida que outros para cirurgia, por terem uma adesão melhor à mudança de hábitos e estilo de vida e se encontram em condições psicológicas satisfatórias para reduzir o risco de complicações pós-operatórias.

Ambas as secretarias de saúde, do estado e do município informaram que não possuem registro formal da fila de pacientes que aguardam a cirurgia bariátrica. “Não existe fila de espera para cirurgia bariátrica, visto que no núcleo de obesidade do CEDEBA os pacientes são liberados e encaminhados para a cirurgia bariátrica à medida que são avaliados e preparados pela equipe multidisciplinar do núcleo de obesidade”, informa o documento.


Número de Cirurgias bariátricas no Brasil

Paralelamente ao aumento da obesidade, durante a pandemia, houve uma queda no número de cirurgias bariátricas no Brasil, devido a suspensão dos procedimentos. Com isso, muitos estados tiveram suas filas de espera ampliadas.


Nos últimos cinco anos foram realizadas 311.850 mil cirurgias bariátricas pelos planos de saúde e pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Destas 252.929 cirurgias, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), foram realizadas através dos planos e 14.850 foram feitas de forma particular.

Deste total, 44.093 procedimentos foram realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde), sendo apenas 115 procedimentos realizados na Bahia neste mesmo período, conforme dados do DATASUS.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Close