Demissão silenciosa: entenda o que causa esse fenômeno

Foto: Gpointstudio

Termo ficou popular na internet: fazer o mínimo esforço possível para realizar as tarefas do trabalho

A “demissão silenciosa”, também conhecida como quiet quitting, do original em inglês, é um tema que tem levantado muita discussão nas redes sociais: por se sentir desmotivado, o funcionário tem atitudes intencionais e conscientes de fazer o mínimo que puder para realizar o trabalho necessário.
 

Segundo a professora de Administração da Faculdade Pitágoras, Elisa Torres, esse fenômeno tem origem em algumas situações: empresas que ainda funcionam no formato de gestão vertical; empregadores ​que não sabem como reter talentos e desconhecem ferramentas de gestão; e ​colaboradores ​que estão preocupados em manter o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional, com foco nas suas necessidades individuais.
 

“O fenômeno, a princípio, tem sido percebido como um desejo urgente de mudança na cultura empresarial que valoriza a relação com os workaholics, os viciados em trabalho, reescrevendo as regras nos locais de trabalho. Porém, essa procrastinação programada também sugere incapacidade gerencial e corporativa”.
 

Na opinião da especialista, o gestor deve mapear e entender o que motiva esse comportamento displicente, para que outros funcionários não sejam contaminados: é preciso colocar em prática atitudes emergenciais e ferramentas de gestão para chegar às raízes do problema. Ferramentas como a avaliação de desempenho para mensurar a produtividade individual de cada colaborador, premiando e recompensando os melhores resultados, ajudam a despertar o sentimento de pertencimento dos colaboradores.
 

“Frustações, expectativas não alcançadas, não adequação a cultura organizacional são alguns dos efeitos da falta de comunicação assertiva. Por isso, na maioria dos casos, a comunicação transparente, sólida, sem ruídos e com utilização de feedback entre colaboradores e empresa, atenua ou até mesmo resolve diversos problemas e situações corriqueiras.
 

Elisa acrescenta que ações reativas e preventivas como pesquisas de opinião sobre os métodos de trabalho e metas, bem como a promoção de encontros regulares e informais podem resgatar a motivação dos colaboradores. Além disso, a adoção das práticas de gestão horizontal, em que o colaborador se sente importante e parte do processo, a comunicação direta de forma transparente, objetiva e com feedbacks, melhoram o clima na empresa.
 

“Conversar, sugerir, expor as suas dificuldades e expectativas para o líder faz toda a diferença. Uma conversa franca e honesta pode levar a resoluções de forma mais simples. E a partir das percepções obtidas, verificar se o que a empresa oferece, segue de acordo aos objetivos profissionais e pessoais do colaborador, e caso não seja, o posicionamento de solicitar a demissão pode ser necessário”.
 

Outro ponto que a especialista aponta como primordial para motivar os colaboradores é a criação e aplicação de um plano de carreira, pois grande parte não percebe uma definição clara sobre seus cargos, objetivos e oportunidades de crescimento. Nesse sentido, investir em educação formal e continuada de qualidade, capacitações e treinamentos podem tornar o trabalho mais fácil – e consequentemente mais eficiente.
 

A professora lembra ainda que durante a pandemia de Covid-19, com o trabalho home office, colaboradores acumularam funções e carga horária, e as fronteiras entre descanso e trabalho foram desfeitas.
 

“Há décadas, a intensidade do trabalho vem crescendo e com metas cada vez mais ambiciosas. Por esse motivo, é urgente e necessária a busca por um ambiente de trabalho saudável, com avaliação das condições de risco no ambiente, comunicação interna fluente estabelecendo um canal de diálogo direto entre empregados e empregadores, além da prática de momentos de socialização interpessoal com objetivo de motivar e fortalecer as equipes”, finaliza a docente.

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