Colunista Moacir Saraiva: “Deus toca certo por sons errados”

         Nos meados do ano de 2010, estava o rapaz sobre o teto do carro, ao lado de uma caixa de som potente, em uma loja de conveniência de um posto de gasolina, na entrada da cidade, com uma lata de cerveja, se rebolando embalado pelo somnas alturas. Ele e uns amigos que estavam no chão e na mesma pegada. O carro estava próximo às bombas, mas não impedia de haver o abastecimento, apenas os decibéis elevados atrapalhavam até a comunicação entre o frentista e um condutor que viesse abastecer, por isso alguns veículos encostavam na bomba dos combustíveis e saiam, sem abastecer, pois algunscondutores,além de não suportarem o barulho, não conseguiam se comunicar com o frentista.

         A cerveja descia, o som estridente, a dança continuava e muitos petiscos também abasteciam o rapaz, que agora já estava no chão, e seus amigos. Ele pareciater seus 25 anos e todos acompanhavam a música cantando. No momento, o som estridente saído da caixa de som era um pagode cujos versos remetiam a movimentos do corpo e todos eles obedeciam a letra e haja remelexo do sujeito e seus comparsas.

         Todos se rebolando e encostou um carro popular, cuja condutora era uma bela jovem, ela, de dentro do veículo, não conseguiu chamar a atenção do rapaz da bomba, diante disso, ela desceu, pois o carro já estava na reserva e ela precisava abastecer. E, ao invés de se dirigir ao homem da bomba, ela se dirigiu ao rapaz que ela detectou como o líder dos dançarinos e a ele se dirigiu, educadamente:

         – Rapaz, você está atrapalhando muita gente com esse som.

         O rapaz, olhou para a moça de cima abaixo e falou com deboche:

         – Garota, se estás incomodada se retire do ambiente, nós já estávamos aqui, portanto, até mais.

         A moça encarou e foi taxativa e com voz mansa, mas firme e disse:

– Vou abastecer, aqui, e você vai baixar o som, por bem ou por mal.

O moço gostou da atitude da moça, pois jamais uma jovem falara com ele de forma firme e sem baixaria. E para ver até onde ela ia, olhou bem nos olhos dela e disse sem elevar a voz:

– Bela e educada, menina, dê seu jeito e abasteça.

Ela se aproximou do carro dele e empurrou a caixa do som que caiu e com as avarias parou de tocar.

Todos ficaram em silêncio para ver a reação dos dois, ela, com tranquilidade, se aproximou do frentista e pediu para ele abastecer.

Após efetuar o pagamento ao posto, ela entrou no carro e o rapaz barulhento se aproximou dela e, com educação, falou:

– Menina, gostei de tua atitude, educada e firme.

Ela retrucou:

– Você também é um bom sujeito, e, por favor, me dê seus dados bancários a fim de eu transferir o valor da caixa de som, pois sei quanto custa.

Ele fitando-a com muito carinho, falou:

-Não se preocupe com isso, hoje tive um grande aprendizado na minha vida.

Hoje, os dois são casados se amam e têm três filhos.

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