Colunista Joice Vancoppenolle: Chegada do vinho ao Brasil

Aconteceu num outono, trinta e dois anos após o descobrimento do Brasil, que a primeira videira chegou em nossas terras com o donatário Martin Afonso de Sousa. Porém, o vinho já era consumido por nossos colonizadores portugueses que desbravaram o oceano em busca de um novo continente.

O vinho era usado como forma de lastro para os navios e incentivo para a tripulação; afinal ninguém em sã consciência embarcaria em um navio rumo ao desconhecido sem estar com algum grau de álcool no sangue. Diante destas informações, podemos afirmar que o primeiro contato do vinho com terras brasileiras foi nas embarcações de Pedro Álvares Cabral.

O fidalgo Brás Cubas, logo que desembarcou em terras brasileiras, tentou pela primeira vez o plantio de vinhedos, em Cubatão,  interior de São Paulo, mas não obteve êxito devido ao clima muito úmido. Por volta de 1551, ele plantou novos vinhedos nos arredores de Tatuapé, bairro da atual capital paulista no Planalto de Piratininga, fracassando pela segunda vez, pois a descoberta do ouro fez com que muitos trabalhadores abandonassem a atividade agrícola. Posteriormente, portugueses tentaram o cultivo de uvas em diversas regiões do país. Mas, foi no Rio Grande do Sul que as parreiras  frutificaram com mais intensidade.

Em 1756, o Marquês de Pombal fundou em Portugal a companhia Geral das Vinhas do Alto Douro e não apenas proibiu a produção de vinhos no Brasil, como obrigou o país a comprar todo o excedente de produção portuguesa. Esse quadro só foi revertido em 1808 com a chegada da família real ao Brasil, que iniciou novamente uma produção local.

Com o despovoamento do Rio Grande do Sul em 1875, após a guerra do Paraguai, iniciou-se um movimento estratégico de incentivo à imigração, loteando terra do império na região para imigrantes alemães e italianos. Esses lotes logo se tornaram locais de grandes produções de vinhos. O cultivo foi bem sucedido e a varietal Isabel passou a dominar em todo o estado rio grandense, fazendo desaparecer quase que totalmente as castas europeias. Até hoje a Isabel ainda é a uva mais plantada no Rio Grande do Sul.

A qualidade do vinho nacional melhorou com a participação de multinacionais no setor. A primeira foi a italiana Martini & Rossi seguida por Château Duvalier, Moët & Chandon, Maison Forestier e Almadén. Esta última, foi adquirida pelo grupo Miolo em 2009. É impossível falar nessas multinacionais e não lembrar dos vinhos doces alemães da “garrafa azul”. Foi a época em que o brasileiro começou a beber vinho, pois este é o caminho natural: começar pelos vinhos mais doces depois migrar para os vinhos mais sofisticados. Todo esse movimento acontecendo e eu estava mais preocupada em concluir o ensino médio, pois ainda não era fascinada por vinhos. Quando experimentei vinho pela  primeira vez foi em um almoço oferecido por uma tia minha. Era o verde português, Casal Garcia. Tinha uma cor linda e transparente, com uma frescura deliciosa. Na época eu ainda não tinha preocupação em aprender tanto assim. Porém, não esqueci e até hoje harmonizo esse vinho com pratos como bacalhau e frutos do mar ou simplesmente como aperitivo em dias muito quentes.

Quinhentos anos após os portugueses chegarem aqui, muita coisa mudou, muitas culturas foram trazidas para nós, inclusive o hábito de cultivar e beber vinho. Hoje, a produção nacional é de 346 milhões de litros, um total de 90 mil hectares plantados e um consumo per capita de 3 litros por ano. São alguns estados produtores no Brasil: São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul. A produção varia entre espumantes, tintos, brancos e rosés de diversas cepas.

“Fazer amor sem amar é como taça sem vinho, roupa sem etiqueta. No fundo você sabe que faz falta , que é essencial. A arte do amor é amar. Amar com amor, sem medida, sem pudor.”

Autor desconhecido

 

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