CENSO 2022: Bahia tem maior população quilombola do país, 397.059 pessoas, mas 3ª menor proporção em áreas oficialmente delimitadas (5,23%)

Recenseadoras quilombolas da Ilha de Maré. Salvador-BA, 2022. Foto Heitor Monte

Censo 2022: BA tem maior população quilombola do país, 397.059 pessoas, mas 3a menor proporção em áreas oficialmente delimitadas (5,23%)

** Bahia concentra 3 de cada 10 quilombolas brasileiros, ou 29,9% de cerca de 1,3 milhão de pessoas autodeclaradas quilombolas no país;

** Os quilombolas representam 2,81% da população baiana, proporção bem acima da nacional (0,65%) e a 2a mais alta entre os 27 estados, abaixo do Maranhão (3,97%);

** Em 2022, havia presença de quilombolas em 7 de cada 10 municípios baianos: 308 das 417 cidades do estado (73,9% do total). No Brasil como um todo, foi verificada a presença quilombola em 1.696 municípios, 30,4% dos 5.570;

** Metade (5) dos 10 municípios brasileiros com mais quilombolas está na Bahia, liderados por Senhor do Bonfim (15.999 pessoas) e Salvador (15.897), que é a capital com mais quilombolas no país;

** Já em termos percentuais, só Bonito, com metade da população declarada quilombola (50,28% ou 7.967 pessoas) está entre os 10 municípios brasileiros com maiores proporções de quilombolas na população total (em 5o lugar);

** Em 2022, na Bahia, 20.753 quilombolas viviam nos 48 territórios oficialmente delimitados. Embora seja o 3o maior número absoluto, isso representa apenas 5,23% do total de quilombolas baianos/as, 3o menor percentual dentre os estados;

** Tijuaçu, no Norte da Bahia, é o território oficial com maior população quilombola do estado (2.865 pessoas) e 8o do país;

* Estas são algumas informações dos primeiros resultados do questionário do universo do Censo Demográfico 2022 para as pessoas que se declararam quilombolas;

** Depois de 150 anos, em 2022 o Censo incluiu a autoidentificação quilombola como uma variável de investigação, apresentando as primeiras estatísticas oficiais sobre essa população, na história do país;

** Elas são resultado de duas perguntas inseridas no questionário, com metodologia adaptada: “Você se considera quilombola?” “Qual o nome da sua comunidade?”;

** A inclusão foi realizada após um processo de consulta livre, prévia e esclarecida a entidades representativas do movimento quilombola no Brasil e possibilitada pelo esforço conjunto entre o IBGE e essas instituição em elaborar uma cartografia censitária que identificou não apenas os territórios quilombolas oficialmente delimitados, mas todas as localidades com algum tipo de ocupação quilombola constatada ou potencial;

** Acompanhe estes e todos os demais resultados do Censo no site
https://censo2022.ibge.gov.br/panorama.

Em 2022, a Bahia era o estado com a maior população quilombola do país: 397.059 pessoas, que representavam 3 em cada 10 (29,9%) dos 1.327.802 quilombolas identificados pelo Censo Demográfico, no Brasil.

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Reunião de abordagem na Comunidade Quilombola Cachoeira Lisa. Wenceslau Guimarães-BA, 2022. Foto Tatiane Santana dos Santos

Abaixo da Bahia vinham Maranhão (269.074 quilombolas ou 20,3% do total do Brasil) e Minas Gerais (135.310 ou 20,3% do nacional). Somando-se os 5 estados com os maiores contingentes de quilombolas, chegava-se a pouco mais de 3/4 de toda a população quilombola brasileira (76,46%)

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Assim como ocorria com a população, segundo o Censo 2022, a Bahia também era o estado com o maior número de domicílios particulares permanentes ocupados em que ao menos uma pessoa era quilombola: 149.287. Eles representavam 3 em cada 10 domicílios quilombolas do Brasil (31,5% dos 473.970 identificados).

As pessoas autodeclaradas quilombolas eram 2,81% da população baiana. Essa proporção foi bem superior à verificada no Brasil como um todo, onde 0,65% de toda a população era quilombola, e a 2a mais elevada do país, menor apenas do que a do Maranhão, onde 3,97% da população eram quilombolas.

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Dentre todos os domicílios ocupados na Bahia, 2,93% tinham ao menos um/a morador/a quilombola, também uma proporção bem acima da nacional (0,65%) e a segunda maior entre os estados, só abaixo do Maranhão (4,20%).

Metade (5) dos 10 municípios brasileiros com mais quilombolas estão na Bahia, liderados por Senhor do Bonfim (15.999 quilombolas)

Reunião de abordagem na Comunidade Quilombola São Pedro. Monte Santo-BA, 2022. Foto Fernando Abreu Santo

Em 2022, foi verificada a presença de quilombolas em 7 de cada 10 municípios baianos: 308 das 417 cidades do estado (73,9% do total). No Brasil como um todo, foi verificada a presença quilombola em 1.696 municípios, 30,4% dos 5.570.

Metade (5) dos 10 municípios brasileiros com maior número de quilombolas estava na Bahia. Senhor do Bonfim, com 15.999 quilombolas, liderava o ranking nacional, seguido por Salvador (15.897) e Alcântara/MA (15.616). Campo Formoso (8o lugar, com 12.735 quilombolas), Feira de Santana (9o, com 12.190) e Vitória da Conquista (10o, com 12.057) eram as outras cidades da Bahia presentes no top-10.

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Em termos percentuais, porém, só o município baiano de Bonito, com metade de sua população declarada quilombola (50,28% ou 7.967 pessoas) estava entre as 10 cidades brasileiras com maior proporção da população quilombola, ocupando o 5o lugar. Nacionalmente, Alcântara/MA (84,57%), Berilo/MG (58,37% ou 5.735 quilombolas) e Cavalcante/GO (57,08% ou 5.473 quilombolas) lideravam.

Na Bahia, abaixo de Bonito, os municípios com maiores proporções de quilombolas na população em geral eram Mulungu do Morro (38,49% ou 5.062 quilombolas), Filadélfia (35,46% ou 6.346), Antônio Cardoso (33,70% ou 3.756) e América Dourada (31,23% ou 4.727).

Líder nacional em termos absolutos, Senhor do Bonfim tinha 21,48% de sua população declarada quilombola, ocupando a posição de número 73 no Brasil e 18 na Bahia. Já em Salvador, o 2o maior contingente de quilombolas de todos os municípios e o maior entre as capitais do país representava apenas 0,66% de população total, posição número 205 na Bahia e 923 no Brasil, e uma proporção menor do que as de Macapá/AP (2,02% da população declarada quilombola) e São Luís/MA (0,80%).

Na Bahia, apenas 5,23% da população quilombola vivem em um dos 48 territórios oficialmente delimitados, 3o menor percentual do país

Embora abrigasse o maior número e a 2a maior proporção de quilombolas do país, a Bahia tinha, em 2022, o 3o menor percentual desses quilombolas vivendo em territórios oficialmente delimitados.

Das 397.059 pessoas que se declararam quilombolas no estado, 20.753 moravam nas 48 áreas em alguma etapa do processo de delimitação formal, o que correspondia a 5,23% do total de quilombolas baianos/as.

No Brasil como um todo, essa proporção chegava a 12,59%, e 167.002 quilombolas (de um total de 1,3 milhão) moravam em territórios delimitados.

O Pará tinha o maior número absoluto de quilombolas em territórios oficializados (44.533, que representavam 32,98% do total de quilombolas no estado). Em seguida vinha o Maranhão (29.044 ou 10,79% do total). A Bahia ficava em 3o lugar em termos absolutos, por ter o maior quantitativo de quilombolas do país.

Porém, em termos percentuais, Amazonas (com 45,43% dos quilombolas em territórios delimitados, ou 1.229), Sergipe (45,24% ou 12.724) e Mato Grosso do Sul (44,97% ou 1.145) lideravam, enquanto a Bahia só ficava acima de Alagoas (1,83% dos quilombolas em territórios delimitados ou 691) e Minas Gerais (3,38% ou 4.576).

Com quase 95,0% das pessoas autodeclaradas quilombolas morando em localidades não reconhecidas oficialmente, a Bahia tinha, em 2022, a maior população quilombola vivendo fora dos territórios delimitados: 376.306 pessoas.

Bom Jesus da Lapa era o município baiano com maior número absoluto de quilombolas vivendo em território delimitado (3.757 ou 49,18% do total). Nacionalmente, a cidade também se destacava, ficando na 5a posição, num ranking liderado por Alcântara/MA (9.868), Abaetetuba/PA (7.528) e Oriximiná/PA (4.830).

Na Bahia, abaixo de Bom Jesus da Lapa vinham Senhor do Bonfim (2.347 quilombolas em territórios, 14,67% do total), Malhada (2.151, ou 82,38%), Cachoeira (1.410 ou 20,22%) e Maragogipe (1.382 ou 23,79%).

Malhada era o município baiano com maior proporção de quilombolas vivendo em territórios formalizados (82,38%) e o mais bem posicionado nacionalmente, ocupando a 53a posição. Na Bahia, Sítio do Mato ficava em 2o lugar (54,62% ou 579 quilombolas em territórios) e Bom Jesus da Lapa vinha em 3o (49,18%).

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Tijuaçu, no Norte da Bahia, é o território oficial com maior população quilombola do estado (2.865 pessoas) e 8o do país

Dentre os 48 territórios quilombolas em alguma etapa do processo de delimitação e titulação na Bahia, Tijuaçu é onde estava a maior população quilombola: 2.865 pessoas. Considerando todos os 494 territórios formalizados no país, Tijuaçu ocupava a 8a posição em população quilombola residente, num ranking liderado por Alcântara/MA (9.344 quilombolas), Alto Itacuruçá, Baixo Itacuruçá, Bom Remédio/PA (5.638) e Lagoas/PI (5.042).

O território de Tijuaçu fica entre os municípios de Senhor do Bonfim, Filadélfia e Antônio Gonçalves, a cerca de 450 km de Salvador.

Na Bahia, em número de quilombolas residentes, depois de Tijuaçu, vinham os territórios de Parateca e Pau D’arco, em Malhada (1.785 quilombolas); Rio das Rãs , em Bom Jesus da Lapa (1.564); Guerém Baixão do Guaí, Quizanga, Tabatinga, Guaruçú, Giral, em Maragogipe (1.274); e Ilha de Maré, em Salvador(1.170).

Antônio Santana responde ao Censo. Território Quilombola da Ilha de Maré, Salvador-BA, 2022. Foto Heitor Montes.

Nem todas as pessoas que residem nos territórios quilombolas são quilombolas. Na Bahia, os quilombolas representavam 92,46% de quem morava nas localidades reconhecidas oficialmente. Em 8 dos 48 territórios do estado, os quilombolas eram a totalidade dos moradores (100%):Caonge/Dendê/Engenho da Ponte e outras; Barra e Bananal; Riacho da Sacutiaba e Sacutiaba; Capão das Gamelas; Salamina Putumuju; Porto do Campo; Rio dos Macacos; e Mata do Sapê.

*Agência IBGE Notícias.

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