BGE-BA: Após pandemia, em 2022, desigualdade de gênero na realização de afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas seguiu em alta na BA

Foto: Divulgação/ IBGE/ Cal Guimarães 

Após pandemia, em 2022, desigualdade de gênero na realização de afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas seguiu em alta na Bahia

** No ano passado, no estado, 91,3% das mulheres realizavam afazeres domésticos e/ou cuidavam de pessoas em casa ou na casa de parentes; entre os homens a proporção era de 75,0%, o que significava uma taxa 16,3 pontos percentuais (pp) maior para elas;

** Essa diferença cresceu em relação a 2019, quando era de +16,1 pp, é maior do que verificada no Brasil como um todo (+11,3 pp para as mulheres) e a 6a mais elevada dentre os 27 estados (era a 8a em 2019);

** Em 2022, as mulheres baianas dedicavam, em média, 23,1 horas por semana a afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, mais do que o dobro do tempo dos homens (10,9h). Diferença também cresceu frente a 2019;

** A Bahia foi um dos cinco estados onde essa desigualdade aumentou, tornando-se a 4a maior do país (era a 10a em 2019);

** Na Bahia, somando o tempo dedicado ao trabalho remunerado e aos afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas, as mulheres trabalham quase 4 horas por semana a mais do que os homens;

** No estado, a diferença entre mulheres e homens na realização de afazeres e/ou cuidados é menor entre pessoas que se declaram brancas, com maior nível de instrução e que são apontadas como responsáveis pelo domicílio;

** Desigualdade por sexo é menor na organização da casa e cuidados com animais e maior na cozinha e limpeza de roupas e sapatos;

** No cuidado com pessoas, desigualdade por sexo é menor em ler, jogar e brincar e no transporte e maior em auxiliar nos cuidados pessoais e educação;

** As informações são do módulo temático sobre Outras Formas de Trabalho, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC). Ele investiga o trabalho não remunerado (cuidado de pessoas, afazeres domésticos, trabalho voluntário e produção para o próprio consumo), independentemente da ocupação (trabalho remunerado), seguindo recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Devido à pandemia da COVID-19, esse tema não foi investigado nos anos de 2020 e 2021, retornando a campo em 2022 

Após os dois anos mais agudos da pandemia de COVID-19 (2020 e 2021), em 2022, as desigualdades entre mulheres e homens na realização de afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas voltaram a crescer na Bahia, tanto no que diz respeito à proporção das pessoas que executavam esse tipo de trabalho não remunerado quanto ao tempo semanal dedicado a essas atividades.

Historicamente, no Brasil e em todos os estados, a proporção de mulheres que realizam afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas é maior do que a de homens.

No ano passado, na Bahia, 91,3% das mulheres de 14 anos ou mais de idade realizavam essas formas de trabalho, enquanto entre os homens a proporção era de 75,0%, o que significava uma taxa 16,3 pontos percentuais (pp) maior para elas. 

No país como um todo, a diferença era menor: 92,1% das mulheres realizavam afazeres e/ou cuidados, frente a 80,8% dos homens (+11,3 pp para elas).

Frente a 2019, a taxa de realização de afazeres ou cuidados caiu para todas as pessoas, mulheres e homens, mas, na Bahia, o recuo masculino foi um pouco mais intenso do que o feminino, por isso a diferença por sexo cresceu. Antes da pandemia, no estado, 76,6% dos homens e 92,7% das mulheres realizavam afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas (16,1 pp a mais para elas).

Foi o segundo crescimento consecutivo da desigualdade por sexo na proporção de quem realizava afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, na Bahia. Ela já havia subido de 2018 para 2019, após ter recuado por dois anos, entre 2016 e 2018.

Ainda que o aumento não tenha sido grande, ele foi na contramão do que ocorreu em nível nacional. No Brasil como um todo, a taxa de realização de afazeres e/ou cuidados de pessoas das mulheres recuou mais do que a dos homens, e a diferença por sexo nesse indicador diminuiu um pouco. Também foi suficiente para fazer a Bahia subir duas posições no ranking dessa desigualdade, de 8a maior diferença por sexo antes da pandemia para 6a maior depois da pandemia.

Entre os dez estados com maiores diferenças por sexo na taxa de realização de afazeres e/ou cuidados, oito são do Nordeste. Apenas o Rio Grande do Norte fica de fora desse top-10, em 12o lugar. 

Em 2022, na BA, mulheres dedicavam 23,1 h/semana a afazeres e/ou cuidados, mais que o dobro do tempo dos homens (10,9h). Diferença cresceu frente a 2019

Além de realizarem proporcionalmente mais afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas, as mulheres também dedicam, em média, muito mais tempo a essas formas de trabalho não remunerado dos que os homens. É assim em todo o Brasil.

Mas a Bahia foi um dos cinco estados onde essa desigualdade por sexo no número de horas dedicadas a afazeres e/ou cuidados cresceu entre 2019 e 2022, passando a ser a 4a maior diferença do país, no ano passado.

Em 2022, na Bahia, as mulheres dedicavam, em média, 23,1 horas semanais a afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas no próprio domicílio ou na casa de parentes. Era mais do que o dobro (+12,2 horas) do tempo dos homens: 10,9 horas. 

Antes da pandemia, em 2019, embora já fosse mais do que o dobro, a diferença era menor: de mais 11,3 horas semanais para as mulheres, que dedicavam 21,2 horas frente a 9,9 horas dos homens. 

Mais uma vez, o estado foi na contramão do país como um todo e de 21 das 27 unidades da Federação, onde houve redução nessa desigualdade (o Amapá teve estabilidade nesse indicador, entre os dois anos). 

No Brasil, em 2022, as mulheres dedicavam em média 21,3 horas semanais a afazeres e/ou cuidados, 9,6 horas a mais do que os homens (11,7 horas). Em 2019, a diferença era de 10,6 horas a mais para elas.

De 2019 para 2022, a Bahia também subiu no ranking da desigualdade por sexo no tempo dedicado a afazeres e/ou cuidados, de 10a para a 4a maior. Mais uma vez, dos dez estados com as maiores diferenças, oito são do Nordeste. Apenas o Maranhão (+9,1 horas para as mulheres) fica de fora, na 12a posição.

Na Bahia, somando trabalho remunerado e afazeres e/ou cuidados, as mulheres trabalham quase 4 horas a mais por semana do que os homens

Mesmo quando têm um trabalho remunerado (isto é, estão ocupadas), as mulheres ainda dedicam, em média, muito mais tempo aos cuidados com a casa e/ou outras pessoas do que os homens. 

Na Bahia, em 2022, as mulheres ocupadas que realizavam afazeres e/ou cuidados, trabalhavam “fora” em média 33,0 horas por semana e ainda dedicavam outras 19,0 horas semanais aos afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas, somando 52,0 horas semanais nas duas formas de trabalho. 

Já os homens ocupados que realizavam afazeres e/ou cuidados trabalhavam “fora” mais horas que as mulheres (37,9 horas ou 4,9 horas a mais), mas dedicavam à casa bem menos tempo do que elas (10,3 horas ou 8,7 horas a menos). Somavam, assim, 48,2 horas nas duas formas de trabalho – 3,8 horas a menos do que as mulheres. 

Essa diferença praticamente não se alterou frente a 2019, quando era de menos 3,9 horas semanais nas duas formas de trabalho, para os homens. Na Bahia, ela seguia, em 2022, um pouco maior do que no país como um todo. 

No Brasil, as mulheres que tinham uma ocupação remunerada e realizavam afazeres e/ou cuidados trabalhavam por semana um total de 53,5 horas, somando as atividades remuneradas e não remuneradas. Já os homens, nas mesmas condições, trabalhavam um total de 51,3 horas semanais, ou 3,2 horas a menos.

Diferença por sexo na realização de afazeres e/ou cuidados é menor entre pessoas brancas, mais instruídas e que são responsáveis pelo domicílio

Apesar de a taxa de realização de afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas ser sempre maior entre as mulheres do que entre os homens, há algumas situações em que essa diferença se reduz, e outras em que ela se acentua.

Na Bahia, em 2022, a desigualdade por sexo na taxa, ou seja, no percentual de pessoas que realizavam afazeres e/ou cuidados, era menor quando elas se declaravam brancas (87,4% das mulheres brancas realizavam, frente a 72,9% dos homens); entre as pessoas mais instruídas (92,3% das mulheres com Ensino Superior completo realizavam, frente a 81,6% dos homens); ou quando as pessoas eram apontadas como responsáveis pelos domicílios em que residiam (94,1% para as mulheres nessa condição, frente a 84,5% para os homens).

Por outro lado, a desigualdade nesse indicador era maior entre as pessoas que se declaravam pardas (92,0% das mulheres realizavam afazeres/cuidados frente a 75,2% dos homens); quando tinham Ensino Fundamental completo a Médio incompleto (94,4% para as mulheres frente a 72,8% para os homens); e quando, no domicílio, as pessoas eram apontadas como filhas ou enteadas (86,3% das mulheres nessa condição realizavam afazeres e/ou cuidados frente a 61,8% dos homens).

Desigualdade por sexo é menor na organização da casa e nos cuidados com animais e maior na limpeza de roupas e sapatos e na cozinha

Considerando só os afazeres domésticos realizados no próprio domicílio, também há diferentes graus de desigualdade entre as atividades mais executadas proporcionalmente por mulheres e homens. 

Na Bahia, em 2022, as mulheres tinham uma maior taxa de realização de quase todos os afazeres domésticos. A única exceção era fazer pequenos reparos ou manutenção do domicílio, do automóvel, de eletrodomésticos ou outros equipamentos, realizado por 29,7% das mulheres e 51,5% dos homens.

As maiores desigualdades por sexo, no estado, estavam em cuidar da limpeza ou manutenção de roupas e sapatos, atividade realizada por 94,1% das mulheres e 58,6% dos homens; e em preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça, realizada por 95,6% das mulheres e 60,7% dos homens. 

Por outro lado, os afazeres mais igualitários eram cuidar da organização do domicílio (pagar contas, contratar serviços, orientar empregados etc.), realizado por 71,2% das mulheres e 68,9% dos homens na Bahia; e cuidar dos animais domésticos, realizado por 46,5% das mulheres e 43,6% dos homens.

Já considerando só os cuidados com pessoas moradoras do mesmo domicílio, voltados majoritariamente para crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, embora a proporção de mulheres fosse maior em todas as atividades realizadas, a diferença em relação aos homens era muito menor no que dizia respeito a ler, jogar ou brincar (realizado por 73,9% das mulheres e 72,0% dos homens) e transportar ou acompanhar para escola, médico, exames, parque, praça, atividades sociais, culturais, esportivas ou religiosas (realizado por 66,5% das mulheres e 62,1% dos homens).

Por sua vez, as maiores diferenças por sexo estavam no auxílio com cuidados pessoais (realizado por 88,4% das mulheres e 68,6% dos homens) e com as atividades escolares (realizado por 70,0% das mulheres e 56,3% dos homens).

Em 2022, na Bahia, taxa de realização de outras formas de trabalho caiu ao menor patamar desde 2017 (84,5%)

Em 2022, na Bahia, a proporção de pessoas que fizeram algum trabalho não remunerado (taxa geral de realização de outras formas de trabalho) caiu pela segunda vez – já havia recuado entre 2018 e 2019 – e foi a mais baixa desde 2017. No ano passado, 84,5% da população baiana de 14 anos ou mais de idade realizaram alguma outra forma de trabalho, frente a 86,0% em 2019 e 86,9% em 2018. 

Quase todos os tipos de trabalho não remunerado tonaram-se menos frequentes no estado, à exceção do trabalho voluntário, que teve uma variação positiva bem discreta na taxa de realização, de 3,5% em 2019 para 3,7% em 2022. 

A taxa que mais caiu foi a de realização de cuidados de parentes que moravam ou não no domicílio, de 33,6% em 2019 para 29,7%; seguida pelas taxas de realização de afazeres domésticos no próprio domicílio ou de parente (de 83,3% para 82,1%) e de produção de bens para o próprio consumo (de 10,4% para 9,2%).

Fonte-Supervisão de Disseminação de InformaçõesUnidade Estadual do IBGE na Bahia

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