Bahia promove o maior encontro nacional de artesãs e artesãos, durante o 1º Festival de Artesanato Nacional no estado

Abertura do 1º Fenaba. Foto Fernando Vivas GOVBA 

São 20 rotas de artesanato, incluindo Trançados, Caroá, Couro, Sisal, Cerâmica, Piaçava, Pau Brasil e da Palha – uma amostra da diversidade da Bahia.
Há sete décadas, as mãos habilidosas da mestra artesã Maria do Carmo Amorim dão um toque especial à fabricação de rendas no município de Saubara. Dona Maria faz parte da quarta geração de uma família de mulheres rendeiras do município, que teve a vida transformada pelo artesanato e que, desta sexta-feira (17) até o próximo domingo (19), vai expor e comercializar seus produtos, ao lado de mais 200 artesãs e artesãos, no 1º Festival Nacional de Artesanato na Bahia – FENABA, na Arena Fonte Nova, em Salvador, com entrada gratuita.
Maria do Carmo, fundadora da Associação de Artesãos de Saubara, junto a outras 30 artesãs, tiveram o trabalho reconhecido nacionalmente nas telas da TV, ao utilizar a técnica ancestral do bilro (um tipo de renda produzida pelo cruzamento sucessivo ou entremeado de fios têxteis, executado sobre o pique e com a ajuda de alfinetes e dos bilros). As rendeiras de Saubara foram responsáveis pela confecção das peças que cobrem o vestido de noiva de Maria Santa, a Santinha, personagem da atriz Duda Santos, no remake da novela “Renascer”. 
“Comecei a fazer renda aos 7 anos e foi uma surpresa receber o convite para confeccionar duas toalhas de renda de dois metros para esse vestido. Foram dois meses de trabalho e muita dedicação. Ficamos muito felizes com esse reconhecimento nacional para as artesãs de Saubara. Essa é uma vitória de todas nós”, comemorou a artesã. 
O Festival conta com a presença majoritária de expositoras mulheres, e se destaca como instrumento de empoderamento feminino, que se traduz como um ofício gerador de renda e independência financeira para muitas delas. Célia Amorim, 62 anos, mestra de tecelagem e pintura em tecido, dá aulas para indígenas de aldeias da Costa do Descobrimento há 30 anos. Ela contou que planta o algodão, fia e tece. “É um trabalho muito sustentável. Com o algodão eu faço vestidos, bolsas, echarpes, kaftans.  Reaproveito o material. Até mesmo retalhos que vão ser jogados fora eu reaproveito e faço bolsas”. Sobre a participação na Fenaba, ela foi enfática. “Esse evento é muito importante pra gente mostrar a Bahia para o Brasil inteiro”. 
Diversidade cultural 
Esse é o primeiro ano do festival nacional, que é realizado pela Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), através da Coordenação de Fomento ao Artesanato (CFA), em parceria com as Secretarias da Cultura (Secult), do Turismo (Setur) e de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). Inspirado na expressão “Fé na Bahia”, o objetivo é dar maior visibilidade e articular políticas públicas voltadas para o desenvolvimento do artesanato, com a valorização dos artistas e ações voltadas para a geração de trabalho e renda. 
A Bahia está entre os três maiores polos do artesanato do Brasil, com 20 rotas em todo o estado, nas diversas regiões. “Aqui temos os mestres e as mestras, temos os povos originários, os povos tradicionais. Se configura como uma vitrine para o artesanato, que valoriza a nossa identidade cultural e representa uma atividade de geração de emprego e renda. O nosso desejo é firmar essa agenda no calendário nacional para que coloquemos o artesanato da Bahia em outro patamar”, recomendou o secretário da Setre, Davidson Magalhães. 
Com expectativa de receber 3.500 visitantes por dia, 235 estandes mostram a riqueza e a diversidade cultural em 20 rotas de artesanato da Bahia e de outras regiões do Brasil, num grande encontro entre artes, saberes e tradições e muita criatividade, com uma extensa programação para toda a família. 
A designer de produtos, Rebeca Simas, estava empolgada para comprar peças confeccionadas por indígenas e garantiu um brinco logo na chegada. “Sou apaixonada pelo trabalho deles, porque falam da identidade da Bahia. Tem uma questão ancestral que traz uma energia boa para a gente. Me identifico com as cores, com essa questão de se adereçar. Acho muito bonito”, disse. 
Além da Bahia, representada pela Federação de Associações de Artesãos do Estado da Bahia (FAAEB) e dez Federações Nacionais representando a Confederação Brasileira de Artesãos (CONART – Brasil), estão presentes os estados de Alagoas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Piauí, Sergipe, São Paulo e o Distrito Federal. 
A Fenaba conta com expositores de técnicas do artesanato, como renda, bordado, tecelagem, pintura, cerâmica, entalhe em madeiras, trançado, crochê, fuxico, ourivesaria, costura em retalho, redes e objetos produzidos a partir de matérias-primas como coco, palha, fibra, piaçava, sementes, escamas de peixes e conchas. São peças que resultam de diferentes tipologias, que contam história e exaltam a criatividade das artesãs e artesãos de diferentes regiões da Bahia e do Brasil. 
Espaços e localização no Festival
Entre as 20 rotas do artesanato, está a dos Trançados, que vai do Sertão ao Médio Rio das Contas; do Caroá, no Piemonte do Paraguaçu; do Couro, no Portal do Sertão; do Sisal; do Jiquiriçá, no Vale do Jiquiriçá; da Cerâmica, na região do Velho Chico; da Piaçava, no Litoral Norte e no Agreste, do Pau Brasil, no Litoral Sul; do Cerrado, na bacia do Rio Corrente; e da Palha.
Na rota da Piaçava é possível conhecer a produção artesanal com palha, da artesã de Porto de Sauípe, Sileide de Oliveira Folgaça, 44 anos. “Fazer artesanato é para quem tem coragem, para quem tem garra. O nosso trabalho começa no mato, quando colhemos as palhas e colocamos para cozinhar duas vezes. Depois colocamos para secar e montamos as bolsas e tingimos. Isso leva tempo, em torno de oito a 15 dias. Mas estou aqui, aproveitando essa oportunidade. Não desisto, pois sou uma artesã de verdade”, garantiu. 
O Nível 6 da Arena Fonte Nova é o espaço que concentra a maioria dos estandes de comercialização de produtos. No pavimento, também funciona o espaço gastronômico, parque infantil, setor da Economia Solidária, Salão de Negócios e um mini palco, onde acontecem apresentações artísticas e musicais.
Os visitantes podem explorar espaços dedicados à homenagem da tradição e cultura ancestral no Nível 7. Destaque para o “Espaço Mestras e Mestres “, onde artistas renomados compartilham seus saberes e promovem a preservação e transmissão dos conhecimentos e técnicas artesanais para as futuras gerações. Também é destaque o “Espaço dos Povos Originários e Tradicionais”, que apresentam toda a riqueza da arte e da cultura indígena e quilombola da Bahia. 
No mesmo piso, os visitantes do FENABA conhecem o ‘Espaço Conceito’, uma exposição imersiva que reproduz um cenário de uma casa decorada com um mix de peças artesanais utilitárias para o dia-a-dia, mostrando como o uso do artesanato na decoração pode imprimir beleza, personalidade e funcionalidade para os ambientes. No local, também acontecem as oficinas de qualificação, onde visitantes e artesãos irão aprender e aprimorar técnicas de artesanato. 
Já no o auditório, localizado no Nível 8 da Arena Fonte Nova, acontecem o 2° Encontro de Artesãs e Artesãos da Bahia e os painéis com as temáticas “Artesanato e Empreendedorismo Feminino” e “Negócios do Artesanato”.
Para chegar ao FENABA, o público deve usar preferencialmente a entrada pela Ladeira da Fonte. Para quem for de carro, o estacionamento funcionará no Nível 2 da Arena Fonte Nova, com acesso pelo Dique do Tororó. Os ingressos para o evento já estão esgotados. 
Atrações artísticas Nesta sexta-feira (17), o palco principal do FENABA contou com a apresentação da sambista baiana Mariene de Castro e os Autorais, projeto que reúne três grandes compositores e cantores baianos: Jorge Zárath, Tonho Matéria e Tenison Delrey. 
O cantor e compositor carioca Paulinho da Viola se apresenta em clima de encerramento da turnê nacional comemorativa aos seus 80 anos, no sábado (18), quando retorna a Salvador após nove anos, com um repertório rico em samba e choro para o público presente do festival. No mesmo dia, o FENABA recebe a banda Sambaiana, grupo de samba formado por mulheres, e o stand up com o influencer Matheus Buente. No domingo (19), o cantor Jau e convidados encerram o evento.
Repórter: Simônica Capistrano/GOVBA

Fotos: Fernando Vivas/GOVBA

Abertura do 1º Fenaba. Foto Fernando VivasGOVBA
Abertura do 1º Fenaba. Foto Fernando VivasGOVBA

Abertura do 1º Fenaba. Foto Fernando VivasGOVBA

Abertura do 1º Fenaba. Foto Fernando VivasGOVBA
Abertura do 1º Fenaba. Foto Fernando VivasGOVBA

Secom  – Secretaria de Comunicação Social – Governo da Bahia

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Close