Apenas 16% da população brasileira é consumidora de livros, aponta pesquisa inédita

   

Pesquisa inédita mapeou o consumo de livros no Brasil | © CBL/Nielsen

O primeiro Panorama do Consumo de Livros, da Câmara Brasileira do Livro e Nielsen BookData, consolida o preço do livro como o principal motivo de escolha para compras

Apenas 16% da população brasileira é consumidora de livros, aponta uma nova pesquisa da Câmara Brasileira do Livro realizada pela Nielsen BookData. O primeiro Panorama do Consumo de Livros foi divulgado nesta quinta-feira (7). Um fator que se consolida como o principal motivo de escolha para compra de livros é o preço – em diversos aspectos da pesquisa, o preço motivou ou desmotivou as compras.

O estudo buscou identificar o perfil e hábitos dos compradores de livros no Brasil e ouviu 16 mil pessoas com 18 anos ou mais, entre os dias 23 e 31 de outubro de 2023.

Mesmo entre os não compradores de livros – ou seja, 84% da população –, a leitura aparece como uma atividade relevante para 85%. O preço é novamente a principal desmotivação para a compra de livros, e isso independe da classe social: pessoas com maior poder aquisitivo consideram o livro caro da mesma forma que pessoas com menor poder aquisitivo. O segundo fator para a dificuldade de compra seria a falta de uma livraria próxima.

“A pesquisa mostra que o grande desafio do mercado editorial atualmente é a percepção do preço”, explicou a economista Mariana Bueno, coordenadora de pesquisa da Nielsen BookData. “Chamo atenção que, para as classes mais altas, o livro também aparece como caro. A gente está falando de um produto que custou em média R$ 43 no ano passado. O mercado tem tentando recuperar esse preço: a Pesquisa Produção e Vendas mostra que as editoras estão tentando recuperar o preço, mas recuperar a inflação não é fácil. A perda ao longo dos anos foi muito grande, a queda foi muito significativa. Como vai sair de R$19 para R$40 de um ano para o outro? Quem está comprando vai recusar. Acho que a gente passa por um momento difícil economicamente, não só o Brasil como o mundo. A nossa base leitora é muito baixa, há uma capacidade leitora insuficiente. Tem questões estruturais. Mas tem questões do mercado: trabalhar a percepção de preço é um desafio urgente do mercado, mas não é fácil. Classe A concentra a maior número de compradores por classe em termos de penetração, mas a maioria dos consumidores está na classe C, que tem restrição orçamentária”, analisou.Dados de compradores de livros separados por classes sociais | © CBL/NielsenDados de compradores de livros separados por classes sociais | © CBL/NielsenUm dado importante: mesmo sendo a classe social com a maior quantidade de compradores relativamente à população, 66% da Classe A não comprou nenhum livro no Brasil nos últimos 12 meses.

“No Brasil, temos há décadas questões que o livro precisa ser barato”, comentou a presidente da CBL, Sevani Matos. “Em encontros com blogueiros, influenciadores, sou sempre a chata do encontro porque eles trazem a questão que o livro é caro. Aproveito para contar como é a produção de um livro, desde a compra de direitos até o processo com profissionais qualificados dentro da cadeia do livro. Depois, vamos para a questão da indústria gráfica, que não pode conceder grandes descontos, mais a logística… até chegar na livraria, que também tem seus custos. Então, quando conto essa historinha, eles falam: puxa, é mesmo. As pessoas que estão no mercado editorial são profissionais qualificados, existe uma grande cadeia. Vamos demorar muitos anos para mudar essa cultura de que o livro tem que ser um produto barato. Nós, editores, precisamos dizer não para a exigência de grandes descontos. É um trabalho longo, mas acredito que de maneira conjunta vamos conseguir fazer mudanças”.

Dados de consumo

Entre os compradores – lembrando, 16% da população –, os fatores principais de motivação para compra de livros são o crescimento pessoal e lazer/entretenimento.

Entre os fatores que influenciaram a última compra desses consumidores, aparecem em primeiro lugar, entre livros impressos: tema ou assunto, preço, título do livro e autor(a). Recomendação de amigo ou familiar ou de influenciador digital aparece em seguida – e, um dado considerado impressionante por um jornalista, a imprensa não consta na pesquisa como fator de influência para a compra de um livro.

Consumir streaming é a atividade de lazer mais citada entres os compradores de livros (seguida por leitura de livros) – entre os não compradores, a leitura aparece em 13º lugar entre as atividades de lazer.

Para os consumidores, a compra online aparece como canal de consumo favorito, com 55%, seguida por 40% na compra presencial.Motivos pelos quais os consumidores de canais online escolheram essa forma de compra | © CBL/NielsenMotivos pelos quais os consumidores de canais online escolheram essa forma de compra | © CBL/NielsenO estudo

O estudo analisou o comportamento de compra de livros no Brasil através de uma metodologia rigorosa, envolvendo 16 mil entrevistas com pessoas maiores de 18 anos, cobrindo todas as regiões (Sudeste, Sul, Norte, Nordeste, Centro-Oeste) e estratos socioeconômicos (A, B, C, DE). O estudo, realizado entre 23 e 31 de outubro de 2023, incluiu tanto compradores quanto não compradores de livros, garantindo uma ampla representatividade com uma margem de erro de apenas 0,8% e um nível de confiança de 95%.

“Em relação à produção de dados, o estudo coloca o mercado brasileiro do livro em patamar semelhante àquele observado em mercados mais maduros, pois a partir de agora teremos uma pesquisa focada na indústria, outra no varejo e outra no consumidor. É uma nova ferramenta para apoiar a tomada de decisão dos agentes da cadeia produtiva do livro”, ressalta Mariana Bueno.

Clique aqui para acessar o estudo completo.TAGS: CBLNIELSENPANORAMA DO CONSUMO DE LIVROS

PUBLISHNEWS, GUILHERME SOBOTA

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