A cada minuto uma pessoa sofre acidente de trabalho no Brasil

Ana Paula Teixeira – Médica do Trabalho | Acervo pessoal

Enquanto você lê esse texto, uma pessoa sofre acidente de trabalho no Brasil. O dado é do Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho, que contabiliza um acidente a cada minuto e uma morte a cada três horas. De acordo com o levantamento, somente de 2012 a 2022 foram registrados cerca de sete milhões de acidentes nas práticas laborais com trabalhadores registrados no regime CLT, popularmente conhecido como ‘carteira assinada’. Entre os homens, a faixa etária em que os acidentes mais ocorrem é de 18 a 24 anos; enquanto que no público feminino é de 30 aos 34 anos.

A médica do trabalho e especialista em Saúde e Bem-estar, Ana Paula Teixeira, revela que os índices colocam o Brasil em quarto lugar no ranking de países que mais registram tragédias dessa natureza. Ela explica que, por isso, o Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho, celebrado em 28 de abril, se mantém como uma data importante, chamando atenção para os cuidados e prevenções. Há também a campanha nacional Abril Verde – que prega que uma comunicação clara é fundamental para estabelecer a cultura de segurança dentro da empresa.

“As causas dos acidentes são variadas, com destaque para problemas na gestão empresarial, negligência com treinamentos e descumprimento de protocolos de segurança. Os mais frequentes são quedas, cortes, amputações, esmagamentos e fraturas. Mas, devemos lembrar que as consequências mentais estão cada vez mais em evidência, a exemplo do estresse crônico e suas consequências, o transtorno de ansiedade, da depressão, da síndrome de burnout e síndrome do pânico que entraram na lista atualizada do governo como possíveis doenças que podem ser relacionadas ao trabalho”, detalha Ana Paula Teixeira, ressaltando que tais problemas já se classificam como causas constantes para o afastamento do ambiente de trabalho.

Benefícios previdenciários e prevenção

Além de danos ao trabalhador, os acidentes também geram prejuízos às empresas e ao sistema previdenciário. Ana Paula Teixeira conta que, segundo o dado mais atualizado do Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho, em 2022, no quesito frequência de afastamentos pelo INSS, foram concedidos 148,8 mil benefícios previdenciários (auxílios-doença) por acidente de trabalho. Ainda nessa categoria, a aposentadoria por invalidez, no mesmo ano, somou mais de seis mil concessões de benefício.

Nessa perspectiva, a médica diz que a adoção de medidas preventivas pode fazer toda a diferença. “Forneça, treine, fiscalize e garanta a utilização correta de EPIs; realize a manutenção de equipamentos; faça avaliações periódicas da saúde dos trabalhadores e capacitações frequentes contra riscos ocupacionais; estabeleça canais de comunicação claros e eficientes para que os trabalhadores possam relatar condições inseguras, acidentes ou sugestões de melhoria; e siga as normas e regulamentações de segurança ocupacional estabelecidas pelas autoridades competentes. Vale lembrar que promover um ambiente de trabalho saudável, com medidas que reconheçam e mitiguem os fatores psicossociais e gerenciem estresse, também são cruciais para promover saúde e bem-estar aos colaboradores”, orienta a médica, que ainda recomenda o investimento em consultores que atuam com essa finalidade.
Por: Ana Paula Teixeira – Médica do Trabalho 

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