Setembro Vermelho expõe desafios da saúde cardiovascular no Brasil

Alta complexidade, prevenção, cardio-oncologia e cardiologia do esporte são destaques da campanha

Foto: reprodução

As doenças cardiovasculares seguem como a principal causa de morte no Brasil, respondendo por quase 400 mil óbitos por ano, segundo o Ministério da Saúde. Isso equivale a uma vida perdida a cada 90 segundos. Estima-se que cerca de 14 milhões de brasileiros convivam com algum tipo de problema cardíaco. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) reforça que até 80% dessas mortes poderiam ser evitadas com prevenção, hábitos saudáveis e diagnóstico precoce.

Com a sanção da Lei 14.747/2023, setembro passou a ser oficialmente o Mês de Conscientização sobre Doenças Cardiovasculares. A iniciativa fortalece o Setembro Vermelho, campanha que busca ampliar a informação e estimular exames periódicos e acompanhamento médico regular.

Um dos pontos que mais preocupam especialistas são os casos de morte súbita em pessoas aparentemente saudáveis. “Indivíduos sem sintomas podem esconder cardiopatias genéticas ou arritmias silenciosas, que, sem detecção, evoluem para eventos fatais. Exames preventivos são fundamentais para evitar tragédias”, alerta a cardiologista Marianna Andrade, coordenadora do serviço de Cardiologia do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS).

A cardio-oncologia também se consolida como área estratégica, voltada para pacientes em tratamento contra o câncer. “Quimioterapias e imunoterapias, embora eficazes, podem trazer efeitos colaterais importantes para o coração. Nosso trabalho é monitorar, prevenir e ajustar condutas sem comprometer o tratamento oncológico”, explica o cardiologista Eduardo Lisboa, também do HMDS.

Outra frente em expansão é a cardiologia do esporte, que atende tanto atletas de alta performance quanto praticantes ocasionais. “A avaliação cardiovascular antes da prática esportiva ajuda a prevenir eventos adversos e ainda otimiza o desempenho, garantindo que o coração acompanhe o esforço do corpo”, afirma Lisboa.

A saúde feminina merece atenção especial. Sintomas em mulheres muitas vezes não seguem o padrão clássico da dor torácica e podem dificultar o diagnóstico. “Em vez de dor no peito, elas podem apresentar falta de ar, náuseas ou dor na mandíbula. É preciso protocolos ajustados para garantir diagnósticos corretos”, acrescenta a cardiologista Marianna Andrade.

No campo dos tratamentos de alta complexidade, centros especializados começam a ocupar papel relevante. Em Salvador, por exemplo, o Centro de Arritmologia do HMDS oferece mapeamento eletrofisiológico e ablação por cateter, tecnologias que permitem identificar arritmias complexas com precisão e acompanhar pacientes de forma contínua.

As arritmias, que afetam milhões de brasileiros, variam desde quadros benignos até situações graves capazes de levar à morte súbita. Marianna Andrade reforça a necessidade de atenção ao tema: “Muitos pacientes convivem com palpitações e tonturas sem imaginar que isso pode ser sinal de uma arritmia. Identificar precocemente esses casos é fundamental para evitar complicações sérias e preservar a qualidade de vida”, conclui.

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