Colunista Joice Vancoppenolle: “O sobreiro e o vinho”

 

Você sabia que a rolha de cortiça foi adotada a partir do século XVII, devido às suas qualidades naturais: elasticidade, aderência, longevidade e permeabilidade? A cortiça vem da casca do sobreiro, onde os principais produtores são Portugal e Espanha. O primeiro lote é retirado após 30 anos do plantio e depois a cada nove anos, sua casca de cortiça pode ser retirada novamente e o tempo médio de vida de um sobreiro é de 250 anos.

Bom, após estas informações, prestaremos mais atenção ao abrir um bom vinho com rolha de cortiça, não é mesmo?

O sobreiro é uma árvore da família do carvalho. Essa árvore é, juntamente com o Pinheiro-bravo, uma das espécies mais predominantes em Portugal, sendo mais comum no litoral do Alentejo e serras Algarvias.

Desde os tempos remotos, o sobreiro tem sido cultivado, devido à cortiça e sua extração não é prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir nova camada de “casca” com idêntica espessura.

O sobreiro também fazia parte da vegetação natural da Península Ibérica, sendo espontâneo em muitos locais de Portugal e Espanha, onde constituía, antes da ação do homem, frondosas florestas em associação com outras espécies.

A finalidade da cortiça é a fabricação de isolantes térmicos, tecido de cortiça (vestuário, acessórios como malas, bolsas, carteiras e sapatos), materiais de isolamento sonoro de aplicação variada e ainda indústria aeronáutica, automobilística e até aeroespacial, mas, sobretudo é utilizada na produção de rolhas para engarrafamento de vinhos. Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, sendo responsável por 50% da produção mundial.

Mas, você deve estar se perguntando: como um produto natural como a cortiça, pode servir como rolha pra vinho?

A rolha de cortiça natural é usada como tampa de garrafa na indústria vinícola porque permite ao vinho “viver” e maturar dentro da garrafa. Rolhas de vinho são fabricadas a partir da casca da árvore. A casca é primeiramente lavada e esterilizada e posteriormente aplicado produtos químicos contra insetos. A rolha é extraída diretamente da casca da árvore e, após essa extração se obtém até cinco qualidades de rolha, pode-se imprimir o logotipo da vinícola ou o nome do vinho.

Após esses processos, a rolha é ensacada em embalagem de polietileno e remetido aos fabricantes. As sobras dessa casca são reutilizadas para a fabricação de outros produtos como, por exemplo, a folha de cortiça. Não existem perdas, toda a matéria prima é usada para diversas finalidades.

Atualmente, muitos são os materiais com os quais são fabricados os vedantes das garrafas de vinho. Por muito tempo, entretanto, a única maneira de tampar uma garrafa era com a rolha de cortiça. Apesar de suas vantagens reconhecidas ao longo da história, com o passar dos anos, e o aumento na produção dos engarrafados no século XX, alguns problemas foram atribuídos à rolha de cortiça – o que desencadeou algumas polêmicas a respeito de sua utilização, e o aparecimento de vedantes sintéticos.

Fique por dentro:

Três são os principais tipos de rolhas fabricadas com a cortiça: a rolha maciça, feita de cortiça pura, considerada a de melhor qualidade, e que pode chegar a dimensões de 55 mm de comprimento e 25 mm de diâmetro; a rolha de aglomerado de cortiça, feita de sobras da cortiça maciça, moída e unificada com cola, tem elasticidade e durabilidade menores e são mais baratas; e a rolha de champanhe, feita em formato de cogumelo, com duas partes distintas, a parte de cima mais rígida feita de aglomerado do material e a parte de baixo, elástica e maciça.

O aumento da produção vinícola em todo o mundo e a demanda por rolhas de cortiça também cresceu. Obviamente, seria muito difícil alinhar essas duas produções devido às raras condições naturais de extração do material. Somado a isso, a qualidade das rolhas de cortiça diminuiu substancialmente já na década de 70, quando muitos vinhos foram contaminados por uma substância chamada Tricloroanisol (TCA), que derivava das rolhas naturais defeituosas, onde fungos e impurezas da cortiça reagiam quimicamente com bactericidas na sua fabricação. A indústria do Novo Mundo, então, criou rolhas sintéticas para dar conta de sua produção, e para tentar acabar com a contaminação, garantindo a qualidade do vinho.

Joice Vancoppenolle

 

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