Saúde mental no ambiente de trabalho: psicóloga alerta que a prevenção do burnout precisa sair do faz de conta nas empresas

Imagem: DC Studio no Freepik

O Setembro Amarelo também abre espaço para discutir saúde mental no trabalho. Aline Graffiette, psicóloga e CEO da Mental One, afirma que muitas empresas ainda tratam o tema de forma superficial. “O que eu tenho visto é que as empresas estão brincando de faz de conta. Só que, a partir de maio do próximo ano, com a implementação da nova NR01, isso pode gerar ações trabalhistas gigantescas”, ressalta.

Para a especialista, não basta apenas responsabilizar o trabalho pelo estresse. “Um casamento em crise estressa, problemas financeiros estressam, doenças na família estressam. Mas é no ambiente de trabalho que passamos a maior parte do nosso dia, por isso o impacto é tão grande”, explica.

Aline reforça que a solução passa por líderes atentos e programas reais de prevenção. “É um prejuízo perder um colaborador afastado por depressão ou, no pior dos casos, por suicídio. Além da dor humana, há impacto direto na sustentabilidade das empresas. Investir em saúde mental não é custo, é responsabilidade e prevenção.”

NR1: A Nova Regulamentação e o Impacto na Saúde Mental Corporativa

A Norma Regulamentadora 1 (NR1) voltou ao centro das discussões corporativas ao tornar obrigatória a contratação de serviços especializados para monitoramento dos riscos psicossociais dos colaboradores. Essa mudança representa um avanço significativo na valorização da saúde mental dentro do ambiente de trabalho, exigindo que as empresas adotem medidas concretas para o bem-estar dos funcionários.

Segundo Aline Graffiette, psicóloga e CEO da Mental One, essa obrigatoriedade pode transformar a forma como as empresas encaram a saúde mental, mas alerta para a necessidade de um compromisso real com o cuidado dos colaboradores. “As questões subjetivas estão ganhando um caráter mais objetivo, tornando-se uma exigência legal. No entanto, o grande desafio é garantir que as empresas adotem práticas de cuidado genuínas, e não apenas cumpram protocolos burocráticos”, destaca Aline.

O mercado tem observado a popularização de serviços de psicoterapia online baseados em inteligência artificial, que oferecem atendimentos rápidos e pouco personalizados. Para Aline, esse modelo pode ser contraproducente. “O que estamos vendo são empresas contratando plataformas onde o colaborador interage por 20 minutos com uma IA. Em vez de gerar um ganho, isso pode gerar uma perda, pois o funcionário se sente ainda mais desvalorizado pela empresa”, explica.

Com a entrada da geração Z no mercado de trabalho, a demanda por um ambiente corporativo que priorize a qualidade de vida e o bem-estar psicológico se tornou ainda mais evidente. “Essa nova geração quer muito mais do que apenas um emprego. Eles buscam cuidado, equilíbrio e propósito. A NR1 chega para reforçar essa necessidade e pressionar as empresas a implementarem estratégias eficazes para lidar com as pressões e prazos sem comprometer a saúde mental dos colaboradores”, complementa a CEO da Mental One.

A regulamentação, além de contribuir para a redução do absenteísmo, também pode impactar positivamente os resultados das empresas. Um colaborador bem assistido tende a ser mais produtivo, adaptável e engajado. Nesse cenário, é essencial que as organizações escolham prestadores de serviço qualificados para realizar o rastreamento e o mapeamento de riscos psicossociais de forma estratégica e humanizada.

Com a NR1 em vigor, a responsabilidade das empresas vai além do cumprimento de normas; trata-se de um compromisso real com o bem-estar dos colaboradores, promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.

*Agencia Viva

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