Secretário de Saúde da Bahia prevê leitos de UTI lotados em junho se curva de contágio for mantida
Entre o domingo (19) e segunda-feira (20), a Bahia registrou 128 novos casos de coronavírus, número que representa um crescimento de aproximadamente 10% do total de pacientes com a doença, em apenas 24h. Segundo o secretário de Saúde do estado, Fábio Vilas Boas, se a taxa de crescimento não diminuir e permanecer em 10%, os leitos UTI na Bahia ficarão lotados a partir do início do mês de junho.
“Os leitos serão suficientes na medida que consigamos manter o controle da taxa de progressão. Com a taxa de progressão em 10%, conseguiremos atravessar o mês de maio inteiro, mas entraremos em junho com o sistema esgotado. É por isso que é extremamente importante que a gente amplie a redução da taxa de progressão, dos atuais 10% a 9% para abaixo de 7% ou 8%”, declarou o secretário.
A Bahia possui, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), mais de 1.370 casos confirmados de coronavírus. Do número total, 158 encontram-se internadas, sendo 64 em UTI, enquanto 47 pessoas morreram. Segundo Fábio Vilas Boas, a Bahia conta hoje com aproximadamente 200 leitos disponíveis. Mais 800 serão abertos de acordo com a demanda de novos pacientes em estado grave.
“Hoje estamos com o número de leitos ofertados com taxa de ocupação de 54%. Lembrando que dos 825 leitos que vamos ofertar, estão abertos, em operação, menos de 200 leitos, em função da não necessidade de ativar, por enquanto, esses demais leitos”, afirmou.
No fim de semana, o secretário de saúde criticou as manifestações contra o isolamento social realizadas em todo o país. Fábio Vilas Boas voltou a recriminar as ações de pessoas que negam a gravidade da pandemia e sugeriu que elas abram mão dos leitos de UTI, caso sejam contaminadas com o coronavírus.
“O que acontece é que as pessoas tendem a acreditar que a doença não vai lhes afetar. Vai afetar sempre o terceiro, vai afetar sempre outra pessoa. Quando a pessoa vai para a rua promover o afrouxamento das normas de convívio social de isolamento, promover que o comércio seja aberto, ela está, na verdade, nesse momento que estamos vivendo, promovendo a piora da pandemia. Isso é crime tipificado em lei, lei sanitária, lei de crime contra a saúde pública. Se a pessoa acha que ela tem o direito de sair expondo as outras ao risco, ela deveria abrir mão da necessidade da terapia de ventilação mecânica ou UTI, caso por ventura ela venha precisar”, ponderou.
Hospital Espanhol, que fica no bairro da Barra, em Salvador, está fechado por crise desde 2014 — Foto: Divulgação/TRT-BA
Fábio Vilas Boas também destacou a importância do isolamento social e do uso de máscaras para reduzir a curva de propagação do coronavírus na Bahia.
“O governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto vão trabalhar nesta semana com decretos para expandir a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes coletivos. Temos que fazer melhor o que estamos fazendo hoje. Não vamos reinventar a roda. Temos que lavar a mão, manter o isolamento social, ficar em casa e usar a máscara. Vamos bater esse martelo nessa tecla, para que as pessoas possam fazer isso cada vez mais e permitir que esses mil leitos abertos na Bahia, esse esforço enorme que o governo e as prefeituras vêm fazendo, possam permitir atravessar esses meses sem entrar em colapso no sistema. Temos 200 leitos disponíveis, amanhã mais 200 no Hospital Espanhol. E vamos abrindo, na medida que for necessário internar mais pacientes”, concluiu.
Citado pelo secretário de Saúde, o Hospital Espanhol, que fica localizado no bairro da Barra, em Salvador, será reaberto exclusivamente para receber pessoas diagnosticadas com coronavírus. A unidade contará com 220 leitos, sendo 140 clínicos e 80 de UTI. *G1