Relacionamentos tóxicos podem afetar estabilidade emocional do casal e gerar agravos comportamentais para os filhos
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Se você se sente dependente do seu parceiro de forma financeira, emocional e física, cuidado: você pode estar em uma relação tóxica. De acordo com a psicóloga clínica, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, Paula Marques, muitos casais se mantêm nesta situação, sem perceber ou compreender a dimensão do problema, o grau de dependência, os agravos que isso pode causar em ambos e, também, aos frutos deste relacionamento: seus filhos. Dados divulgados pelo Tribunal de Justiça da Bahia revelam um crescimento notável no número de divórcios no estado. A alta foi de 108%, entre 2018 e 2023 – estatística que mostra que a separação, por vezes, pode ser a chave para resolução de muitos conflitos.
“A busca por autoconhecimento é muito importante para conseguir analisar, escolher e se manter em um ambiente onde haja um relacionamento saudável. Se você não se percebe, também pode acabar não percebendo que a união já está desgastada ao ponto de te trazer malefícios psicológicos, que vão corroendo a pessoa de forma silenciosa”, aponta a especialista.
Ansiedade, depressão, surgimento de fobias são só algumas das respostas que o nosso corpo pode dar, como agravos de uma relação tóxica ou abusiva. Mas, o pior é quando o clima não amigável entre os parceiros acaba gerando consequências na saúde mental e no bem-estar dos filhos. “Muitas vezes, a criança reproduz atos agressivos, falas inadequadas ou apresentam alguma inquietude – replicando na escola, ou em outros ambientes, posicionamentos assimilados durante brigas presenciadas dentro de casa.
E é aí que mora o perigo: a reprodução destes atos, pelas crianças, pode ter um impacto negativo direto na formação da personalidade deles. “Apesar de causar algum sofrimento, o divórcio também pode ser uma solução para todo o núcleo familiar. Os limites existem para que não sejam ultrapassados. Mas, quando isso ocorre, é preciso que haja uma conduta resolutiva e permanente para evitar consequências mais agravosas”, afirma Paula Marques, que também tem formação em psicologia jurídica.
Se existe desarmonia, ao ponto de causar danos ao outro, é sinal de que não há mais ambiente que propicie uma vida de casal saudável; e a separação pode ser a cura para essa dor. “É lógico que o divórcio também provoca sofrimento, reflexões e pesares. Mas, é uma fase de dor passageira. O importante mesmo é saber identificar quando essa decisão precisa, de fato, ser tomada para o bem de todos os envolvidos nesta relação”, disse.
Especialistas na área podem auxiliar a identificar pontos de tensão em casais, formas de manter a relação mais harmoniosa e, até mesmo, ajudar na criação de barreiras para que as crianças não sejam tão afetadas pelas ocorrências que desequilibram a relação matrimonial. E, por isso, devem ser acionadas.
A psicóloga acrescenta ainda que esse tema tem chamado a atenção, devido a grande procura de pacientes em seu consultório com essa demanda específica, sobretudo como uma preocupação mais latente entre o público feminino – conforme observou. “O divórcio, embora doloroso, é também um processo de curas emocionais e de questões antigas e não tão bem resolvidas tanto para as mulheres, quanto para os homens. “Porém, esse impacto tende a ser mais profundo em relação ao público feminino, que adoece devido às grandes expectativas atribuídas a elas na relação e, por isso, elas tendem a ficar mais sensível emocionalmente em razão dos comportamentos que podem ser reproduzidos pelas criança já que, geralmente, ficam encarregadas pela educação dos seus filhos”.
Ela também reuniu dicas para que os filhos sejam menos expostos aos conflitos e possam lidar melhor com situações, em que haja a necessidade de um divórcio:
– Evite brigas e discussões na frente das crianças. Pode não parecer, mas elas internalizam e reproduzem esses comportamentos.
– Converse com seus filhos. Escute-os e perceba quais as reações positivas e negativas que possam gerar danos psicológicos e busque ajuda.
– Atente-se às mudanças comportamentais, tais como: ansiedade, agressividade, postura e trato com as pessoas.
– Explique, em caso de divórcio, que a relação entre o casal não muda o relacionamento entre a criança e o pai. Os laços são eternos e a presença de ambos, mesmo que em lares diferentes, é sempre benéfica para a formação desse jovem.
– Busque ajuda de especialistas, sempre que necessário. O autoconhecimento nem sempre é adquirido de forma individualizada – nem para adultos; muito menos para os pequenos, que estão em processo de formação continuada.
*Danielle Rodrigues – Comunicacao Interativa