Principal exame de rastreio do câncer colorretal caiu dramaticamente na pandemia

Foto: reprodução

No Brasil, o número de colonoscopias sofreu uma redução de 60%, se comparado a 2020. Nos últimos dez anos, foram identificadas 162.790 mortes e 686.142 hospitalizações causadas pela doença

O câncer colorretal é o terceiro mais incidente na população e o segundo que mais mata no país. Atualmente, a chance de uma pessoa desenvolver a doença é da ordem de 4,3% sendo que ela é mais comum em homens e mulheres com mais de 45 anos ou em quem tem histórico familiar. São, aproximadamente, 40 mil novos casos diagnosticados por ano, de acordo com INCA (Instituto Nacional do Câncer). Desse total, cerca de 30% ocorrem devido a fatores comportamentais, como má alimentação, obesidade, tabagismo e inatividade física. 

Com o envelhecimento da população, estima-se que o número de mortalidade em virtude do câncer colorretal aumente até 2025. É muito preocupante, ainda, o fato de que 85% dos casos sejam diagnosticados em fase avançada, quando a chance de cura é menor, alerta o coloproctologista Dr. Ramon Mendes. “O câncer colorretal é uma doença que vem crescendo a sua incidência sendo a segunda neoplasia maligna mais comum no sexo feminino e a terceira no sexo masculino. A campanha do Março Azul serve para alertar e conscientizar as pessoas sobre a importância dessa doença, bem como, chamar a atenção da prevenção. O câncer colorretal tem cura, principalmente quando diagnosticado precocemente”, explica.

Foi justamente o diagnóstico em estágio inicial que garantiu ao Artur Eckert, de 39 anos, a chance de tratamento. Em 2015, ele descobriu um câncer de reto. “Eu tinha uma vida ativa, praticava esportes regularmente, como corrida e futebol, quando senti um desconforto no abdômen. Inicialmente, procurei um gastroenterologista que prescreveu alguns exames e me encaminhou para um coloproctologista. No exame de toque, vou percebido um volume e precisei fazer uma colonoscopia, foi quando confirmou a doença”.

Em 2016, o engenheiro eletricista iniciou o tratamento com radioterapia e quimioterapia para reduzir a lesão, e em seguida fazer o procedimento cirúrgico. Artur manteve o acompanhamento trimestral, quando foi surpreendido com duas recidivas. “Infelizmente, em abril de 2017 surgiu uma nova lesão no local da cirurgia e precisei amputar o ânus, passando a ficar colostomizado, mas nada mudou na minha perspectiva de vida. O câncer é uma doença muito complicada e é preciso acompanhar de perto. Então mantive a regularidade das consultas e exames. No final de 2020, tive outra recidiva, agora na região da pelve. Tive que fazer novamente radioterapia e quimioterapia e um novo procedimento cirúrgico, uma sacrectomia para retirada da nova lesão. Atualmente estou bem. Me recuperei do procedimento que foi bem extenso, e busco manter minha vida normal, trabalhando, praticando atividade física, claro que respeitando as limitações impostas pelas cirurgias que foram bem agressivas. Mas o principal é manter o acompanhamento e levar a sério, porque o câncer é uma doença tratável, mas o paciente precisa estar vigilante, principalmente para detectar no estágio inicial que facilita bastante o tratamento e a possibilidade de cura”, alerta.

O câncer colorretal é tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso, alerta Dr. Ramon que é diretor do Núcleo de Coloproctologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica. “A melhor forma de diagnosticar é com a colonoscopia, um exame onde podemos identificar lesões suspeitas e removê-las durante o próprio procedimento para tratamento e/ou diagnosticado. Confirmada a doença, o tratamento padrão é o cirúrgico com a remoção desse tumor que, hoje, pode ser realizado com mais segurança com a técnica robótica, conseguindo retorno precoce a atividades habituais bem como menor dor e alta precoce”, explica.

Medidas de Prevenção

– Evitar o tabagismo e o uso de bebidas alcoólicas;

– Fazer atividade física com regularidade;

– Ter uma alimentação rica em fibras e livre de alimentos ultraprocessados e açúcares, com ingestão reduzida de carnes vermelhas;

– Estar em dia com consultas médicas;

– Fazer o rastreamento, que é a procura de uma doença em pessoas que não têm sintomas. Ele é indicado pois facilita o diagnóstico de lesões que antecedem o câncer.

Sintomas 

– Sangue nas fezes;

– Alteração do hábito intestinal com diarreia, intestino preso ou alternância entre diarreia e intestino preso;

– Dor abdominal, com cólica e emagrecimento sem uma causa conhecida.

Nesses casos, procure um gastroenterologista, um clínico geral ou um médico de família.

Março Azul

Frente a esses dados, buscamos alertar a população, os profissionais de saúde, os gestores e os tomadores de decisão para a importância do diagnóstico e tratamento precoces dessa doença. Essa é a proposta do Março Azul, mês de conscientização e prevenção do câncer colorretal que acontece em várias partes do mundo. Em meio à grave pandemia da Covid-19, é preciso reforçar que exames e tratamentos de diversos tipos de cânceres, incluindo o colorretal, precisam ser feitos, com todos os protocolos de segurança necessários. Isso porque muitas vezes esses tumores malignos podem ser fatais ou trazer sérias complicações à saúde.

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