Pesquisa de cientista baiano pode ajudar plantas a sobreviverem na seca

Projeto tem capacidade para revolucionar mercado da agricultura e melhorar o cenário de sustentabilidade do país

Com as recentes mudanças climáticas que acometem todo o planeta, somado à realidade de queimadas e degradação de espaços naturais como a região da Amazônia, um cientista baiano, preocupado com o futuro da humanidade, realiza um estudo para tornar a vegetação mais resistente aos solos que se tornam cada dia mais inférteis. Quando concluído, o trabalho promete soluções para que plantas possam crescer em regiões que sofrem com a seca, entre as quais está o semiárido baiano.

A mente por trás deste projeto, Adailson Feitoza, estudante do curso engenharia de bioprocessos e biotecnologia, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Juazeiro, afirma que a inspiração surgiu dos dados alarmantes que apontam aumento na variabilidade de chuva e seca até 2050, o que pode, dentre outras coisas, prejudicar a produção agrícola. Para Adailson, umas das maneiras de reverter este cenário é investindo em plantar mais árvores, entretanto, surge o questionamento: como manter produtividade agrícola em solo árido?

A partir desta questão que intriga diversos pesquisadores, Adailson pensou numa proposta de estimular micro-organismos que habitam ao redor, e em partes do tecido interno, de plantas típicas da caatinga, para fornecer os nutrientes necessários para diversas espécies. Esta técnica pode auxiliar a vegetação a tolerar as condições climáticas nocivas de uma determinada região.

Com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e investimentos internos da própria Universidade, a pesquisa teve origem no bioma caatinga e se desenvolveu na Estação Ecológica Raso da Catarina, área considerada uma das mais quentes e com menor índice pluviométrico da Bahia. “Estamos investigando bactérias nativas da caatinga, que sejam tolerantes a condições de seca, como déficit hídrico, salinidade e temperatura elevadas, e que auxiliem o desenvolvimento de culturas como milho, feijão, tomate, em condições consideradas desfavoráveis para o seu desenvolvimento”, explicou.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030 quase metade da população mundial sofrerá com a escassez de água. No futuro, o pesquisador espera encontrar um conjunto de bactérias que possam ser transformadas em um produto comercial e ajude a reparar os danos causados pelas mudanças climáticas que são consequências da degradação do meio ambiente.

Para a experimentação do estudo são utilizadas plantas endêmicas desta região que apresentam um microbioma específico e com características relevantes para a tolerância à seca. O impacto científico proporcionado por este estudo pode gerar uma nova tecnologia, do qual produtores de áreas onde há pouca demanda hídrica consigam manter sua produtividade e com isso gerar lucro e renda. “A tecnologia será voltada para desde os micro e pequenos produtores, até os que produzem em larga escala”.

 

Bahia Faz Ciência

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam, no dia 8 de julho, o Bahia Faz Ciência, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias serão divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estarão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br.   *Secti

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