O papel da vizinhança para um envelhecimento de qualidade

Por Bem Estar

A psicóloga e gerontóloga Rachel Pruchno é diretora de pesquisa do Institute of Sucessful Aging, ligado à Universidade de Nova Jersey, e coordena um projeto que estuda a relação entre um envelhecimento ativo e saudável e a vizinhança na qual mora o idoso. Sua equipe quer descobrir até que ponto o lugar onde as pessoas vivem é responsável pela forma como elas envelhecem. Os pesquisadores acompanham 5.688 adultos, com idades que variam entre 50 e 74 anos, e que vivem em Nova Jersey, na costa leste dos EUA. O grupo foi recrutado entre 2006 e 2008 e passa por entrevistas a intervalos regulares. A partir das informações coletadas, artigos científicos vêm mapeando os desafios e as necessidades dos idosos.

A equipe da Ph.D. Rachel Pruch teve boas oportunidades para comprovar o papel desempenhado pela vizinhança para a construção de um envelhecimento de qualidade. Ao avaliar a extensão do estresse pós-traumático dos idosos atingidos pelo furacão Sandy, em 2012, a coesão da comunidade representou uma fonte importante para a superação da situação de adversidade. Mais de dois mil dos participantes do estudo se declararam expostos à tempestade colossal, mas o apoio das pessoas do seu entorno foi fundamental para se sentirem protegidos. Aqueles que tinham vínculos mais fortes com outros membros da região foram os que relataram níveis menos severos de ansiedade e problemas psicológicos depois do evento. Esse é um indicador da necessidade de criação de redes de proteção que envolvam os moradores.

Outro desses trabalhos é a respeito da percepção sobre a falta de segurança da vizinhança, questão que pode agravar um quadro de depressão. Conhecemos o problema de perto no Brasil, e aqui crianças, adolescentes e adultos jovens são igualmente golpeados por essa chaga. A vulnerabilidade social restringe a atividade física, alimentando um círculo vicioso. Doenças crônicas também estão relacionadas a um quadro depressivo, porque limitam a capacidade funcional da pessoa e sua disposição de interagir socialmente – não custa lembrar que, por volta dos 65 anos, cerca de 70% dos indivíduos têm duas ou mais dessas enfermidades. Se o ambiente é hostil para qualquer tipo de exercício, mesmo que seja uma simples caminhada, o quadro de saúde só tende a piorar.

Foto: Wikimedia

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