O Bahia merece ser mais do que uma incubadora de talentos dos “grandes” do Brasil

No Brasil, tem sido cada vez mais rara a manutenção de um jovem talento bom o bastante para ser exportado a clubes europeus. Mas internamente, há um novo fenômeno ocorrendo: o empréstimo desses talentos para clubes de patamar menor que os que completam o grupo dos 12 grandes do país, todos eles localizados no centro-sul do país, para ajudar no desenvolvimento de alguns de seus atletas mais valiosos.

Foi esse o caso do Bahia com os empréstimos dos laterais João Pedro e Léo Pelé, o primeiro vindo do Palmeiras e o segundo, do Fluminense. João Pedro só teve tempo de completar a metade da temporada, pelo menos ajudando o Bahia a ganhar o campeonato estadual antes de partir para Portugal em uma negociação com o Porto.

Já Léo Pelé conseguiu permanecer no time por toda a temporada, disputando 32 partidas no Brasileirão pelo Tricolor. Entretanto, pouco tempo depois de seu retorno ao Fluminense o mesmo foi vendido para o São Paulo.

Fonte: “BahiaXJacobina” por Malcon Robert (CC BY-SA 2.0) 

Isso não se limita a empréstimos. O caso mais notável é também do ano passado, com o meia-atacante Zé Rafael. Ele que foi garimpado pelo Bahia no começo de 2017, depois de uma boa temporada no Londrina atuando na Série B, foi talvez o mais importante jogador do time nos últimos dois anos em que o Tricolor Baiano conseguiu se manter na elite do futebol brasileiro. Mas esse sucesso teria prazo de validade, graças ao Palmeiras que levou o jogador paranaense para o Allianz Parque no final do ano passado. 

Esse tipo de comportamento predatório acaba por minar o cenário interno brasileiro. É algo que pode ser apurado pelos palpites de futebol de hoje na Betfair, considerando as chances desses grandes times de ganharem o Brasileirão. No topo, temos o anteriormente mencionado Palmeiras, seguido por Flamengo e Santos. Na lista de 20 times, o Bahia aparece como o décimo-primeiro favorito. 

Ainda não chegamos no (des)nível de uma Alemanha, onde a prática é evidente. Ali no centro do continente europeu, o gigante Bayern de Munique é conhecido por enfraquecer seus pares como o Borussia Dortmund e o Schalke 04, haja vista a disparidade financeira entre esses clubes. É um modelo que tanto Palmeiras quanto Flamengo podem ter um interesse bem grande em seguir, sendo os dois os clubes com potencial para tal linha de conduta nas transferências internas de mercado de jogadores. 

Pela natureza do sistema e dos mercados em geral, a tendência é a que essa concentração fique cada vez maior. E enquanto que a batalha no campo financeiro será bem árdua, é possível ainda lutar de outras formas para que o sangramento perca intensidade ou seja estancado. 

 

Fonte: Pixabay 

Uma delas é justamente o investimento nessas contratações de baixo custo com potencial alto de retorno, como foi o caso de Zé Rafael. Mas é preciso olhar além do mercado brasileiro. Com o Bahia conseguindo se manter na Série A, aumentam as possibilidades de jogadores do time chamarem a atenção de olheiros (e clubes) internacionais. Estes que vão pagar muito mais no valor de jogadores do que qualquer outro clube brasileiro. 

O outro investimento a ser feito é na base. O Bahia promove poucos talentos entre os que compõem seus times juniores, e essa pode ser uma excelente fonte de renda – e títulos – para o clube baiano em sua busca por maior estabilidade financeira. 

Essa é uma das formas mais práticas que o Bahia tem para sair do seu estado atual de clube de meio de tabela e “incubador” de talentos dos clubes com maior estatura no futebol nacional, como tem sido também o caso na temporada atual. Uma encruzilhada entre grande potencial, e a perene mediocridade. 

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