Home office: Flexibilidade ou prática que levará trabalhadores ao esgotamento mental?

Imagem: iStock
No Brasil, cerca de 9,5 milhões de pessoas seguem trabalhando em formato home office, segundo dados do IBGE. Se por um lado é uma modalidade prática e cômoda, inclusive por otimizar a vida de quem tem dupla jornada, por outro a médica do trabalho, escritora e palestrante, Ana Paula Teixeira, reforça que esse tipo de labor, sem os devidos cuidados e a longo prazo, pode gerar prejuízos ergonômicos e esgotamento mental aos funcionários.

A médica conta que, na Bahia, não é diferente. O home office consolidou-se no estado, refletindo uma transformação significativa nas relações laborais, sendo inclusive uma modalidade favorita por muitos trabalhadores. “Esse crescimento exige que os empregadores adaptem suas políticas e estruturas para garantir condições adequadas de trabalho remoto. Isso porque, ao mesmo tempo em que é cômodo e prático, ele exige atenção extra das empresas. Os principais problemas estão ligados à ergonomia, muitas vezes provocados pelo mobiliário inadequado; e jornadas excessivas de trabalho, que podem gerar sérios agravos à saúde mental dos funcionários”, explica Ana Paula Teixeira, que também é consultora e especialista em Saúde e Bem-estar.

Em um cenário ideal, a médica diz que é fundamental que as empresas forneçam equipamentos apropriados, tais como: cadeira e mesa adequadas, computadores e acesso à internet de qualidade, além de estabelecerem diretrizes claras sobre jornada de trabalho e metas. “A legislação brasileira, atualizada pela Reforma Trabalhista de 2017, já prevê o regime de teletrabalho, mas a implementação eficaz depende do comprometimento das organizações em respeitar e promover os direitos dos trabalhadores remotos”, explica.

Além das questões legais e estruturais, ela ainda enfatiza a necessidade dos empregadores considerarem o bem-estar dos colaboradores em home office. “A manutenção de uma comunicação eficiente, o incentivo à saúde mental e a promoção de um ambiente de trabalho equilibrado são essenciais para a produtividade e satisfação dos funcionários. Na Bahia, empresas diversas adotam ainda modelos híbridos, permitindo que os funcionários trabalhem em casa e no escritório, buscando equilibrar flexibilidade e interação presencial”, diz Ana Paula Teixeira.

Ainda sobre a situação local, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) identificou que 326,2 mil baianos já estavam trabalhando em regime home office em dezembro de 2020 – o que já correspondia a 7% do total de ocupados no estado.

Dicas da especialista:
* Certifique-se sobre a equipagem disponibilizada pela empresa, antes de formalizar contratos.
* Atente-se à jornada de trabalho. Em home office, muitas pessoas acabam trabalhando muito mais do que a jornada contratual, o que pode gerar desgaste físico e mental.
* Crie uma rotina de trabalho com horários regrados de entrada, descanso e saída – como se estivesse em um escritório.
* Crie um espaço em que possa atuar de maneira confortável e atenta às demandas.
* Tenha como hábito constante a realização do alongamento – evitando ficar muito tempo em uma mesma posição, evitando, assim, problemas por esforços repetitivos como a tendinite.
* Ao menor sinal de desconforto, desgaste físico ou emocional consulte o empregador e a área responsável pelas boas práticas de saúde do trabalho.

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