Desafio Farol a Farol trará inclusão social e diversão a crianças, jovens e adultos com deficiência de Salvador

Evento promovido para pessoas com deficiências acontecerá no próximo domingo (01) com saída do Farol de Itapuã

Os fortes ventos e a chuva que atingiu a capital baiana nos últimos dias foram os fatores determinantes para o adiamento da primeira edição da Corrida Farol a Farol Meu Sorriso: do Farol de Itapuã ao Farol da Barra, com percurso de 23,5 km. A mobilização, que visa estimular o convívio social, pela atividade física, de Pessoas Com Deficiências (PCDs) e suas famílias precisa acontecer num contexto de clima favorável, já que terá a participação de pessoas que naturalmente enfrentam mais vulnerabilidade.

A comissão organizadora, juntamente com os familiares dos inscritos, achou prudente aguardar mais uma semana para o tão esperado evento que leva inclusão e diversão a pessoas que enfrentam limitações de mobilidade. A iniciativa é da Associação Meu Sorriso, organização sem fins lucrativos, criada em 2019, fruto de uma reunião de amigos.

O PROJETO SOCIAL

A ideia partiu de Frederico Matos (52) com o intuito de permitir que outros pais desfrutem de momentos de lazer ao lado dos filhos com deficiência. A filha do engenheiro mecânico, Amanda (13), nasceu com uma deleção parcial no braço longo do cromossomo 18, uma síndrome sem nome, que traz como consequências mais importantes o forte atraso cognitivo e hipotonia, ou seja, perda de tônus muscular. Com a prática esportiva em família, eles têm desfrutado juntos de momentos de alegria e proporcionado à adolescente novas vivências e conquistas.

O sonho ainda está só começando, mas o propósito está bem definido. “Nossa missão é atuar como um projeto social amplo na disponibilização de recursos e desenvolvimento de projetos que estimulem a integração de pessoas com deficiências (PCDs) e suas famílias. Nosso intuito é buscar a viabilização técnica e econômica dos recursos necessários para a participação dessas PCDs e famílias nas atividades sociais da cidade, assim como no desenvolvimento de ações e processos que estimulem essa a presença”, conta Frederico, que morou nos EUA com a filha por dois anos, onde conseguiu desfrutar de uma realidade muito mais inclusiva. “Esse tempo morando fora nos mostrou o quanto em nossa cidade as pessoas com deficiência e suas famílias encontram dificuldades ou mesmo inviabilidade de usufruir de atividades de lazer ou estarem integradas aos mecanismos sociais de qualificação humana, como escolas e oficinas, causando um significativo prejuízo à socialização do PCD e seus familiares”, declarou.

As dificuldades citadas pelo engenheiro estão relacionadas à carência de dispositivos, infraestrutura e processos adaptados que viabilizem não somente o acesso a esses locais, mas a efetiva participação dos PCDs nas atividades cotidianas. “Essas barreiras impactam fortemente na vida social desses núcleos familiares, cenário agravado quanto maior for a complexidade da deficiência envolvida, assim como a idade do PCD. Raramente observamos a presença de adolescentes ou adultos PCDs em convívio social. Por isso, pretendemos disponibilizar os equipamentos através de cessão a uso por associações de bairro, que atuem com famílias de PCDs ou empresas prestadoras de serviço na área relacionada ao equipamento”, explicou Frederico Matos.

A Associação Meu Sorriso se propõe a atuar no desenvolvimento de meios que mitiguem os efeitos do isolamento social, estimulem o lazer dessas famílias, promovendo, assim, a preservação da saúde mental desses núcleos familiares.

O projeto ainda está em fase de sensibilização da sociedade sobre essa necessidade das famílias de PCDs, mas seu propósito está bem definido. “Podemos acreditar que o efeito sensibilização já está sendo conquistado. Ao tempo que estamos montando novos equipamentos, adquirindo ou adaptando outros, vamos recebendo as famílias e os PCDs, qualificando-os no uso. Precisamos avançar para a fase cotidiana: a presença dessas famílias em caminhadas na orla, banhos de mar, passeios de bicicleta sem necessitar de eventos específicos para PCDs. Queremos chegar no ponto que um PCD correndo na orla com seu triciclo de paraatletismo não seja um destaque, mas uma pessoa comum se divertindo com namorada, esposa, filhos, pais ou amigos. Hoje, praticamente não vemos adultos com deficiência nem em praias”, destaca.

O Desafio Farol a Farol – Meu Sorriso não é propriamente uma corrida, é um desafio com o objetivo de integrar PCDs com não PCDs, é um evento com pessoas de todas as idades e potencialidades. O estímulo ao desafio tira a pessoa da zona de conforto e tem a potencialidade de despertar no PCD e na família a capacidade de estarem juntos aos demais nas atividades de lazer da cidade, explica o presidente da associação. “Por exemplo: tem mãe que vai simplesmente andar por 30 minutos com a filha em uma parte do circuito. Tenho a confiança que essa experiência colocará em sua mente que é possível, fácil e super prazeroso estar com ela no meio dos demais. Tem pais que vão correr 10km. Eu vou correr 23km ao lado de um paraplégico em uma cadeira de atletismo. Dois handbikers irão em velocidade pela rua. Já outros dois se desafiarão em buscar terminar”. O número de participantes será limitado a 70 inscritos, devido à pandemia. Para dispersar o grupo e mitigar os riscos, as largadas acontecerão em escalas, sempre um PCD com um grupo de corredores ou ciclistas, após 2 minutos, largará outro e assim por diante. As ações da Associação podem ser conferidas no Instagram: @projeto.meusorriso.

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