Covid-19: depois da alta, mais desafios pela frente


Estar curado da Covid-19 é uma vitória, mas, principalmente para os mais velhos, ainda há muitos desafios pela frente depois da alta. Após um período de hospitalização, o estado geral do paciente pode ser comprometido por problemas físicos, funcionais, cognitivos e até emocionais, cuja duração pode variar de semanas a meses. Num artigo publicado no “Journal of Aging and Social Policy”, no começo do mês, três pesquisadoras da escola de enfermagem da Universidade da Pennsylvania mostram como é importante monitorar esse paciente para garantir que sua recuperação seja completa.

Estar curado da Covid-19 é uma vitória, mas, principalmente para os mais velhos, ainda há muitos desafios pela frente depois da alta — Foto: Gerd Altmann por Pixabay

Estar curado da Covid-19 é uma vitória, mas, principalmente para os mais velhos, ainda há muitos desafios pela frente depois da alta — Foto: Gerd Altmann por Pixabay

O chamado protocolo de cuidados de transição (transitional care model) deveria integrar os procedimentos de todas as unidades de saúde, mas essa não é a realidade vivida pela maior parte das pessoas. Com frequência, as orientações são dadas sem o devido detalhamento e o resultado é o risco de o paciente acabar tendo que retornar ao hospital. “Há enormes desafios para os idosos com Covid-19 em sua transição do hospital para casa”, escreveram as autoras: Mary D. Naylor, uma das maiores autoridades mundiais do assunto, Karen Hirschman e Kathleen McCauley. Basta lembrar que, em relação a complicações que podem ocorrer, cientistas já alertaram para o risco de o vírus desencadear o diabetes ou agravar uma condição preexistente, assim como não há resposta conclusiva em relação à imunidade de quem foi infectado. Por isso, as semanas e os meses seguintes à alta não devem ser vistos como uma volta à normalidade.

As autoras listaram uma série de medidas que deveriam constar do rol de políticas públicas: monitoramento dos pacientes, treinamento para os cuidadores e familiares responsáveis, coordenação entre os serviços sociais e de saúde. Na prática, mais enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e outros profissionais da saúde envolvidos no atendimento. As especialistas lembram que, por causa do esforço heroico para salvar vidas, a grande maioria volta para casa – mas pouca atenção tem sido dedicada a esse grupo. Muitos são portadores de doenças crônicas e/ou enfrentam uma situação de vulnerabilidade social, quadro que pode ser agravado na convalescença. O ideal seria criar um clima de confiança entre os idosos, seus cuidadores e o time de saúde, para que este fosse informado imediatamente quando houvesse algum problema. O paciente também tem que ser estimulado a se manter engajado no tratamento de doenças crônicas, além de passar por avaliação emocional, uma vez que o estresse da experiência não deve ser menosprezado. *G1

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