Como a alta da Selic influencia os empréstimos?

Imagem de Susan Sewert por Pixabay

Tudo o que você deve saber para não ter problemas

A alta da Selic levou os bancos a aumentarem a taxa de juros para a concessão de empréstimo consignado. Por isso, os consumidores precisam ficar atentos às condições do contrato.

Na última reunião realizada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central anunciou o reajuste de 0,5% na Taxa Selic. Com isso, a taxa básica de juros foi ajustada para 13,25% ao ano, valor mais alto desde 2017.

Como a Selic influencia em todas as taxas de juros do país, o novo aumento provocou um efeito dominó. Por consequência, os juros de financiamentos e empréstimos também ficaram mais altos, o que dificulta o acesso dos brasileiros ao crédito bancário. Até mesmo o empréstimo consignado foi afetado.

Neste caso, o aumento gera preocupação especialmente entre aposentados e pensionistas do INSS, que são alguns dos grupos que mais solicitam essa modalidade de empréstimo. De acordo com o INSS, 40,5 milhões de aposentados e pensionistas contrataram o empréstimo consignado apenas em 2021.

Considerando a atual situação econômica do país, a expectativa é que o número de concessões de empréstimo consignado não sofra uma redução em 2022. Isso deve ocorrer por necessidade, não por conta do custo de quitação do empréstimo. Afinal, a alta da Selic também deve pressionar a taxa de juros dessa modalidade.

Para entender este cenário e qual a relação entre Selic e empréstimo consignado, primeiro é importante entender a influência da Selic na economia e conhecer as características que tornam essa modalidade de empréstimo tão procurada.

Como a Selic é ajustada para influenciar na economia?

A Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e é a principal ferramenta utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação do país. Por esse motivo, possui influência em todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros de financiamentos, aplicações financeiras e até empréstimos.

Este instrumento de política monetária para controle da inflação é revisado a cada 45 dias e pode ser ajustado quando necessário.

Ou seja, quando a inflação está controlada ou abaixo da meta estabelecida pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Desta forma, as taxas de juros acompanham o movimento, o que estimula o consumo e aquece a economia.

Já quando a inflação está alta, o Banco Central eleva a taxa de juros com o objetivo de controlar este crescimento. Como consequência, as taxas de juros associadas à Selic também aumentam, incentivando o ritmo do consumo e desacelerando a economia.

Quais fatores influenciaram a última alta da Selic?

Desde 2021, a economia brasileira sofre com aumentos sucessivos da inflação. Isso criou um dos piores quadros das últimas décadas, já que o aumento geral passou da casa dos dois dígitos. Em abril, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), usado para medi-la, atingiu a marca de 12,13%.

Vários fatores influenciaram nesse aumento rápido da inflação, como a própria pandemia. A reabertura após os piores dias da pandemia de Covid-19, problemas na cadeia de produção de alimentos e produtos e o aumento do consumo são as principais causas.

Para completar, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia também afetou o mercado global de commodities. Como consequência, o preço de diversas commodities, como petróleo e alimentos, também disparou.

Diante deste cenário, o Banco Central começou a ajustar a Selic, que passou por onze aumentos consecutivos desde janeiro de 2021. Em junho de 2022, foi anunciado o reajuste mais recente para 13,25%.

O resultado deste cenário é que todas as taxas de juros do país também foram ajustadas à medida que o valor da Selic aumentava. Por esse motivo, os empréstimos bancários também estão mais caros. Apesar disso, o empréstimo consignado tem características próprias e ainda pode ser uma opção viável neste momento de Selic alta.

Como funciona o empréstimo consignado

O empréstimo consignado é uma modalidade de empréstimo na qual o cliente autoriza o desconto das parcelas de quitação de empréstimo diretamente da sua folha de pagamento. Além disso, a parcela também pode ser descontada do benefício do INSS do cliente, como aposentadoria ou pensão por morte. Portanto, quem faz o empréstimo consignado não tem como impedir que o banco desconte a parcela de sua conta.

Em função dessa característica, o risco de inadimplência é reduzido, o que faz com que as instituições financeiras considerem o empréstimo consignado um investimento de baixo risco. Em contrapartida, os bancos oferecem linhas de crédito com juros menores aos clientes.

Outra vantagem dessa modalidade de empréstimo é a facilidade de contratação. Como os bancos têm a garantia de pagamento, a burocracia para solicitar um empréstimo consignado é bem menor. Por isso, a liberação do dinheiro ocorre rapidamente.

Além disso, as instituições financeiras também podem oferecer prazos maiores para a quitação do empréstimo. Em alguns casos, é possível parcelar o pagamento da dívida em até 120 vezes. Diante desses benefícios, o empréstimo consignado é uma ótima opção para situações emergenciais como o conserto de um carro.

Quem tem direito ao empréstimo consignado?

Para aproveitar os benefícios do empréstimo consignado, basta comprovar a existência de uma renda mensal. Afinal, as parcelas serão descontadas de forma automática do salário ou benefício da pessoa. O banco precisa ter garantias de que o cliente terá recursos na conta para quitar a dívida.

Porém, essa modalidade de empréstimo está disponível apenas para aposentados e pensionistas do INSS, militares das forças armadas, trabalhadores com carteira assinada e servidores públicos. 

Vale lembrar que a legislação estabelece que a parcela do empréstimo não deve comprometer mais que 35% da renda mensal do cliente. No entanto, o governo federal anunciou que servidores públicos, militares e pensionistas podem comprometer até 40% de suas rendas com o pagamento desse tipo de empréstimo. Desta forma, é importante fazer as contas para não prejudicar a manutenção das demais contas.

Como a Selic alta afeta o empréstimo consignado?

Considerando que a Selic afeta todas as taxas de juros do mercado, os juros cobrados em empréstimos consignados também são alterados em função da taxa básica de juros. A Selic a 13,25% ao ano provocou o aumento da taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras para a concessão dessa modalidade de empréstimo.

Porém, o efeito da Selic alta não ocorre de forma imediata, já que o mercado demora um tempo para absorver e ajustar suas taxas de acordo com a realidade. Além disso, os juros dos empréstimos não são elevados na mesma proporção que o reajuste da Selic.

Afinal, a taxa básica de juros é apenas um dos índices utilizados para calcular o Custo Efetivo Total (CET), ou seja, o valor total que deve ser pago pela pessoa que solicitou o empréstimo. Além da Selic, outros fatores pesam nessa conta, como o tipo de convênio, prazo de pagamento e valor do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

De qualquer forma, especialistas acreditam que o crédito consignado deve continuar encarecendo à medida que a Selic for aumentada. Portanto, a recomendação é que o consumidor que deseja solicitar um empréstimo consignado fique atento às condições oferecidas pelos bancos. O ideal é pesquisar quais instituições financeiras oferecem juros menores e melhores condições de convênio, contrato e prazo de pagamento.

Avaliando cada um desses critérios, fica mais fácil encontrar taxas de juros mais atraentes e aproveitar as vantagens do empréstimo consignado.

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