Colunista Moacir Saraiva: “o que significa requininga?”

 

O professor já com alguns vestibulares e “enens” na sua caminhada, sempre com salas cheias. Era um maestro no palco, pois captava o afinamento de cada aluno com aquilo que discorria, bem como percebia também o desafinamento de alguns, isso constatado, usava muito bem a batuta para reparar o descompasso. Nesses espaços, em que todos os alunos se fazem presentes fisicamente, a depender do maestro, todos permanecem na sala por inteiro, conservam-se ali e muito atentos ao comando do regente.

A pandemia trouxe situações novas para os professores, antes, olho no olho, com isso, observava-se o quanto os alunos compreendiam os conteúdos apresentados, ao constatar que o objetivo não era atingido, eram criadas situações novas a fim de o aluno conseguir mergulhar no conhecimento.

Agora, com aulas virtuais, tudo novo, tanto para o aluno, para o professor, escola, família, enfim, estamos sendo forçados a este novo cenário parido por esse maldito agente infeccioso. Por ser novo, assim como o peste do vírus, estamos todos em fase de aprendizagem sobre esse novo formato de ensino e tendo de aprender, em tempo curto, no ensaio e erro, a construir alternativas mais eficazes, nessa mesma pegada está a ciência buscando antídotos para o enfrentamento do efeito desse maldito vírus.

A maior dificuldade vivida pelos professores, não sei se alguns docentes já conseguiram sanar essa maldita dúvida: o aluno está ou não presente? O peste deixa o sinal aberto no computador ou celular, mas há uma dúvida enorme se ele está interagindo com o professor e com os colegas. Esse jogo é um verdadeiro cabo de guerra, de um lado os professores querendo interagir com os alunos, e os mestres creem que a câmara aberta constata essa interação, do outro, os alunos resistem a se mostrarem. A questão não é tão simples, eles têm seus motivos para ficarem no anonimato.

Esporadicamente, algum discente incauto aparece para marcar presença e faz uma pergunta ao professor cujo teor mostra que ele estava ausente. O professor, a que me referi, ministrou uma aula com muita sabedoria sobre os afixos, em que se aprofundou bem nos prefixos e sufixos. Explicou, na sala virtual, que se juntando prefixo ou um sufixo ou ambos a uma palavra, aparece uma nova palavra. Exemplificou: ler tem um significado, e se acrescentarmos no verbo o prefixo RE, aparece outro significado RELER. Continuou o professor, CASA tem um significado, se acrescentarmos o sufixo MENTO, nova palavra se forma com um outro significado CASAMENTO.

Após esses exemplos, ele discorreu sobre o processo de formação de palavra, mostrando todos os afixos de uma maneira muita clara e didática, além disso, postava imagens a fim de facilitar a aprendizagem dos alunos.

Ao concluir o assunto, afirmou que, caso se crie uma nova palavra, o significado advirá a partir dos afixos, e jogou uma inventada por ele, naquele momento: REQUININGA. Essa palavra não existe e obviamente não há possibilidade nenhuma de seccionarmos esse vocábulo em afixos, afirmou o professor, que deixou na tela, por um momento curto, o novo vocábulo.

Uma aluna abriu a câmara e mostrando empolgamento, com um tom de voz de quem estava atenta, perguntou:

– Professor, o que significa REQUININGA?

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