Colunista Moacir Saraiva: “Amiga da Onça”

 

“- O que você faria se estivesse na selva e aparecesse uma onça na sua frente?

– Dava um tiro nela

– E se você não tivesse uma arma de fogo?

– Furava ela com minha peixeira

– E se você não tivesse uma peixeira?

– Pegava qualquer coisa, como um grosso pedaço de pau, para me defender

– E se não encontrasse um pedaço de pau?

– Subia numa árvore

– E se não tivesse nenhuma árvore por perto?

– Saía correndo

– E se suas pernas ficassem paralisadas de medo?

Nisso, o outro perdeu a paciência e explodiu:

– Peraí! Você é meu amigo ou amigo da onça?”

 

Transcrevi como surgiu a expressão “amigo da onça” a fim de o leitor ficar mais bem informado, a fonte é  “A Origem Curiosa das Palavras”, de Márcio Bueno.

Uma senhora chegou ao hospital bastante doente e segundo alguns leigos, já com os dois pés na cova. Ainda jovem, bonita, mas com uma enfermidade repentina que os médicos tiveram que investir tempo e exigiram uma série de exames a fim de detectarem o que a molestava.

Todo este processo durou quatro dias e tanto nela, quanto nos familiares, aumentava muito o desespero. Sabendo da enfermidade já é complicação, ainda mais estar com um parente enfermo e sem saber do que se trata, é motivo para muita angústia. Quem já passou por esta experiência sabe disso.

Ela definhando,  pois nada comia, bebia água com parcimônia,  teve de tomar soro e isso só aumentava a aflição dos filhos e do marido, teve um filho que se  indispôs com um médico, em virtude da demora do diagnóstico,  coisa de gente desesperada, mas logo controlada pelos demais familiares, uma vez que viram nos médicos muita dedicação.

No terceiro dia, recebe a visita de uma amiga viúva, também nova, infelizmente os maldosos, atribuem ao séquito de viúvas que há pelo mundo, como “assassinas dos maridos”. Maledicentes, a questão da viuvez feminina, é porque o homem é incompetente e não sabe se virar sozinho, a mulher é muito mais sábia e consegue levar a vida sem a necessidade de um mancebo. Ela é mais organizada, mais prática e Deus até contribui para que o mundo não fique pior do que está, ao levar, primeiramente, os homens para “uma melhor”, como dizem alguns.

Na conversa, a viúva encosta na amiga enferma e começa a falar pausadamente a fim de entender bem a mensagem.

Disse que achava bom ela estar doente, e desejava sua morte, pois assim ela, a viúva, iria cuidar do marido da amiga, e começou a tecer elogios a beleza física do marido da amiga, falou que ela poderia partir tranqüila que o marido seria muito bem cuidado. A enferma como num passe de mágica, abriu os olhos, olhou para a amiga viúva, esta falava sorrindo, em tom de gozação. A amiga enferma, até então sem poder falar muito, abriu os olhos, sentou-se na cama e ficou boa, pediu comida, pediu suco bebeu e comeu bastante.

A jovem enferma, também em tom jocoso, aliás, já quase ex-enferma, sorriu para a viúva dizendo que esta não era amiga da onça era a própria onça.

Após esta conversa, a ex-enferma pediu alta e foi cuidar do marido.

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