Colunista Joice Vancoppenolle: “O Jerez”





Primeiramente devemos dizer que o Jerez é um vinho proveniente de um só lugar no mundo – A região de Jerez, no sudoeste da Espanha. Essa é a importante consideração a respeito do Jerez. A segunda mais importante é que ele está fora de moda, depreciado e seriamente desvalorizado.

Felizmente para nós, amantes do vinho, a cultura de Jerez sobreviveu, durante a Idade Média, à invasão dos mouros na Península Ibérica, apesar da proibição muçulmana ao consumo de álcool.

O nome sherry – que foi pronunciado em algumas cenas do clássico E o Vento Levou, é atribuído a uma corruptela do inglês para a palavra Jerez, região espanhola onde esse vinho é produzido. Também podemos chamá-lo de Xerez, no português.

O Jerez é elaborado com três diferentes variedades de uvas – a Palomino, a Pedro Ximénes e a Moscatel. Ele pode ser elaborado com apenas uma dessas variedades, mas geralmente elas são misturadas para conferir equilíbrio e complexidade.

Todo Jerez é Fino ou Oloroso, ou um descendente desses dois tipos. O Fino é geralmente muito seco. Seu distinto caráter semelhante ao pão é proveniente de um filme chamado flor, que se desenvolve na superfície do vinho quando ele é elaborado. A flor protege a bebida da oxidação e a mantém delicada e fresca.

O Tio Pepe, produzido por González Byass, é um exemplo clássico do Jerez Fino – muito seco e neutro, com toque levemente salgado e nuances de pão fresco. Não é um aperitivo frutado. Já o Jerez amontillado é um Fino que perdeu a flor e, assim, tornou-se de cor marrom e oxidado, o que é intencional, naturalmente. Os verdadeiros amontillados são muito secos, mas alguns produtores os adoçam. Para se certificar, leitor, observe o rótulo atrás da garrafa onde a tabela nutricional indica a quantidade de açúcar. A vinícola Hidalgo produz um amontillado excelente chamado Napoleon Seco que é todo café, trufas e frutas secas.

Os Jerez Olorosos são vinhos marrom-escuros, ricos e que não foram afetados por uma camada do fermento flor. Como resultado, não mostram o caráter de fermento

e semelhança ao pão do Jerez Fino. Os Olorosos são fortificados a 18% de álcool e ganham concentração enquanto envelhecem em barricas. Os Jerez Olorosos tradicionais são muito secos, mas atualmente muitos produtores o adoçam.

Pedro Domecq produz um Oloroso seco denominado Río Viejo, com sabor de frutas secas e açúcar mascavo, sem ser doce.

Esse vinho tende a aumentar seu teor alcoólico com a permanência em barricas. Esse fato curioso se dá devido às condições peculiares nas adegas de Jerez onde a água e não o álcool, evapora no decorrer do tempo; assim, não é incomum encontrar antigos Olorosos com teor alcoólico com níveis perto de 25%. Um ótimo vinho para o início ou o final de uma refeição. Os Finos com azeitonas para começar, e os Olorosos com frutas secas ou queijo, para terminar.

“Se a vida com vinho, amor e música se tornar demasiado pesada, pare de cantar.”

Autor desconhecido

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