Burnout: Nova atualização relacionada à síndrome exige que empresas tenham ainda mais responsabilidade em prevenir e mitigar o problema
Foto: Freepik
Quando o assunto é saúde mental, o Brasil tem a quarta pior taxa do planeta, de acordo com uma pesquisa realizada pela plataforma Neurotech Sapien Labs. Na contramão, profissionais da saúde e entidades enfrentam a situação promovendo ações e campanhas de conscientização a respeito do assunto, sobretudo no ambiente de trabalho, onde as pessoas passam a maior parte do tempo. Ativista no assunto, a médica do trabalho e especialista em Saúde e Bem-estar, Ana Paula Teixeira, afirma que os transtornos de adaptação, de reação ao estresse, ansiedade e burnout estão entre as principais causas de afastamento do trabalhador. Neste sentido, a previsão é que, daqui a dois anos, entre em vigor no Brasil uma nova atualização relacionada ao burnout. Até lá, as organizações já devem ir investindo e aperfeiçoando práticas saudáveis voltadas à saúde mental dos colaboradores.
“A previsão é que, a partir de 2027, o nosso País passe a adotar a 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), elaborada pela Organização Mundial da Saúde. Essa atualização traz avanços importantes para a saúde ocupacional e, especialmente, para o reconhecimento do burnout. Na prática, o burnout, que anteriormente era descrito de forma vaga na CID-10, será classificado como um fenômeno ocupacional, com três características claras: exaustão intensa no trabalho; distanciamento mental em relação ao trabalho e colegas e redução da eficácia profissional”, detalha Ana Paula Teixeira.
A médica explica que, com a nova classificação, as organizações terão maior responsabilidade em prevenir e mitigar os transtornos mentais relacionados ao trabalho. “Ambientes saudáveis não serão apenas um diferencial, mas sim uma obrigação legal e ética. Essa mudança reflete um avanço na compreensão das relações entre saúde mental e trabalho, criando um caminho mais seguro e humano para profissionais em todos os setores. Ainda há um longo caminho até a atualização, mas as empresas precisam, desde já, prevenir não só o burnout como também outras síndromes mentais através de práticas laborais saudáveis”, reforça a especialista em Saúde e Bem-estar.
Prevenção
Ana Paula Teixeira informa que a melhor forma de prevenir o sofrimento mental relacionado ao trabalho é atuando sobre os fatores psicossociais do trabalho, tais como níveis elevados de tensão, conflitos de valores, falta de autonomia dentre outros. E, neste contexto, a liderança pode atuar de forma ativa realizando condutas saudáveis. “Ao analisar e adequar a carga horária de trabalho dos colaboradores, distribuindo tarefas e dividindo responsabilidades, as organizações podem ajudar no equilíbrio e diminuir o estresse. Outra sugestão é oferecer grupos de apoio, onde os colaboradores podem discutir seus desafios e trocar experiências, fortalecendo o sentimento de comunidade e de cumplicidade. Além disso, é importante oferecer suporte profissional, disponibilizando médico do trabalho e/ou psicólogo, como também abrir canais de comunicação para que o colaborador se sinta confortável em relatar queixas e elogios”, sugere a especialista.
Burnout
A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, segundo o Ministério da Saúde, é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Ela é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros.