Ansiedade e depressão fazem baianos se afastar do emprego

Foto: reprodução

A Bahia tem enfrentado um aumento significativo nos casos de ansiedade e depressão entre seus trabalhadores. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 14,9% dos baianos apresentam sintomas de ansiedade, enquanto 8,3% convivem com depressão, índices superiores às médias nacionais de 12,2% e 6,5%, respectivamente. Além disso, em 2024, o estado registrou 4.517 afastamentos laborais devido à ansiedade e 3.313 por depressão, liderando o número de licenças no Nordeste e ocupando a oitava posição no país.

De acordo com a médica do trabalho, Ana Paula Teixeira, que também é especialista em Saúde e Bem-estar e uma das idealizadoras da Escutaris, fatores relacionados ao ambiente de trabalho podem contribuir para o aumento desses transtornos psicológicos. “Condições laborais adversas, como sobrecarga de trabalho de forma ininterrupta associada a falta de realização, insegurança no emprego, violência ou assédio, podem ter um duro efeito na saúde mental dos trabalhadores”, detalha a especialista.

Para Ana Paula, os empresários desempenham um papel crucial na promoção de um ambiente de trabalho mais saudável. “Medidas como a oferta de acesso a recursos de apoio psicológico e psiquiátrico, incentivo ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, promoção de atividades físicas e de lazer, além da criação de uma cultura organizacional que valorize a inclusão, o respeito e a colaboração, são essenciais para melhorar a saúde mental dos colaboradores. Implementar essas práticas não apenas beneficia os funcionários, mas também aumenta a produtividade e reduz o absenteísmo nas empresas, o que todos esperamos”, orienta.

Plano de saúde mental

A partir do mês de maio de 2025, todas as empresas serão obrigadas a implementarem estratégias que visem o bem-estar e a manutenção da qualidade da saúde mental dos funcionários, a exemplo de um plano de saúde corporativa com essa finalidade. A exigência, imposta através da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), foi expedida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em agosto de 2024 e passa a valer a partir de 26 de maio deste ano – tempo para adequação das corporações.

Ana Paula Teixeira explica que a normativa representa um avanço incontestável no que se refere à saúde dos trabalhadores. “O mercado, altamente competitivo, tem elevado as exigências e atribuído um volume crescente de funções aos trabalhadores. Quando mal distribuídas, essas demandas podem gerar altos níveis de estresse por longos períodos, comprometer a produtividade e contribuir para o adoecimento da população empregada, especialmente devido aos riscos psicossociais associados que podem estar relacionados, por exemplo, a sobrecarga, falta de controle sobre o trabalho e baixa percepção de apoio”, conclui.

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