A importância do sexo para as mulheres mais velhas

Será mesmo verdade que as mulheres perdem o interesse pelo sexo à medida que envelhecem? Nos Estados Unidos, um estudo nacional sobre a saúde feminina mostrou que, para pelo menos um quarto das 3.200 mulheres pesquisadas, o sexo continuava sendo importante da meia-idade em diante. O levantamento, divulgado no fim de setembro no encontro anual da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, cruzou um volume expressivo de informações, como raça, educação, índice de massa corporal, pressão, sintomas de depressão, níveis de estresse, orientação e satisfação sexual.

De acordo com essa análise, os pesquisadores identificaram três padrões de comportamento. Para 45% das mulheres, o sexo era importante no começo da meia-idade e foi perdendo relevância com o passar dos anos. Para 27%, manteve-se muito importante e, para 28%, não tinha significado já durante a meia-idade. Para a médica Holly Thomas, que liderou o projeto, trata-se de uma descoberta que vai de encontro a estudos anteriores, que consideravam que a maturidade feminina era sinônimo de desinteresse pelo sexo.

Casal em restaurante: para pelo menos um quarto das mulheres, sexo continuava sendo importante da meia-idade em diante  — Foto: Mariza Tavares

Casal em restaurante: para pelo menos um quarto das mulheres, sexo continuava sendo importante da meia-idade em diante — Foto: Mariza Tavares

Há muitas razões para as mulheres descartarem o sexo depois dos 50 anos – e a menopausa desempenha um papel crucial nesse quadro. Quando os ovários deixam de produzir o estrogênio, ocorre a atrofia vaginal: o revestimento da vagina se torna mais fino, há perda de tônus muscular e menor lubrificação. O resultado pode ser dor na penetração. Nesse conjunto de variáveis, a excitação também demora, aumentando a dificuldade para atingir o orgasmo. Com base nessas constatações, os serviços de saúde deveriam oferecer atendimento voltado para garantir a qualidade da vida sexual feminina, reconhecendo seu valor para o bem-estar. Há tratamentos simples, como a utilização de lubrificantes ou de doses tópicas de hormônio.

Descartar a possibilidade do desejo sexual para aquelas que passaram da menopausa ainda é a visão dominante entre os profissionais de saúde. Pesquisa da Universidade de Michigan e da AARP, a associação que reúne 38 milhões de aposentados nos EUA, já havia traçado um painel sobre a vida sexual de norte-americanos entre 65 e 80 anos: 40% das pessoas haviam se declarado sexualmente ativas. Do total, 18% dos homens e 3% das mulheres tinham dito que utilizavam algum tipo de medicamento ou suplemento para melhorar seu desempenho, mas apenas 17% haviam falado com seus médicos a respeito, embora fosse consenso de que o tema deveria fazer parte das consultas. Mesmo sendo um tópico de conversa recorrente entre amigos, o assunto desaparece da roda quando se envelhece. No entanto, a longevidade demanda que falar sobre o sexo maduro deixe de ser um tabu. *G1

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