Turismo exagerado pode afetar identidade cultural de uma localidade

Em alguns casos, crescimento do turismo leva a mudanças de costumes e êxodo de nativos

por Joberth Melo

O Brasil é beneficiado por vários destinos turísticos. Rico em uma diversidade de belezas naturais, com suas praias, cachoeiras e ilhas, o país recebe turistas em todo o período do ano. Um levantamento da plataforma de viagens Kayak apontou que a procura pelo Brasil aumentou em 35% em 2019 após a dispensa de visto para países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão.

O acesso de mais turistas ao país possibilita o aumento econômico nas regiões turísticas. Isso propicia geração de empregos, ações de urbanização e a valorização de pontos turísticos da localidade. Porém, a abertura exagerada de rotas turísticas pode comprometer a cultura identitária.

O surgimento de estabelecimentos de multinacionais e criação de áreas de lazer nas rotas de viagens são observadas quando se eleva o número de visitações de pessoas de outras localidades. O intuito de possibilitar uma comodidade para os turistas pode modificar as urbanizações que identificam uma localidade.

É comum que turistas se tornem moradores e assim propaguem sua cultura e costumes por meio de empreendimentos. Os recém-chegados levam a um aumento exacerbado do custo de vida, o que propicia a saída dos nativos.

Elevação de custo de vida e Identidade Cultural afetada

O Morro de São Paulo é um dos pontos turísticos do Brasil. Exuberante nas paisagens e pelas quatro praias límpidas e com águas paradas, turistas estrangeiros no verão tomam como destino a ilha localizada no estado da Bahia.

A visitação de turistas em alta nos meses de novembro a março proporciona uma elevação na geração econômica para Cairu, cidade em que a ilha está localizada, e para o comércio de Valença, já que é um município que dá acesso ao lugar.

Apesar dos benefícios, a ilha se modificou ao passar dos anos. Empreendimentos de proprietários estrangeiros e o aumento de visitações elevaram o custo de vida. Residências deram lugar a restaurantes, lojas de acessórios, hotéis e pousadas de estrangeiros, que viram na localidade um potencial econômico.

O aumento do custo de vida leva a atualmente famílias nativas não residirem mais no espaço e o costume da pesca não ser mais observada. Os poucos que residem estão afastados do centro da ilha, onde estão os comércios surgidos ao longo dos anos.

Soluções para excesso de Turismo

Ações para reverter ou minimizar o excesso de turismo podem ser estabelecidas. Gestores de localidades turísticas podem criar medidas para dificultar a chegada dos visitantes ao invés de restringir o acesso. Limitar os transportes que levam a localidade é uma opção nesse contexto.

Nas localidades que dependem da geração econômica possibilitada pelo turismo e já contam com problemas de congestionamento turístico, a limitação do crescimento de visitações pode ser necessária. Há destinos com planos detalhados de como as dirigir e como se comportar no espaço.

Outra possibilidade é encontrar meios para mostrar os costumes dos nativos para os que visitam. Apresentações de grupos culturais, exposições de objetos construídos na localidade e explanações da história local são ações que possibilitam a fortificação cultural e identitária do espaço.

Atualiza Bahia

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