Teste genético é a chave da prevenção contra câncer de mama e ovário

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Teste genético é a chave da prevenção contra câncer de mama e ovário

Em evento, a FEMAMA e Sociedade Brasileira de Mastologia destacam a necessidade de políticas públicas para garantir o acesso aos testes genéticos para avaliação de mutações patogênicas nos genes BRCA1 e BRCA2

Os cânceres de mama e de ovário são uma preocupação crescente, pois afetam não apenas a saúde das pessoas diagnosticadas, mas também suas famílias. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tumor maligno hereditário de mama e/ou ovário está associado à presença de variantes patogênicas nos genes BRCA1 (72% para câncer de mama e 44% para câncer de ovário) e BRCA2 (69% para câncer de mama e 17% para câncer de ovário). Por conta disso, familiares desse paciente também podem carregar as mesmas alterações genéticas, aumentando o risco de desenvolvimento da doença. A forma mais confiável para identificar se há favorecimento para desenvolvimento dessas doenças é justamente a testagem genética, disponível pelo SUS apenas em cinco estados brasileiros.
 

Como forma de reforçar a importância da aplicação da testagem genética em todos os estados do Brasil, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2, de pacientes oncológicos do Sistema Único de Saúde (SUS), a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) lançaram durante o Fórum de Acesso ao Painel Genético em Mama, realizado no Brazilian Breast Cancer Symposium (BBCS) o artigo “Implementação de política pública para o acesso aos testes genéticos na detecção de mutações em BRCA no SUS”, enfatizando a necessidade de medidas concretas para garantir o acesso universal a esses testes genéticos no sistema de saúde público.
 

Frentes de ação

Como parte do esforço para melhorar o cenário oncológico atual, foi realizado no dia 16/05, durante o Brazilian Breast Cancer Symposium (BBCS), o Fórum de Acesso ao Painel Genético em Mama. Esse evento, organizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), regional Goiás, em parceria com a FEMAMA, foi palco para o lançamento do artigo “Implementação de política pública para o acesso aos testes genéticos na detecção de mutações em BRCA no SUS”, qual traz 17 recomendações para a implementação de uma política pública nacional para testagem de BRCA no SUS, incluindo os critérios de elegibilidade.

O material foi elaborado por um Conselho Consultivo formado por renomados especialistas no tema, entre eles Dra Maira Caleffi, Mastologista, Presidente Voluntária da FEMAMA e Chefe do Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento, e membros da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC).

Maira Caleffi comenta: “A testagem genética oferece informações valiosas sobre a predisposição individual ao desenvolvimento de câncer de mama e ovário, mas a falta de verticalização de uma política pública que possibilite a prevenção, aumenta os índices de mortalidade para essas doenças”.

Nesse contexto, a testagem genética – procedimento que analisa o material genético de um indivíduo em busca de variantes patogênicas associadas a doenças específicas – permite identificar indivíduos com maior predisposição de desenvolvimento desses tipos de câncer. A especialista ressalta: “O câncer é uma doença que tem cura e, quando identificado uma alteração genética hereditária de forma precoce, nos possibilita criar um plano de prevenção personalizada, adaptado às necessidades individuais de cada paciente, e garante que ele terá uma qualidade de vida melhor, e maiores chances de cura”.

Entenda os critérios de elegibilidade

Garantir o acesso ao exame genético, no SUS, é apenas uma parte da batalha. Outro desafio é definir quem está elegível para realizar a testagem genética entre as pacientes oncológicas e seus familiares. No entanto, nos 05 estados onde existem leis de testagem sancionadas, há uma grande variabilidade entre esses os critérios definidos, como idade, histórico familiar e diagnóstico prévio de câncer, dificultando a proposição de uma lei federal e implementação dessa ferramenta em nível nacional, o que é essencial à saúde pública.

O estabelecimento de critérios de elegibilidade complexos pode dificultar a compreensão do público em geral e prejudicar o recrutamento de pacientes, reduzindo a adesão à testagem genética. Por isso, é crucial encontrar um equilíbrio entre critérios rigorosos e acessibilidade para garantir que a testagem genética esteja amplamente disponível para todos aqueles que podem se beneficiar dela. Isso, por sua vez, contribuirá para uma abordagem mais eficaz na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama e ovário, fundamentais para aumentar a longevidade do paciente.
 

Entenda o cenário nacional

A testagem genética é uma ferramenta vital na detecção precoce e prevenção do câncer de mama e ovário. Entretanto, sua disponibilidade ainda é restrita em diversas regiões do Brasil, apenas 05 estados (Amazonas, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e o Distrito Federal) possuem legislação específica voltada para a detecção e manejo do câncer, porém, os critérios de elegibilidade variam consideravelmente entre eles, dificultando uma implementação uniforme dessa ferramenta essencial de saúde pública.

Apesar dos desafios, o estado de Goiás tem se destacado. O projeto Goiás Todo Rosa, lançado em 2023, é uma iniciativa pioneira no Brasil, com o objetivo de oferecer testagem genética de forma estruturada para a população. Implementado pelo governo estadual, o programa identifica precocemente indivíduos com predisposição hereditária ao câncer de mama e ovário, especialmente aqueles portadores de variantes nos genes BRCA1 e BRCA2. A concretização do projeto só foi possível devido ao comprometimento da Secretaria de Saúde de Goiás no estabelecimento de uma parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para a habilitação do Centro de Estudos em Genética Humana da UFG que atualmente realiza a testagem genética para as pacientes do estado.
 

Sobre a FEMAMA

A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama é uma organização sem fins econômicos que trabalha para reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama em todo o Brasil, lutando por mais acesso a diagnóstico e tratamento ágeis e adequados. Com foco em advocacy, a instituição busca influenciar a formação de políticas públicas para defender direitos de pacientes, ao lado de mais de 70 ONGs de apoio a pacientes associadas em todo o país.

Tatiana Bonumá/ Bruna Roberti

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