Smartphones colocam em risco saúde mental de crianças a partir dos 2 anos

Por Veja

Crianças de apenas dois anos que passam muito tempo em frente a smartphones, tablets e computadores já correm maior risco de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico Preventive Medicine Reports, uma hora por dia em frente a esses dispositivos já é o suficiente para afetar o comportamento das crianças, incluindo redução no autocontrole, na estabilidade emocional e na curiosidade.

No novo estudo, pesquisadores da Universidade de San Diego e da Universidade da Georgia, ambas nos Estados Unidos, analisaram dados de 40.000 crianças americanas com idade entre 2 e 17 anos. Elas participaram de uma pesquisa nacional de saúde realizada em 2016 que continha informações sobre dados médicos, questões emocionais, de desenvolvimento, comportamento e hábitos, como o uso diário de mídias digitais.

Os resultados mostraram que os adolescentes que passam mais de sete horas por dia em frente às telas eram duas vezes mais propensos a serem diagnosticados com ansiedade ou depressão do que aqueles que passavam uma hora por dia. O uso moderado de telas, correspondente a cerca de quatro horas por dia, também estava associado a uma redução no bem-estar psicológico do que o uso de uma hora por dia.

“Os adolescentes gastam mais tempo nos celulares e mídias sociais. Sabemos que essas atividades estão fortemente ligadas ao baixo bem-estar em comparação com assistir televisão e vídeos, que é a maior parte do tempo de tela de crianças mais novas”, disseram os autores.

Os pesquisadores concluíram também que 9% dos participantes com idade entre 11 e 13 anos que passavam uma hora por dia mexendo no celular tendiam a perder a curiosidade por aprender coisas novas. A taxa subiu para 22,6% entre os adolescentes que passam pelo menos sete horas por dia em frente às telas.

Entre os jovens de 14 a 17 anos, 42,2% dos participantes cujo tempo de tela excedia sete horas diárias não concluíam tarefas, como dever de casa ou atividades domésticas. Por outro lado, esse número caiu para 27,7% quando o uso era de quatro horas e 16,6% quando o tempo foi limitado a uma hora por dia.

Limite

Diante desses resultados, os autores alertam para a necessidade de limitar em duas horas por dia o uso de tablets, smartphones e computadores para todas as crianças e adolescentes em idade escolar. Estar conetado à internet por muito tempo interfere em comportamentos fundamentais para a vida em sociedade. Eles se tornam menos rebeldes (o que pode ser um fator importante para o desenvolvimento da personalidade), mais resignados, mais infelizes e menos preparados para a vida adulta.

“Metade dos problemas de saúde mental se desenvolve na adolescência. Assim, há uma necessidade aguda de identificar fatores passíveis de intervenção nessa população. A maneira como crianças e adolescentes passam seu tempo livre, por exemplo, está mais suscetível a mudanças”, afirmaram os autores.

Em crianças pequenas, o uso constante desses dispositivos pode afetar desenvolvimento do cérebro, que está mais suscetível a interferências externas.

Saúde física

De acordo com o National Institute of Health (NIH), nos Estados Unidos, os jovens geralmente gastam uma média de cinco a sete horas por dia no celular. Esse hábito aumenta o risco de sedentarismo, e consequentemente, a probabilidade de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes.

Para reduzir os riscos, a Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês) recomenda que os pais limitem o tempo de uso destes dispositivos para que as crianças possam aproveitar o tempo livre para praticar brincadeiras mais saudáveis.

Outros especialistas ainda aconselham que os adultos evitem utilizar os aparelhos perto das crianças e deem mais atenção a elas quando estiverem juntos. Isso porque as crianças agem de acordo com o que veem em casa. “Quando você está com seus filhos, é preciso desligar o telefone ou tablet e conversar com eles, se engajar, porque eles captam exatamente o que você está fazendo”, disse a cardiologista Tara Narula à CBS News.

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